quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Povoado de Misericórdia

Misericórdia nasceu à beira do rio Piancó (foto ao lado), a partir da chegada de um desbravador português, Antonio Vilela de Carvalho, que adquiriu junto à casa da torre, na Bahia, em 28 de julho de 1765, as terras que mais tarde deram origem ao município.

A ocupação definitiva das terras aconteceu anos depois com a chegada de Joaquim Fonseca (conhecido por Joaquim Carnaúba), João Madeiro, Padre Lourenço e Alexandre Gomes da Silva, que iniciaram a ocupação do lugar, começando pela construção de uma capela que consagraram a Nossa Senhora do Rosário (foto abaixo) e que contava apenas da parte que hoje é a capela mór.


A capela pertencia à paróquia de Pombal - PB. Alguns anos depois, a Capela passou a pertencer à paróquia de Piancó - PB e em torno dela começaram a surgir as primeiras moradias.

Nossa Senhora do Rosário
Nossa Senhora do Rosário
A vila era chamada Misericórdia, posto que a imagem de Nossa Senhora do Rosário que havia sido entronizada na Capela (foto ao lado) tinha vindo da Santa Casa de Misericórdia, em Lisboa, Portugal.

Criação da paróquia
A vila prosperou de tal modo que, no dia 02 de agosto de 1859, era lido na Assembléia Provincial da Parahyba do Norte o ofício do Bispo de Olinda, Dom João da Purificação Marques Perdigão, comunicando o seu assentimento em elevar a capela de Misericórdia ao termo de Matriz, o que deu ensejo ao presidente da província, Luiz Antonio da Silva Nunes, em sancionar, no dia 11 de julho de 1860, a lei nº 05, que criava a paróquia de Nossa Senhora da Conceição (foto abaixo) em Misericórdia. Àquela época, reinava como Sumo Pontífice o Santo Padre o Papa Pio IX.


Juntaram-se ao esforço da Igreja, tendo à frente o Padre Lourenço, pároco da Paróquia de Santo Antonio em Piancó, a dedicação do povo de Deus e as pessoas influentes da vila, a fim de conseguirem a criação da paróquia. Para se ter uma idéia, Cajazeiras, mesmo com a influência que tinha por ser a terra do Padre Rolim, ao ponto de ser vista como o centro da cultura paraibana naquela época, tornou-se paróquia apenas um ano antes de Itaporanga. Percebe-se, pois, que o Padre Lourenço tinha certa influência dada pelo povo naquela época, de modo a viabilizar tamanho acontecimento. Foi como que um reconhecimento do muito que ele fez.

Padroeira da paróquia
Como capela, tínhamos como padroeira Nossa Senhora do Rosário, que era a grande devoção naquela época à Santa Mãe de Deus. Em 1860, uma outra devoção a Nossa Senhora ganhava corpo: se espalhava por todo o mundo Católico o Dogma da Imaculada Conceição de Maria, proclamado em 1850 pelo Papa Pio IX.

Com a instalação da Paróquia, em 11 de julho de 1860, a devoção à Imaculada Conceição foi levada à Matriz, que passou a ser Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição.

A imagem da padroeira (foto abaixo) é detalhada com folhas de ouro e esculpida de madeira maciça.

Nossa Senhora da Assunção
Não se sabe ao certo a data de sua chegada, mas encontra-se embaixo do pedestal da imagem um escrito que data o tempo de sua criação e o nome do seu escultor: o pernambucano Manoel da Silva Amorim, fez esta no ano de 1859, diz a inscrição (foto abaixo). 

Nossa Senhora da Assunção
Por causa das festividades do Centenário de Instalação da Paróquia, no ano de 1960, a imagem foi substituída por outra. Tal substituição se deu no mês de Maio de 1960. No entanto a nova imagem não era a de Nossa Senhora da Conceição, mas sim de Nossa Senhora da Assunção (foto ao lado), esculpida em madeira por um português da cidade do Rio de Janeiro e foi doada pelo industrial, Francisco Teotônio Neto.

No dia 10 de agosto de 1984, o frei José Maria Verçosa Bezerra (foto abaixo - 1a) esclareceu a comunidade sobre o equívoco de anos atrás e, com permissão do então Bispo de Cajazeiras, Dom Zacarias Rolim de Moura (foto abaixo - 1b) e a concordância da comunidade paroquial, a antiga imagem voltou a ser colocada no altar.

Frei José Maria / Monsenhor José Maria
Dom Zacarias Rolim de Moura
O povo viu a verdadeira imagem de sua padroeira no lugar devido e aclamaram com uma vibrante salva de palmas e vivas espontâneos que saíram dos lábios de todos. A hora exata da mudança foi às 15h30mim.

A imagem de Nossa Senhora da Assunção permanece hoje na Igreja Nossa Senhora do Rosário.


Padre Lourenço tratou de negociar a demarcação de uma área para construção de uma capela dedicada a Virgem do Rosário. O local é o mesmo onde hoje se encontra a igreja e foi escolhido por Madeiro, que era muito religioso e desejava segundo se conta, ver a capela todos os dias, logo cedinho, da janela da casa que construiu e onde morava no alto onde foi construído dezenas de anos depois o Colégio Diocesano “Dom João da Mata”...

Escolhido o local para a capela, de imediato foi erguida uma cruz de madeira, sentado em uma base de pedra, simbolizando o poder divino. A pequena igreja logo foi construída, um pouco atrás e a maneira que os meses passavam novas famílias chegavam ao pequeno povoado, agrupando-se nas ruas periféricas à Capela do Rosário, tornando-se o lugarejo, em poucos anos, em vila bastante desenvolvida.

CONSTRUÇÃO DA NOVA MATRIZ


Corria o ano de 1874, passados 34 anos depois de operados as obras de construção da 1ª Matriz, quando se pensou em erigir o segundo templo nesta Paróquia. A frente deste empreendimento estava o Frei Antônio Honorato, que com grande esforço tomou para si a responsabilidade de iniciar esta obra. 

No ano seguinte, apresentou-se para continuar os trabalhos o Frei Herculano e, em 1876, Frei Herculano deu tamanho impulso a construção que deixou esta a altura de 40 palmos. Devido à seca que assolou as paisagens deste sertão, em 1877, os trabalhos foram paralisados pela inclemência do tempo, o vigário foi obrigado a se retirar desta cidade havendo por isso um atraso lamentável no bom andamento destes serviços.

Só então em 1918, o Padre Joaquim Ludjero Pereira Diniz, vigário da Paróquia, fez com que prosseguissem os serviços de construção, Frei Martinho que, com exigência e força de vontade quis que os trabalhos se projetassem dentro de uma nova planta que havia trazido da Alemanha. Executando a obra mediante sua orientação, tendo como mestre de obra o Sr. Sebastião Ferreira da Silva, homem entendido na arte e que já havia trabalhado anteriormente no Recife, sendo seu auxiliar o Sr. Luiz Leite Guimarães. Ainda sem torre, mas já feita a limpeza externa, lateral e interna, a nova Matriz foi benta pelo Bispo Diocesano D. Moisés Sizenando Coelho em 15 de Novembro de 1923.

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