segunda-feira, 9 de março de 2015

MONSENHOR MANOEL FLORENTINO FERREIRA GOMES DA SILVA


Descendentes de Alexandre Gomes da Silva, fundador de Misericórdia, atual cidade de Itaporanga, principal polo da região do Vale do Piancó, situada na Paraíba, o Monsenhor Manoel Gomes da Silva e o Doutor José Gomes da Silva, filhos de Horácio Gomes da Silva, netos de José Florentino Gomes Barreira (Cazuza) e Alexandrina da Silva Gomes (Dina), filha de Alexandre Gomes da Silva, o patriarca da família Jenipapo. Ambos iniciaram os seus estudos regulares no Seminário da Prainha, em Fortaleza, Ceará, tradicional estabelecimento de ensino religioso. 
O Monsenhor Gomes nasceu em 8 de agosto de 1893, na fazenda Minador, em Misericórdia, Estado da Paraíba, descendente direto de Horácio Gomes da Silva e de sua primeira esposa, Ana Felismina de Souza, Manuel Florentino Ferreira Gomes da Silva foi levado para estudar no Ceará por seu primo Araponga, filho de João Florentino. Padre Gomes já residia naquele Estado e posteriormente levou o seu irmão, o adolescente José Gomes da Silva. Foi assim que se abriu o mundo da educação, aos descendentes de Horácio Gomes da Silva (Paiô). Iniciando seus estudos no Seminário da Prainha, o Monsenhor Gomes permaneceu naquela conceituada instituição, até a sua ordenação sacerdotal, em 30 de novembro de 1916 (aos 23 anos de idade), pois desde cedo já despertava sua grande vocação religiosa. Era muito comum toda família nordestina querer um filho padre, pois esse fato representava prestígio e admiração. 
Logo após sua ordenação, o novo sacerdote iniciou, por pouco tempo, as atividades de seu ministério religioso, como vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Misericórdia, sendo também um dos mais importantes e destacados misericordienses, pertencentes à grande e tradicional família Jenipapo. Passou logo a exercer uma forte liderança em todo município, sendo consultado em tudo e por todos. 
Graças a sua formação intelectual, sua cultura e liderança, foi logo convocado pela Diocese de Cajazeiras para ser professor e diretor do famoso Colégio Diocesano Padre Rolim, onde permaneceu por muito
tempo, participando da formação cultural da juventude sertaneja. E o Colégio Diocesano Padre Rolim alcançou grande prestígio, o que era muito comum os sertanejos, principalmente os cajazeirense dizerem que “Cajazeiras ensinou a Paraíba ler”. 
Depois de absolvido, em 1922, no processo judicial antes relatado, o Padre Manoel Gomes da Silva, por recomendação de Dom Moisés Coelho, Bispo de Cajazeiras, ao Cônego Olímpio de Melo, foi transferido para o Rio de Janeiro, tendo de início assumido a Paróquia de Santa Cruz da Gávea. 
Anos depois assumiu a Paróquia de Santo Antônio dos Pobres, também na capital da República.  
Em 1932, o Monsenhor Manoel Gomes da Silva é designado pároco da Paróquia São Cristóvão, um dos mais tradicionais e importantes bairros do Rio de Janeiro, aonde permaneceu como Pároco, até a sua morte, em 19 de junho de 1960 . 
Várias outras funções sacerdotais foram exercidas pelo Monsenhor Gomes, como podem ser destacadas: em 1939, foi agraciado com o título de Camareira Secreto de SS, o Papa Pio XII e, em 1952 foi designado Prelado Doméstico de sua Santidade o Papa. 
Segundo uma alta autoridade eclesiástica do Rio de Janeiro, o Monsenhor Manoel Gomes da Silva era um dos sacerdotes brasileiros mais cotados para ser Cardeal da igreja católica. Há várias versões e explicações para justificar a não ocorrência desse fato. A mais considerada e aceita é de ele ter sido, injusta e equivocadamente, indiciado no Processo Político da Família Jenipapo, em 1920, de cuja família era um dos seus mais destacados membros, sendo sempre admirado e respeitado pelos seus conterrâneos e familiares, principalmente como um dedicado e sábio orientador espiritual. 
Prosseguindo na tarefa de educador no Rio de Janeiro lecionou também no Colégio Santa Cecília, e fundou o Colégio Paroquial D. Sebastião Leme, em Santa Cruz, também na capital federal, quando era vigário daquela paróquia. 
Mesmo distante, quando residia no Rio de Janeiro, o Monsenhor Gomes jamais esqueceu a terra natal e sua gente, chegando mesmo, sob sua inteira responsabilidade, a levar alguns de seus parentes para a capital da República, a fim de estudar e prepararem-se profissionalmente para a vida, como seu irmão Manuelito Gomes da Silva; seus sobrinhos Francisco Gomes da Silva, na época com 11 anos, Horácio Gomes Filho, com 9 anos e José Gomes Sobrinho, que freqüentou o Seminário, chegando muito perto de se ordenar padre. Também levou os primos Praxedes da Silva Pitanga e Abdias Souza e Silva, que se formaram em Direito no Rio de Janeiro, onde o último exerceu a profissão. O Dr. José Gomes da Silva, tendo iniciado os seus estudos de nível superior na famosa Escola de Medicina da Bahia, mudou­se para a capital federal e matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, graduando-se em Medicina e iniciando ali a sua profissão. 
De inteligência privilegiada, foi o Monsenhor Gomes um competente cultor da língua portuguesa e um dedicado estudioso de Filosofia e de Psicologia, tendo com seus estudos se destacado na área do campo científico brasileiro e até no exterior. O Monsenhor Gomes foi também professor de Dogma no Seminário do Rio de Janeiro. 
Colaborava com artigos em jornais e revistas, principalmente no Rio de Janeiro. Foi autor do livro intitulado A Vida da Santa Edviges, o qual teve grande repercussão no meio religioso. 
Graças ao seu talento e erudição, o Monsenor Gomes foi considerado um dos maiores oradores sacros do país. Seus sermões eram ouvidos pelos paroquianos com muita atenção, sempre emocionando os seus ouvintes. 
O Monsenhor Gomes teve uma vida intelectual muito intensa e mantinha estreito relacionamento com vários intelectuais da época, destacando-se entre eles os seus amigos: os escritores Austregésilo de Athaide, Alceu Amoroso Lima, o poeta Augusto Frederico Schmith, o jurista Sobral Pinto. O seu conterrâneo, escritor, jornalista e poeta Ascendino Leite, era um dos seus mais ligados amigos, sendo também seu orientador no meio jornalístico e literário. 
O Monsenhor Gomes, invulgar inteligência, tinha também sensibilidade e intuição. O autor, que residia em Barbacena, em Minas Gerais, onde estudava, algumas vezes passava suas férias na residência de seu primo, Desembargador Felinto Ayres Filho, em Belo Horizonte, e outras no Rio de Janeiro, na residência de seu colega Fernando Pacheco, em Copacabana, durante os quase quatro anos em que permaneceu em Minas Gerais. 
Em uma dessas suas férias no Rio resolveu visitar o Monsenhor Gomes, na Casa Paroquial, em São Cristóvão. Ao chegar, estava o Mons. Gomes em reunião no salão paroquial. Ao avistar o autor apontou o dedo em direção do visitante e disse, esse é da família Jenipapo e é dos Chaves! O interessante é que ele nunca tinha visto o autor deste livro. 
Diziam que Monsenhor era sensitivo, vidente. 
Os seus paroquianos tinham grande amizade, admiração - uma verdadeira devoção - pelo seu pastor, Monsenhor Gomes. Por isso foi homenageado por toda comunidade, inclusive do meio político, com a denominação de uma das principais ruas de São Cristóvão, com o nome do Monsenhor Manoel Gomes da Silva, após a sua morte, em 1960. 
A data do seu sepultamento 19 de junho de 1960, segundo o jornalista Ascendino Leite, pode ser considerado “o dia em que a cidade 
do Rio de Janeiro parou”. Parecia que todos os condutores de táxi daquela cidade acompanhavam, em seus veículos de trabalho, o cortejo fúnebre, pois não somente São Cristóvão é o padroeiro do motorista, mas pelo afeto e respeito que tinham pelo Monsenhor Gomes que, como vigário de uma das mais importantes paróquias da capital federal, teve muita influência e praticou boas ações na vida de todos. Era amigo, conselheiro e orientador espiritual de sua comunidade. 

Do livro Marcas de uma raça

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