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Onde esta situada a cidade e a sua localização.

Região Matropolitana do Vale do Piancó

Localização e cidades que compoem esta região sertaneja.

José Brunet Ramalho

Primeiro Prefeito de Misericórdia.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Legislatura de: 1951/55

Este meu registro histórico poderia referir-se a um passado mais distante, mas, pelos motivos retromencionados, ele começa da década de 1951, quando Itaporanga tinha o Dr. Praxedes da Silva Pitanga, como o seu Prefeito; o Sr. Sebastião Rodrigues de Oliveira, como Vice-prefeito e, como Vereadores, os Senhores: Severino Clementino de Carvalho (Presidente da Câmara), Luiz César Loureiro, José Pedro Cavalcanti, Adauto de Oliveira e Silva, José Vieira Barros, Severino Epaminondas de Sousa, Juvêncio Sérvulo de Sousa, Antônio Leite Cavalcanti e Antônio Bernardo Lopes. 

Em dezembro de 1954, o vereador Severino Clementino de Carvalho pediu "licença" do cargo, por seis meses, assumindo o seu lugar, o Suplente Manoel José de Sousa, conhecido por "Manoel Vigó". A Presidência da Câmara passou a ser exercida, pelo vereador José Pedro Cavalcanti. 

É pena não ter encontrado subsídios, para registro dos primeiros anos dessa legislatura, mas o pouco, que encontrei, deu para sentir a seriedade e o espírito público desses bravos cidadãos, que chegaram a discutir e votar projetos de relevante interesse para a Comunidade, tais como, empréstimo para estudo do abastecimento d'água, na Cidade; subvenção para a Escola de Comércio Euclides da Cunha e a aquisição de um Motor elétrico para a Vila de Serra Grande (Timbauba). 

Um fato curioso, nessa legislatura, me chamou à atenção. É que, em dezembro de 1954, o vereador Antônio Bernardo Lopes apresentou, durante sessão da Câmara, uma "moção de regozijo" pela eleição do Dr, Pitanga para a Câmara Federal. Nessa mesma ocasião, o Suplente, no exercício do cargo, Manoel José de Sousa, fiel escudeiro do Dr. Pitanga, apresentou, também, uma "moção de apoio" à Administração Municipal e de "irrestrita solidariedade política" ao Dr. Pitanga. Ao ser colocada, a "moção", para votação do plenário, os Vereadores Adauto Oliveira e Silva, José Vieira Barros e Antônio Leite Cavalcanti pediram a retirada da palavra "política". Isto nos leva a crer que os citados Vereadores não faziam parte do esquema político do Dr, Pitanga, que acabara de ser eleito Deputado Federal. Se votassem a moção, como fora apresentada, estariam se comprometendo e comprometendo, também, a coerência ideológica e a fidelidade partidária. Vejamos que, há cinqüenta anos, os homens públicos eram muito mais fiéis às suas ideologias políticas e partidárias do que muitos políticos da atualidade. 

Depois que o Dr. Praxedes da Silva Pitanga assumiu a Câmara dos Deputados, Itaporanga passou a ser governada, pelo Vice-prefeito, Sr. Sebastião Rodrigues de Oliveira, no segundo semestre de 1955. 

Demir Cabral

Símbolos Oficiais: O Escudo e a Bandeira

ESCUDO (BRASÃO) DO MUNICÍPIO:


Criado pela Lei nº. 11/73, nosso escudo é composto de uma faixa Azul, onde se vê escrito em letras Brancas a data de instalação do município, com uma estrela no centro, contornado pelas cores estaduais (Vermelho e Preto) e federais (Verde e Amarelo).  Ladeando o Escudo, ramos da produção agrícola do Município: Algodão e  Milho.


Arte: Fernando Veriato. Supervisão Rainerio
A bandeira oficial do Município de Itaporanga foi criada pela Lei n. 11/97, lei que instituiu os dois símbolos municipais (Bandeira e Escudo), já que o Hino foi criado no governo de João Franco da Costa pela Lei 25/84, tendo como autor da letra o poeta Vicente Cassimiro e música de Joaquim Geraldo Maciel.

Cores Municipais: Azul e Branco
Dimensões: Tem por base um retângulo com proporções de 7:10, dividido ao meio e nas core Azul e Branco, respectivamente
Símbolo: O Escudo Oficial do Município no centro Estrela Branca (representa a sede do Município)
Escudo: Representa a segurança da municipalidade e do povo, fortificados pelos poderes nacionais e estaduais representados nas cores do pavilhão nacional e estadual.

Inscrições: Ordem, União e Trabalho escrito em Vermelho vazado em fundo Branco.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

O itaporanguense do século

O ITAPORANGUENSE DO SÉCULO


        Nas páginas que se seguem você vai conhecer detalhadamente os itaporanguenses ilustres que os 10 notáveis da cidade, previamente selecionados pela comissão organizadora do evento, escolheram e que serão votados pelo povo de Itaporanga, por todo o mês de junho, utilizando-se urnas eletrônicas instaladas em pontos estratégicos da cidade.

        A idéia de formatar o concurso, a partir de promoção semelhante promovida pela Rede Globo de Televisão, que em nosso Estado elegeu o poeta Augusto dos Anjos como o "Paraibano do Século" chegou a Itaporanga através de André Villarim, Valterivan Freire e o radialista Souza Neto, e logo ganhou corpo e hoje é o principal assunto da cidade, despertando um interesse incomum entre os itaporanguenses que esperam ansiosos para votarem em um dos 11 nomes indicados.

        Esses nomes foram escolhidos por uma comissão a que se chamou de notáveis e que esteve integrada por Edmilson Fonseca (engenheiro, escritor e colaborador dos principais jornais de João Pessoa) João Bosco Gaspar (in-memoriam jornalista, gerente comercial de A União), Ulisses Pinto (médico, residente em Campina Grande), Paulo Soares (médico e escritor), Paulo Conserva (jornalista e escritor), Antônio Bandeira (jornalista e professor), Agapio Sertão (servidor público e líder político), Ary Rodrigues (médico, residente em Campina Grande), Tivinha e Detinha Silvino (professora universitária e funcionária pública, respectivamente) e Heleno Feitosa  (músico e construtor).

Apresentação

Os 11 nomes escolhidos e que a partir de agora serão submetidos a votação popular são:


        José Gomes da Silva (médico, prefeito, deputado federal e interventor federal na Paraíba), Praxedes da Silva Pitanga (prefeito, deputado estadual e deputado federal), José Soares Madruga (jornalista deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa , secretário de Estado e governador interino da Paraíba), José Ramalho Brunet (prefeito e revolucionário em 30 e 32), major Abdon Leite Guimarães (tabelião público), Luiz Guimarães (líder religioso e cidadão benemérito da cidade), Balduino Minervino de Carvalho (médico e deputado estadual), Irineu Rodrigues da Silva (tabelião e prefeito), Maria de Burrego (mulher do povo e parteira), Maria Salomé Pedrosa (mulher destemida que sempre enfrentou os poderosos do Vale e dedicou grande parte de sua vida aos mais carentes de Itaporanga) José Silvino da Fonseca - Zu Silvino (tabelião, poeta e escritor).

terça-feira, 29 de julho de 2014

José Gomes da Silva

José Gomes da Silva – Segundo Prefeito de Misericórdia (Itaporanga)- 1929 a 1933


Filho de Horácio Gomes da Silva e Maria Barreiro Gomes, membros de famílias tradicionais do Vale do Piancó, José Gomes da Silva nasceu no dia 06 de março de 1900, no sítio Minador nos arredores de Misericórdia. Fez o curso primário em sua terra natal, ingressando em seguida no seminário de Fortaleza, permanecendo por alguns anos na capital do Ceará.

De volta a Paraíba, estudou no Liceu Paraibano, onde concluiu o curso secundário. Aprovado no Vestibular de medicina da faculdade da Bahia estudou os primeiros anos do curso universitário em Salvador, transferindo-se logo depois para a Universidade do Rio de Janeiro, onde se diplomou em medicina em 1927, com apresentação de tese. Ainda no Rio de Janeiro, casou-se com a carioca e descendente de italianos, Judite Caruso, e em seguida voltou para a Paraíba, fixando residência em Itaporanga, onde passou a exercer a profissão, salvando vidas e curando os males que tanto afligiam seus conterrâneos e os sertanejos da vizinhança, já que ele foi o primeiro médico a se instalar na região.

A competência profissional e a maneira que tratava as pessoas que o procuravam, logo fizeram de Dr. Zé Gomes um profissional respeitável e uma das mais autenticas lideranças que o Vale do Piancó conheceu. Tanto assim que em 1929 era eleito prefeito de Itaporanga, iniciando ali uma longa trajetória política e administrativa que culminou com sua nomeação, pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, para ser o Interventor Federal da Paraíba, no ano de 1946. José Gomes foi prefeito de Itaporanga logo depois de Brunet Ramalho, seu inimigo político.

Coronel José Pereira
O Movimento da Aliança Liberal, que eclodiu com a morte do presidente João Pessoa, o encontrou a frente dos seus conterrâneos, todos de arma em punho, prontos para defenderem as suas vidas, a sua terra e a sua gente, e foi imbuído desse propósito que inimigos históricos uniram-se em torno de um objetivo comum, evitando que partidários do "Perrepismo", representados no sertão pelo coronel José Pereira de Lima, invadissem Misericórdia. Dispostos a tudo, fizeram recuar cerca de quatrocentos homens que chegaram aos arredores da cidade, mas tiveram que debandar, haja vista os obstáculos que tiveram que enfrentar. A resistência oferecida por José Gomes e seus comandados foi de vital importância para a vitória dos "Liberais" que o fato mereceu uma longa citação no livro "As Memórias" do paraibano José Américo de Almeida, comandante em chefe da Revolução de 30, na Paraíba.

Durante a sua gestão na Prefeitura, José Gomes criou escolas e ofereceu assistência médica e social eficientes a população, no que recebeu a pronta colaboração de Dona Judite, como sua esposa era carinhosamente chamada, pela maneira aberta e sem preconceitos com que tratava a todos. Deixando a chefia do Executivo Municipal foi eleito Deputado Federal, o que o levou, em 1934, a retornar ao Rio de Janeiro para exercer o seu novo mandato que durou até 1937, quando o Congresso Nacional foi fechado em conseqüência do Golpe de Estado do presidente Getúlio Vargas.

Sem mandato, mas profundamente ligado ao seu povo, José Gomes voltou a Itaporanga para novamente exercer a medicina. Em 1940, no entanto, atendendo a convite do Interventor Ruy Carneiro, passa a residir com a família em João Pessoa, sendo designado para o cargo de membro do Conselho Administrativo do Estado, onde permaneceu até 1945 quando, por designação do Interventor Odon Bezerra, assumiu a Secretaria de Agricultura, ocupando a pasta até o dia 21 de agosto de 1946. Nesta data tornou-se Interventor Federal da Paraíba, por decreto do Presidente Gaspar Dutra, permanecendo no cargo até 06 de março de 1947.

Apesar do pouco tempo em que esteve à frente dos destinos da Paraíba, José Gomes ampliou o Abrigo do Menor “Jesus de Nazaré”, reformou a rede de energia elétrica da capital, melhorou as linhas de bonde e instalou o Serviço Patológico de Anatomia e Verificação de Óbitos da Paraíba, entre outras obras”. Afastado do Governo do Estado, José Gomes voltou a morar no Rio de Janeiro, onde ocupou o cargo de presidente da Companhia Nacional de Alcalis. Três anos depois, em 1950, retorna outra vez a Paraíba, desta feita como Delegado Regional do IPASE. Antes de um ano, no entanto, volta em definitivo para o Rio de Janeiro e assume a chefia da Divisão Médica do Hospital dos Servidores, onde permaneceu até o ano de 1969, quando, por questões de saúde, se aposentou depois de prestar 38 anos de serviços a Nação Brasileira. 

Ele faleceu às 6h00 horas do dia 27 de setembro de 1970, no Rio de Janeiro, deixando viúva Dona Judite Gomes Caruso e órfãos os filhos Filotéia Gomes Ataíde, funcionária do Serviço de Censura e Diversões do Rio de Janeiro e CIélio Gomes, funcionário do IPASE em Brasília, ambos casados, e quatro netos.

Sobre o Dr. José Gomes da Silva é preciso que se diga que ele não foi apenas um chefe, um líder político. Era um verdadeiro ídolo para os seus conterrâneos, por uma série de razões, inclusive porque era o primeiro itaporanguense a exercer o oficio da medicina na sua cidade, colocando os seus conhecimentos a serviço dos que dele precisavam. Essa verdadeira veneração pode ser medida pelas festas que o povo de Itaporanga fazia quando ele fazia viagens mais longas e demoradas. Quando ele ia ou voltava, a cidade ficava em ebulição. Os homens e mulheres, a maioria seus compadres, vestiam as suas melhores roupas e ficavam em frente a sua casa, na hoje Praça Balduino Minervino de Carvalho. Na ida despediam-se acenando com lenços brancos, na volta todos ficavam perfilados, inclusive os alunos do grupo escolar e a banda de música, esperando o grande momento de sua chegada, para cantarem e aplaudirem o hino em seu louvor. Na ida como na volta grandes filas se formavam em torno de sua casa, pois todos queriam apertar a mão do ídolo, do chefe, compadre e irmão.

Hospital distrital de Itaporanga, tem o nome de Dr. José Gomes da Silva
José Gomes da Silva foi candidato a "O Itaporanguense do Século", obtendo 3,7% dos votos válidos, ou seja, 56 votos num universo de 1500 votantes. Ela hoje emresta o nome ao hospital distrital, gerido pelo Estado.


 Revista Itaporanga, janeiro de 2000 e Revista O Itaporanguense do Século , junho de 2001
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Se porventura, existir algum fato não condizente com a verdade, desculpem-nos, pois, poucas são as fontes de consulta. Os familiares dos ex-prefeitos que quiserem colaborar conosco, com fotos ou documentos; favor entrar em contato com: itaporanga150@gmail.com

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Porque Itaporanga se chama Itaporanga


 “A escada de subir [ao poder] aqui em Itaporanga, eu guardo dentro do meu muro. Só sobe por ela quem eu determinar”. (Praxedes da Silva Pitanga).

“Desde o Império, os municípios brasileiros eram verdadeiros feudos políticos sob domínio das autoridades locais. Com a implantação do regime republicano, esse poderio floresceu – o chamado coronelismo” (Lúcia de Fátima Guerra Ferreira).

Praxedes da Silva Pitanga nasceu na Vila de Misericórdia em dois de março de 1896. Filho de Maximiano de Sousa Conserva, ex-seminarista pernambucano que se instalara em Misericórdia, em matrimônio com a filha do Capitão da Guarda Nacional, João Severino da Silva, a senhora Porfíria Lovina da Silva Conserva. Pitanga era, portanto, filho de uma família tradicional de Misericórdia. Faleceu com mais de 95 anos de idade, em 1991, era advogado de profissão. Na vida política foi prefeito, deputado estadual e federal.

Quando prefeito de Misericórdia (atual Itaporanga), nomeado em 1937 por Argemiro de Figueiredo, com a redemocratização e o fim do Estado Novo, mudou o nome do município, que sempre se chamou Misericórdia para Itaporanga. Intelectual de profunda retórica justificava a mudança de nome do município em 1980 em entrevista a pesquisadores universitários, da seguinte forma.

“Essa questão de nome de lugar traduz em si certo esnobismo. Cada povo, cada grupo humano, cada indivíduo se situa dentro de uma mística, ou seja, de acordo com aquilo que supõe ser verdade. Desde de muito moço eu me insurjo contra aquilo que não é história, embora pareça sê-lo... minha terra não tinha razão para se chamar Misericórdia. Com efeito: os povoadores da região, talvez inspirados nos costumes do tempo, iam dando as feitorias que plantavam o nome do santo do dia, ou de um acontecimento notável. Dou exemplo com os nomes de Conceição (invocação de Nossa Senhora), São Paulo, São Boa ventura, Santa Maria, Santana, e assim por diante.

Nunca consegui saber o porque desse nome de Misericórdia. Bati os arquivos dos cartórios e da paróquia; ouvi várias pessoas mais velhas, e não encontrei motivos para tal nome”.


A historicidade do nome vem em decorrência da sua vida religiosa, Itaporanga surgiu, em 1863, como freguesia com o nome de Nossa Senhora da Conceição de Misericórdia, como nos mostra documentações da época. Porém, chamo a atenção para o mais significativo, o nome que viria – Itaporanga – de origem tupi-guarani que significa “Pedra Bonita”, também não possui em si historicidade, uma vez que os índios que habitavam a região do atual município não eram tupi, mas sim cariri, os tapuias. Talvez, o que soasse mal aos ouvidos de Pitanga fosse o nome Misericórdia, que deveria ser mudado a qual quer custo, como nos faz notar em outro trecho de sua entrevista, quando após levar uma primeira recusa do Conselho de Geografia e História, em João Pessoa, retorna em sua empreitada, obstinado que estava:

“Pouco tempo depois, indo eu, eventualmente, ao palácio do governo deparei-me ali com o professor José de Melo, e Dr. José Mariz, que estavam dando os último retoques no novo quadro administrativo referente aos municípios, povoações ou distritos do Estado, na conformidade de decreto recentemente baixado pelo governo federal, que autorizava modificação justificável e de âmbito racional, na toponímia dessas entidades, por decreto dos respectivos governos estaduais".

"Eu então lhes disse em forma de cavaco, em tom amistoso...É isto mesmo, vocês estão corrigindo os nomes errados vários de municípios. Só não corrigem o de Misericórdia. Nome agourento, e interjeição de dor...”

O nome Misericórdia, talvez soasse mal aos ouvidos de Pitanga, não por ser algo agourento ou interjeição de dor, mas, de acordo com a tradição local, por ser muitas vezes motivo de chacota de outras localidades – como poderia se chamar Misericórdia um lugar com a fama de cidade violenta. E realmente, em períodos passados, era muito comum a luta entre as oligarquias locais, refregas familiares que presenciaram muito derramamento de sangue. O próprio Praxedes Pitanga vivenciou isto em sua história pessoal quando criança, com os episódios entre seu avô materno, João Severino da Silva e o deputado Antônio Tomaz de Aquino.

No Brasil, na década de 1930 a 40, como nos fala Pitanga, ocorreram várias mudanças de nomenclatura de municípios, no Nordeste houve uma febre de nomes tupi-guarani nas localidades e Pitanga propôs para Misericórdia o nome de Itaporanga, como ele nos fala:

“Eu então lembrei – Itaporanga para substituir Misericórdia. E justificando a mudança adiantei: existe bem próximo à cidade um majestoso serrote. Em tupi-guarani, Itaporanga significa Pedra Bonita. Como se vê em tal caso, que aquele símbolo pétreo plantado pela natureza bem se prestaria para dar nome à cidade; e por extencividade, ao município”. 

Se antes o nome Misericórdia não era considerado histórico por Pitanga, “por ser dado a santa do dia”, como dissera antes, agora lhe dava a pedra do dia, caracterizando-se mais pelo aspecto geográfico do que o histórico. Na verdade era uma questão pessoal do próprio Pitanga a mudança de nome. Seu poder de influência, não só a nível local, em Misericórdia, mas a nível estadual é bem descrito num momento em que ele descobre que o nome de Itaporanga já existia em uma localidade paraibana:

Município de Alcantil, antes Itaporanga
“Nessa altura, observou o professor José de Melo: Itaporanga já está posto num povoado de Cabaceiras, quase montado num penhasco. Sugira, pois, um nome para substituir o de Itaporanga já colocado no dito povoado. Eu então, num jacto, disse: Alcantil. Pronto! Todos gostaram da substituição, que veio libertar o nome de Itaporanga, para a mudança de Misericórdia”.

Não podemos dizer que esta última afirmação seja fidedigna de verdade. Será que todos realmente gostaram? Será que o pessoal do povoado próximo a Cabaceiras não reagiu? E por último, será que foi tal simples assim o processo de convencimento pela mudança de nome, como nos narra Pitanga? A verdade é que realmente, ainda nos dias atuais existe esta localidade próxima a Cabaceiras com o nome de Alcantil. O nome Itaporanga não pegaria num primeiro instante, como a maioria dos nomes impostos. Principalmente a facção oposta a Pitanga, liderada pelo seu primo, o médico e ex-aliado José Gomes da Silva, que era o prefeito de Misericórdia naquele período. Pitanga utilizou então de sua astúcia política, como nos narra:

“Procurando eu eliminar essa recusa que ele determinara aos seus amigos, usei de vários meios de propaganda, visando o novo nome vir a agradar todo o povo; e assim ‘pegasse’ o mais depressa possível. Mandei escreve-lo em todas as pedras marginais aos caminhos públicos; fazia reuniões com a garotada, com um saquinho de bombons às mãos, e perguntava; qual é a palavra do dia? Aquele menino que dissesse primeiro, - Itaporanga – ganharia os bombons.”.

Percebe-se aqui uma característica muito forte nas atitudes coronelísticas após 1930, era o uso de artimanhas e barganhas, quase sempre clientelísticas a fim de favorecer interesses próprios ou da localidade. O poder de influência de Pitanga junto aos seus comandados é muito bem explicado por ele em um fato que já faz parte, não só da tradição, como do folclore local:

“Convoquei os correligionários mais influentes, e lhes comuniquei: nossos adversários estão espalhando que os meus próprios amigos não estão querendo o novo nome. Portanto, quando se referirem à cidade, ou ao município, não digam Misericórdia.

Entre os correligionários convocados, figurava um muito ignorante; porém, muito mais que isto, lealdoso e obediente. Certa vez foi ele confessar-se, o padre iniciando a confissão mandou que rezasse a “Salve Rainha”, e começou confidente “salve rainha, mãe de Itaporanga”. O confessor surpreendido, reclamou: que heresia é esta meu filho! Diga salve rainha, mãe de Misericórdia. O confidente se explicou: Sr. Vigário, eu só digo Itaporanga; Dr. Pitanga não quer que se diga Misericórdia...(sic)”.

O nome de Misericórdia viria a ser substituído em 1938, pelo decreto-lei estadual nº. 1.164, de 15 de novembro, é quando pela primeira vez, em documento oficial se lê Itaporanga, ao invés de Misericórdia. Porém, cinco anos depois, em 1943, por conta de outro decreto-lei de nº. 520, voltaria a chamar-se Misericórdia, frustrando todas as estratégias de Pitanga para que o nome pegasse, favorecendo o grupo rival de José Gomes, contrário a mudança. Mas, quem levaria a melhor nesta queda de braço, pela comprovação de poder local seria Praxedes Pitanga. Em 7 de janeiro de 1948, por outro decreto estadual o de nº. 318 Misericórdia voltou definitivamente a chamar-se Itaporanga. Nome que permanece até os dias atuais. Após quase 11 anos, quando o município havia mudado de nome três vezes.

Sobre a última e definitiva mudança vozes se levantaram contrárias até a nível estadual, entre as quais a de Apolônio Nóbrega do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, que dizia na época:

“Misericórdia, velha e brilhante cidade do alto sertão, rica nas tradições de bravura e de civismo paraibano, fundada em 1865, voltou a ter a infeliz denominação de Itaporanga(...) É preciso convir que estas denominações indígenas são muito bonitas e oportunas para os ilustres componentes do Instituto Histórico do Rio de Janeiro(...) Amigo de nomes tradicionais, nunca pude aplaudir o IBGE, no sacrifício operado em 1944 na nomenclatura municipal do país(...) Por este motivo o Zé povinho paraibano vive implorando ‘Misericórdia’ para Itaporanga....”

E foi assim que esta cidade significativa e apaixonante do sertão paraibano, que agora recebe este periódico passou a chamar-se Itaporanga.

Lourival Inácio

domingo, 27 de julho de 2014

Casa Adauto Antônio Araújo

Nos termos atuais, com as prerrogativas, os direitos e obrigações, a Câmara Municipal de Itaporanga começou a existir em 1947, com a redemocratização do país e a realização de eleições em todos os níveis. Anteriormente, inclusive na época do Império, existia um Conselho Municipal que era muito mais honorífico do que político, com atribuições fiscalizadoras. Os conselheiros recebiam o título das autoridades da Província como reconhecimento por algum serviço prestado.

Um incêndio acontecido na década em 60, nos arquivos do prédio da Prefeitura Municipal, onde funcionava também o Fórum e a Câmara, destruiu documentos importantes e levou consigo grande parte da memória e da história de Itaporanga. 

Adauto Araújo

Adauto Antônio de Araújo, o homem que emprestou o seu nome a Câmara Municipal de Itaporanga, nasceu no dia 03 de maio de 1901, no sitio Serra Branca município de Misericórdia, filho de Antônio Araújo da Fonseca e Maria Araújo da Fonseca. Homem de pouco estudos, casou em 1920 com Alexandria Bernardino, de cujo matrimonio nasceram seis filhos, entre eles a professora Laura Araújo (Tia Laura), que mais tarde tornou-se uma das precursoras da educação no município, cuja atividade perdurou até a primeira d´cada do século XXI. Ele dedicou a sua vida a pecuária e a agricultura, destacando-se também na comercialização de rapadura, mel, algodão, leite e gado de corte.

O agropecuarista viu e ajudou Itaporanga crescer, chegando ao polo regional que é hoje. Participou ativamente de sua vida social, religiosa e econômica. Foi Vereador de 1954 a 1958, numa época em que os edis não eram remunerados, e que. Por isso, somente uns poucos homens de boa índole e respeitáveis chegavam ao cargo. E essa oportunidade foi dada a ele. Se as atividades fizeram de Adauto Araújo um homem respeitável, a política fê-lo ilustre pelas suas determinações e posições definidas. Em 31 de janeiro de 1960. Um acidente automobilístico nas proximidades do antigo prédio da Assembléia Legislativa, na praça Aristides Lobo, em João Pessoa, o levou do convívio dos amigos e familiares. Pela contrição que ofereceu a vida itaporanguense. Adauto Araújo é hoje o nome da Casa que abriga o Poder Legislativo da cidade.

Hoje, a Casa de "Adauto Araújo" é integrada por 11 membros, sob a presidência do vereador Jackilino Porcino da Silva do PMDB e integrada pelos vereadores ...

Jornal Oficial do Município

O Jornal Oficial do Município de Itaporanga (JOM), periódico mensal, foi criado pela Lei Municipal nº 385/95, Aprovada pela Câmara Municipal no dia 14 de junho 1995 e sancionada pelo Prefeito José Silvino Sobrinho em 20 de junho de 1995; conforme original a seguir:



A distribuição do Jornal foi regulamentada por uma Lei do então Vereador Herculano Pereira, mas nunca foi cumprida como manda a determinação.

Lei do Hino

Foi na administração do Prefeito João Franco da Costa, que instituiu pela Lei nº 25/84 a letra e música do Hino de Itaporanga, com Letra do poeta e escritor Vicente Cassiimiro e Música de Moacir Geraldo Maciel.



Ouça e baixe o Hino: hino.mp3

O Decreto nº 22

O Decreto da Assembléa Legislativa que elevou Misericórdia a categoria de Villa, nos desmembrando da freguesia de Santo Antonio do Piancó:


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Veja o que diz o documento:

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sábado, 26 de julho de 2014

José Brunet Ramalolho

Desde sua emancipação da vizinha cidade de Piancó, em 03 de dezembro de 1863, que a cidade de itaporanga passou a ser administra por um “Juiz de Paz”, passou-se então 67 anos para que o primeiro prefeito governasse a cidade. Seu nome era:

José Ramalho Brunet – Primeiro Prefeito de Misericórdia (Itaporanga) - 1921 a 1929 


Brunet Ramalho nasceu no Sítio Catolé, município de Misericórdia, no dia 23 de outubro de 1883, filho de Napoleão Carlos Brunet e Maria Ramalho Leite Brunet. Seu pai era descendente direto do cientista francês Louis Jacques Brunet, que andou pelo Brasil, no século passado, fazendo filhos e estudando a nossa flora e fauna, o que lhe deu fama internacional. Ainda criança, Brunet, com a família, mudou-se para a cidade de Pombal, onde estudou as primeiras letras, fez o primário, tornou-se adulto e se interessou pela política. No final da década de 10, ainda em Pombal, foi convocado pelos Nitão, seus parentes afins, para assumir o comando político da família em Misericórdia, já que os seus principais membros estavam em luta com o pessoal do Jenipapo e não tinham tempo para se dedicar às atividades partidárias. Ele atendeu prontamente o convite e, pouco tempo depois, já era reconhecido e admirado pela população de Misericórdia que, em 1921 o elegeu prefeito do município, à época um dos maiores do Estado, com diversas vilas e povoados.

Brunet, um dos prefeitos mais jovens de Itaporanga, foi um homem de visão e muito operoso para os padrões da época, quando os administradores dispunham de poucos recursos financeiros para a manutenção da máquina oficial. Administrou Itaporanga de 1921 a 1929. Neste período, importou da Alemanha um potente motor para o fornecimento de energia elétrica para a iluminação pública e residencial da cidade. O equipamento foi instalado por Ítalo, um mecânico Italiano, especialmente contratado pelo prefeito. Esse motor funcionou, com algumas interrupções, até o início dos anos 60, quando no governo de Dr. Paizinho a cidade passou a ser servida por energia fornecida pela hidrelétrica de Coremas. Ainda hoje a volante deste motor se encontra na Praça Frei Martinho, por trás da igreja matriz de Nossa senhora da Conceição.


Urna história trágica, segundo Décio Mangueira, envolve o transporte do motor entre o Porto de Cabedelo, via Campina Grande, até Misericórdia. Naquela ocasião o Vale do Piancó vivia momentos de apreensão e medo. Fazia poucos dias que a Coluna Prestes havia passado por lá deixando um saldo de 26 mortos. Certa manhã, a população de Piancó foi surpreendida com a presença de urna enorme máquina, transportada em toras de madeira puxadas por burros. Pensando tratar-se de urna arma de guerra atiraram contra os tangedores dos animais, terminando por matar o chefe deles. Depois tudo foi esclarecido, mas o que tinha sido feito estava feito e nada mais se podia fazer. Só esquecer e deixar o dito pelo não dito. E assim aconteceu.

Amante das artes, José Ramalho Brunet criou a primeira banda de música da cidade, cuja regência foi entregue ao maestro Batista Siqueira, natural do município de Conceição. Foi também responsável pela vinda de duas professoras para a cidade, dona Elvira e dona Zuleima, que alfabetizaram centenas de crianças e jovens itaporanguense. Criou o Conselho Municipal, que se reunia periodicamente para discutir os problemas da cidade, e construiu o Mercado Público, cujo local deu origem, anos depois, à sede da Prefeitura Municipal, onde funciona até hoje.

Preocupado com o urbanismo da cidade, estimulou os donos de imóveis a modernizarem suas residências, melhorando os aspectos das fachadas e construindo calçadas para maior conforto dos transeuntes.

José Brunet Ramalho, foi o primeiro prefeito de Itaporanga, eleito em eleição direta e pelo voto nominal (voto cantado), onde o eleitor dizia aos mesários o nome do seu candidato. Quando terminou o seu mandato, tentou a reeleição. Venceu duas eleições seguidas, mas os resultados não foram reconhecidos. No terceiro pleito houve muita confusão, tiroteio e, ao final, o eleito foi o médico José Gomes da Silva. Desgostoso, seguiu para Princesa Isabel. Foi se junta às tropas do seu amigo, o coronel José Pereira de Lima que lutava contra as tropas do governo estadual. Naquela ocasião, sofreu na pele a derrota das tropas Perrepistas. Resolveu então viajar para São Paulo e unir-se ao movimento que se formava contra Getulio Vargas, o chefe dos seus inimigos políticos e pessoais na Paraíba. O ano era 1932. Desde que chegara a São Paulo, Brunet unira-se aos revolucionários, primeiro participando das reuniões políticas e depois do movimento armado. De arma em punho, nas trincheiras da luta, viu muita gente morrer, milhares de pessoas ficarem feridas.

Ele acreditou sempre que todo aquele sacrifício valeria a pena. O ano ainda era 1932. E no dia 10 de maio, todo o seu sonho de vitória havia caído por terna. As tropas paulistas não suportaram a superioridade e a capacidade bélica das tropas de Getulio e se renderam. E, naquele dia, o seu coração também não suportou mais urna derrota, mais urna humilhação e explodiu vítima de um ataque fulminante. Naquele momento, Misericórdia perdia um dos seus filhos mais ilustres, que deixou viúva Julia Leite Brunet e na orfandade Napoleão, Francisco, Carlos, Joãozito, Ivo, Eunice, Lucrécia, Carmelita e Clemilda.

Brunet Ramalho foi um dos candidatos a "O Itaporanguense do Século", mas obteve apenas 24 votos num universo de 1509 eleitores, sendo que deste total 09 votaram em branco ou tiveram seus votos anulados. Brunet obteve o penúltimo lugar, dentre os onze candidatos. A Vencedora foi Mãe Burrego, que obteve 583 votos, ou seja, 38,9% dos votos válidos.



Brunet até os dias atais, foi o único a ocupar duas vezes consecutivas o cargo de prefeito eleito, administrando a nossa cidade por quase uma década, seu governo foi de 1921 a 1929.

 Com a Revista Itaporanga, janeiro de 2000 e Revista O Itaporanguense do Século , junho de 2001
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Se porventura, existir algum fato não condizente com a verdade, desculpem-nos, pois, poucas são as fontes de consulta. Os familiares dos ex-prefeitos que quiserem colaborar conosco, com fotos ou documentos; favor entrar em contato com: itaporanga150@gmail.com

Politia e Politcos


A vide política em Itaporanga, desde os seus primórdios, sempre foi agitada, com facções bem definidas, lideradas por políticos carismáticos e de grande apelo popular. Foi o médico José Gomes da Silva a primeira grande personalidade da política da cidade, confrontando-se a época com o advogado Praxedes da Silva Pitanga, um jurista irreverente, de muitos fatos, de muitos casos e de muitas estórias. José Gomes foi também o primeiro itaporanguense, quando a cidade ainda era Misericórdia, a ocupar o Governo da Paraíba, na qualidade de interventor federal. Afastado da política, o seu espaço foi ocupado por outro médico, o Dr. Balduíno Minervino de Carvalho, também opositor de Pitanga

A presença de médicos na política de Itaporanga sempre foi uma constante. A Prefeitura. por exemplo, num passado não muito distante, foi ocupada pelos doutores Francisco Clementino de Carvalho e Adailton Teodulo, que realizaram boas administrações, sendo que o primeiro é o responsável pela melhoria da qualidade de vida dos habitantes da cidade, no inicio da década de 60, com a implantação dos serviços de abastecimento d'água e saneamento básico, e a eletrificação urbana da sede do município, com energia fornecida pela hidroelétritica de Coremas. O segundo conseguiu com o governador João Agripino Filho a abertura e funcionamento do Hospital Distrital "José Gomes da Silva", beneficio que a população de Itaporanga esperava há mais de vinte anos. 

Depois de José Gomes, Praxedes Pitanga e Balduíno de Carvalho, que foi deputado estadual por seis Legislaturas, o político itaporanguense de maior expressão e prestigio estadual foi o jornalista José Soares Madruga deputado, secretário de Estado, presidente da Assembleia Legislativa, cargo que o levou a assumir o cargo de Governador. Foi ele o principal responsável pelo grau de desenvolvimento que Itaporanga ostenta na atualidade, abrigando na cidade os principais órgãos regionais do Governo do Estado. Hoje, a política de Itaporanga tem no deputado Djaci Brasileiro a sua estrela maior, levando-se em consideração a sua densidade eleitoral no município e a liderança que exerce em todo o Vale, estendendo-se de Piancó a Conceição.

A galeria dos Prefeitos, inaugurada no salão de entrada  da Prefeitura Municipal de Itaporanga, representa uma significativa homenagem da prefeita Kátia Pinto Brasileiro àqueles que dirigiram os destinos do município nos últimos oitenta anos. A galeria não mais existe na prefeitura, desde o governo Porcino.
Apesar de ter conquistado a sua emancipação política em 1863, Misericórdia continuou dependendo administrativamente dos poderosos de Piancó, que manobravam com toda a vida do novo município, tanto que somente no final da década de 19, com a eleição de Álvaro Alvim da Silva para o comando administrativo da cidade é que os naturais de Itaporanga assumiam efetivamente o poder, o que foi reforçado pela chegada de José Brunet Ramalho a chefia do Executivo, em 1921. A partir daí e até o final da ditadura de Vargas, o município foi governado por José Gomes da Silva, Sebastião Gomes da Silva, Praxedes da Silva Pitanga.,Irineu Rodrigues da Silva, Antonio Vital Gomes e Marcolino (Sínhozinho) Farias e Hormisda Teodulo da Silva.

Após a redemocratização do Brasil, na década de 40, passaram pela Prefeitura de Itaporanga vários políticos de larga visão administrativa, como José Barros Sobrinho, Praxedes Pitanga, Sebastião Rodrigues, Abraão  Diniz,  Francisco Clementino de Carvalho  (Dr. Paizinho),  Sinval Mendonça,  Adailton Teodulo,  Sival Pinto, Marleno Barros, Moacir Pinto, João Franco da Costa, Murilo Bernardo, Will Rodrigues, José Silvrno Sobronho, Kátia Lúcia Fonseca, a primeira mulher a administrar a cidade, Antonio Porcino Sobrinho, Djaci Farias Brasileiro e Audiberg Alves de Carvalho (até 2016). Cada um dos nossos interventores, prefeitos eleitos e líderes maiores, ao longo dos anos realizaram obras fundamentais para o progresso do município. 

Revista Itaporanga, Janeiro de 2000

sexta-feira, 25 de julho de 2014

PORQUE ITAPORANGA

PORQUE ITAPORANGA
Jesus Fonseca

Este artigo eu escrevi tempos atrás fazendo um adendo à matéria, “Porque o nome Itaporanga”, de um nosso grande historiador, conterrâneo Lourival Inácio Filho.

Parabéns ao historiador Lourival Inácio Filho que, demonstrando bastante conhecimentos sobre nossa querida Itaporanga, soube, com sapiência, narrar a razão da passagem do nome de Misericórdia para Itaporanga. Realmente, os fatos aconteceram como foram, pelo historiador, expostos . No entanto, pequenos detalhes, por sinal, bastante interessantes, talvez por se tratarem, digamos assim, de assunto caseiro, deixaram de fazer parte da crônica do ilustre escriba.

Ábdon Leite da Costa Guimarães, Major da Guarda Nacional, homem culto e estudioso, conhecedor do Latim e do Francês, o que de certa forma dava a ele um determinado destaque naqueles rincões sertanejos, era possuidor do único cartório da cidade, (cartório este que, em razão de sua aposentadoria, anos mais tarde, fora desmembrado em três, passados, um para Hormisdas Teódulo que por sua vez, também ao se aposentar, transferira para Maria Ivete da Fonseca Pinto, um segundo para Irineu Rodrigues da Silva, tendo como proprietário atual, Irineu Rodrigues Júnior e um terceiro para José Barros Sobrinho, cuja propriedade, hoje em dia, é de Beto Barros) e, justamente, em função deste “status” tinha por costume receber em sua casa juiz, promotor público, rábulas e professores, entre eles, professor Pedro Neves, um dos precursores do ensino em nossa cidade, para bate-papo nos fins de tarde, onde eram debatidos assuntos diversos que giravam, principalmente em torno da política do Estado.

Um jovem estudante, muito admirado pelo Major Ábdon por sua inteligência, de quem recebia muitos incentivos, inclusive, cognominado por ele de futuro bacharel de Misericórdia, se fazia presente àquelas cavaqueiras, (roda de conversas amigáveis, termo muito usado na época) em razão do alto teor da palestra. Era o moço Praxedes Conserva da Silva que, já, nestas ocasiões, demonstrava seu repúdio pelo nome Misericódia, taxando-o como atraso para uma cidade. Misericórdia de que? Expressava-se com ênfase, misericórdia de nossa inexpressiva pequenez?

Quero, aqui, frisar que naqueles tempos, alguns jovens entusiasmados com ilustres personagens da época ou, ainda, admiradores da natureza, costumavam acrescentar, aos seus nomes, sobrenomes daqueles que eram alvos de sua admiração. Assim, como citação, vamos encontrar um Abdias de Sousa, jovem inteligente da Sociedade Misericordiense, juntando ao seu nome, Rosa e Silva, em homenagem ao político e escritor da época. Ao acadêmico Praxedes, também não faltou esta inspiração pela mãe natureza.

A pitangueira é muito rica em gêneros e espécies da flora brasileira, desconhecida completamente, na época, naquelas paragens, fazendo parte das dicotiledôneas, tendo como fruto a pitanga. Porém, menos do que a homenagem ao pequeno mas, opulento fruto, o vaidoso mancebo optou pelo nome PITANGA por se tratar de um termo que no tupi entra na formação de várias palavras dando a ideia do eterno menino. Segundo, palavras de Major Ábdon, o agora Praxedes Conserva da Silva Pitanga costumava dizer: “Minha matéria poderá envelhecer, minha essência, jamais”.

Assim, chegamos aos idos de 30. Aquele jovem vaidoso, continuava o sendo, já se fazia presente na política local. Sua ojeriza pelo nome Misericórdia sempre o acompanhou. É bem verdade, como cita o historiador Lourival Inácio, em sua crônica neste SITE – PORQUE O NOME ITAPORANGA, os amigos políticos de Pitanga gostavam de fazer desfrute pela alcunha do município – “eles têm misericórdia dos que matam!” – Aquelas brincadeiras deixavam o seu íntimo muito magoado.

Horácio, grande escritor latino, dizia: Ab ovo usque ad mala, isto é, Desde o ovo até às maçãs. Com efeito, o dia das “maçãs” para Pitanga era chegado. Através do decreto-lei 1164, legislado na Câmara Estadual da Paraíba, datado de 15 de novembro de 1938, Pitanga foge de Misericórdia para entrar glorioso em Itaporanga. Entretanto, pão de pobre parece que não é assado em forno quente! E Praxedes Pitanga, 5 anos após, era pobre, politicamente, naqueles idos de 1943. Seu adversário e parente, o médico Dr. José Gomes da Silva, que tinha como correligionário, na ocasião, um jovem doutorando em medicina, vindo de Piancó, mais precisamente, do distrito de Olho D’água, Balduino Minervino de Carvalho, conseguiu anular o DC-1164, com outro, o de número 520, tirando Pitanga de Itaporanga e o colocando novamente em Misericórdia.

Dr. José Gomes da Silva, eleito Deputado Federal pela vontade do povo, nas urnas, com o voto da população, na ocasião era pródigo em prestígio, esbanjava-se de poderes políticos, inclusive, já fora nomeado Interventor da Paraíba, no impedimento do governador do Estado. Mas, a ciranda política é uma verdadeira roda-gigante, hora uma cadeira está em cima, outra, em baixo. Em 1949 com a pujança da União Democrata Nacional, a UDN, desfraldando sua bandeira vitoriosa, no País com a eleição vitoriosa 4 anos atrás, do General Eurico Gaspar Dutra para Presidente da República, e na Paraíba, com Osvaldo Trigueiro, para Governador, a cadeira de Pitanga, na roda-gigante misericordiense, era a mais alta. E lá de cima, ele, glorioso, sopra Misericórdia aos ventos, tira Itaporanga do seu coração e a coloca no lugar de onde havia sido extirpada.

Porque Pitanga venerava tanto o termo Itaporanga? Seria pelo belo significado em tupi, Lindo Rochedo, Pedra Bonita? Inquirido, certa vez e por muitas outras, conhecedor de Praxedes da Silva Pitanga, a quem recebera e aconselhara, muitas vezes, em sua casa, Major Ábdon costumava nos responder, pondo a verdade à tona: “Eu conheço por demais, Pitanga! Ele, sempre foi muito vaidoso, até na formação do seu nome extra. A escolha de Itaporanga, surgiu, porque este termo contem as letras da palavra Pitanga. Eu não sei, por que, inteligente como o é, não tenha criado o refrão que eu acho mais preciso – Ora Pitanga por Misericórdia, pois juntando e fazendo alguma transposição nos fonemas das duas primeiras palavras da oração, iremos Ter – Itaporanga por Misericórdia”. Realmente, observe o vocábulo ITAP(ORA)NGA, transpondo a letra P para o início da Palavra e fazendo uma síncope do termo ORA iremos ter aquela pequena oração. Ábdon leite, realmente era muito perspicaz. Ele conseguiu ver muito mais, no termo ITAPORANGA, que o próprio Pitanga que, certa vez, sabedor do trocadilho silábico, sorriu e disse: “Realmente, o Major não só é um homem inteligente e culto como merece todo nosso respeito, apreço e admiração, é um meu grande amigo e foi, outrora, meu conselheiro, apesar da diferença de nossas idades”. Na verdade, o Major Ábdon Leite era mais velho que Praxedes Pitanga, 26 anos, nascera em 1870.

De um fato na escrita do historiador Lourival Inácio, eu não tinha conhecimento. A barganha com os doces para quem chamasse Itaporanga ao invés de Misericórdia. A história da Salve-Rainha eu conheço de outro modo e, novamente, volto a ressaltar que talvez não seja do conhecimento do nosso escriba, por se tratar, como já relatei, lá pelo começo desta matéria, de estórias mais íntimas de nossa cidade.

Sula, um filho de Misericórdia, casado com a irmã de Pitanga, Teódula de quem nasceu o, hoje, Dr José Benjamim da Silva, carinhosamente conhecido por todos nós como Zelito, era muito amigo e seguidor político, claro, de seu ilustre cunhado. A oração, que os devotos a Nossa Senhora conhecem, é: – Salve Rainha, mãe de Misericórdia, vida doçura, Esperança nossa, salve……etc.

Ora, os seguidores políticos de Dr. José Gomes da Silva, logo, puseram suas mentes imaginativas em ação – Salve Rainha mãe de Itaporanga, a vida de Sula é venerar Pitanga. Há ainda outras loas, de adversários políticos de Praxedes Pitanga, porem, eu me eximo expô-las, pois em suas interpretações poderá haver o deslumbre de sentimentos preconceituosos.

Outro fato interessante, e merece menção, é que, apesar do nome oficial, nos registros em cartório, nas placas de automóvel, Misericórdia, ainda teimava na boca do povo até fins da década de 60 e começo da, de 70. Em meados desta década, talvez, em virtude da geração nascida e registrada em Itaporanga é que o nome começou a ganhar a preferência da população mais jovem. Com efeito, atravessamos então os anos oitenta já com o grosso da população, desconhecendo completamente Misericórdia. Hoje em dia, há, ainda, muita gente na faixa dos setenta que, na maioria das vezes, prefere Misericórdia a Itaporanga. Muitos de minha geração acharam, por bastante tempo, esquisita a nova denominação. Algo no cérebro, quando nos referíamos a nosso torrão natal, rejeitava o epíteto ITAPORANGA. Eu me lembro, muito criança ainda, ter perguntado a minha mãe: – ‘Mãe por que Misericórdia num tem carro?’

- ‘Mas, Misericórdia tem carro, sim! Poucos, mas tem!’ – ‘Não, os carro daqui, as placa é tudo de Itaporanga.’ (o linguajar era esse mesmo). Foi então que minha mãe entendeu a confusão e me explicou o fato e tudo aquilo que meu bondoso avô, Ábdon Leite da Costa Guimarães, de saudosa memória, expunha àqueles que o argüisse sobre o assunto.

Região Metropolitana do Vale do Piancó


A Região Metropolitana do Vale do Piancó é uma região metropolitana brasileira localizada no estado da Paraíba e é constituída por 18 municípios. Foi sancionada pelo então governador Ricardo Coutinho (propositura do deputado estadual Wilson Leite Braga) no dia 6 de julho de 2012 e publicado no Diário Oficial da Paraíba no dia 8 de julho de 2012.

Municípios

Aguiar
Boa Ventura
Conceição
Coremas
Curral Velho
Diamante
Ibiara
Igaracy
Itaporanga
Nova Olinda
Olho d'Água
Pedra Branca
Piancó
Santa Inês
Santana de Mangueira
Santana dos Garrotes
Serra Grande
São José de Caiana



Com uma área de 5.569.275 Km2 e população de 148.716 hab. (50º) pelo Censo IBGE/2013. Tem uma densidade demográfica de37,45 hab./km². Seu IDH é de 10,607 – elevado PNUD/2010 e seu PIB R$ 681 518 mil IBGE/20102.

Ver lei de criação:

http://www.pm.pb.gov.br/arquivos/legislacao/Leis_Complementares/2012_Institui%20a%20Regi%C3%A3o%20Metropolitana%20do%20Vale%20do%20Pianc%C3%B3.pdf

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Localização



Situada na mesorregião do sertão paraibano, Itaporanga possui uma área de 481,8 quilômetros quadrados, limitando-se ao norte com os municípios de Aguiar e Igaracy (antiga Buqueirão dos Cochos), ao sul com Diamante, Boa Ventura e Pedra Branca, ao leste com Piancó e Santana dos Garrotes e a oeste com São José do Caiana e Serra Grande. A sede do município está situada a 289 metros de altitude e apresenta em relevo formado por superfície elaborada em rochas cristalinas, dissecadas sob a forma de colinas alongadas, denominadas de Serras do Cantinho, Santa Rita, São Pedro e Saquinho e dos Serrotes de Tapuio, Lage Vermelha, Riachão e Cruzeiro. A bacia hidrográfica é formada pelos afluentes do Rio Piancó (Piranhas-Açú), uma das mais ricas do estado, e que oferece a Itaporanga uma situação ímpar entre os municípios paraibanos, já que, apesar dos longos períodos de estiagem que se abate sobre a região, a população da cidade tem sempre água potável de excelente qualidade, vinda do açude de Cachoeira dos Alves, e a perenidade do Rio oferece água em abundância para o consumo animal.

De clima tropical megotérmico e semi-árido, a temperatura média anual em Itaporanga é elevada, oscilando entre 29 e 32 graus. As máximas não chegam aos 35, devido à ação refrescante dos ventos alísios. O regime de chuvas, quando é o caso, ocorre de janeiro a maio (atualmente de março a junho), com maior concentração entre fevereiro e abril. A sua vegetação é formada, basicamente, por Pereiros, Imburanas, Mufumbo, Jurema Preta, o Marmeleiro e Xique-Xique. O solo dispõe de minerais bem desenvolvidos, de consistência friável e firme, moderados a bem drenados e susceptíveis a erosão, apresentando cascalhos na superfície.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Quase três séculos de história

Como a maioria das cidades nordestinas, Misericórdia nasceu à beira de um rio, e em torno de uma capela. Antônio Vilela de Carvalho, um desbravador português, chegou a região por volta de 1765, após comprar aos D'Ávila, fidalgos da casa da Torre, representantes reais residentes na praia do Forte, na Bahia uma grande faixa de terra, onde construiu uma casa de morada e um curral para a criação de gado, à margem do Rio Piancó. Ali, anos depois, começou uma pequena povoação que depois passou a ser conhecido por Misericórdia Velha, já que os primeiros habitantes do lugar atravessaram o Rio e foram fixar-se na outra margem, onde construíram uma pequena Orada que consagraram a Nossa Senhora do Rosário, a exemplo do que fizeram os moradores de Pombal e Piancó, as primeiras povoações e cidades do sertão paraibano, que ainda conservam as velhas igrejas. Aliás, o nome de Misericórdia advém do fato de ter sido doada pela Santa Casa de Misericórdia de Portugal a pequena Imagem da Virgem que ainda hoje está na Igreja do Rosário, em Itaporanga.

A ocupação dos sertões da Paraíba foi confiada à família de Antônio de Oliveira Lêdo que conquistou esse direito junto a Casa da Torre, símbolo maior dos Garcias D’Avila, nobre portugueses donos de uma vasta Sesmaria que ia da Bahia até o Maranhão. Na segunda metade do século VXII, por volta de 1679, uma expedição, com 60 homens, partiu de Massacará, na Bahia, para explorar o interior paraibano. Chefiada por Antônio de Oliveira Ledo, a comitiva era integrada ainda por Pascásio de Oliveira Ledo, Theodósio de Oliveira Ledo, Francisco Pereira de Oliveira Ledo, Felipe Rodrigues (filho de Pascásio), e Antônio de Oliveira Ledo Neto (filho de Francisco Pereira). Eles seguiram pelas margens do Rio São Francisco até a altura de Santo Antônio da Glória, onde alcançaram o Rio Pajeu, e logo depois transpuseram a Serra da Baixa Verde, em Triunfo, Pernambuco, conseguindo finalmente ingressar no sertão da Paraíba.

Os exploradores chegaram até a confluência dos Rios Piancó e Piranhas, onde hoje se localiza o município de Pombal, mas logo retornaram a Bahia, ficando por aqui apenas Theodósio e seus homens que, por três anos, fizeram diversos incursões pela área. Por volta de 1682, o capitão-mor dos Vales do Piancó e Piranhas, título que lhe foi concedido pelas autoridades da Colônia, viaja para o Cariri paraibano. Nesta ocasião acontece à revolta dos indígenas da região sertaneja, movimento que ficou conhecido como Confederação dos Índios Cariris. Theodósio regressa ao sertão, captura alguns índios da tribo Arius e viaja para Salvador, Bahia, onde tem uma audiência com o governador Soares de Albuquerque, e faz um relato da situação e mostra a necessidade de repovoar o interior paraibano e iniciar a criação de gado em toda a área, no que foi prontamente atendido, regressando então para o Vale do Piancó à frente de uma grande expedição e com muito gado.


Theodósio de Oliveira Ledo
Em 1730, já bastante velho e cansado, Theodósio deixa definitivamente os sertões de Piancó e Piranhas, indo fixar-se no cariri paraibano. Suas terras e o seu comando passaram então para as mãos do comendador Gaspar D'Avila Pereira, que foi incumbido de limpar a região e, para tanto, teve que travar sangrentas batalhas com os índios Cariris, principalmente os das tribos Pêgas, Panatis e Coremas, sendo que a esta última comunidade pertencia o guerreiro Piancó (Terror na língua nativa), cujo nome foi emprestado a região, graças a sua bravura e o destemor com que enfrentava o inimigo. Segundo a maioria dos historiadores paraibanos, os antigos ocupantes das terras sertanejas foram praticamente dizimados pelos conquistadores, mas ofereceram brava resistência à presença dos colonizadores, grande parte deles vindos das terras banhadas pelo São Francisco, no território da Bahia, Alagoas e Pernambuco e que receberam grandes datas de terras e títulos reais como recompensa pela conquista, ocupação e povoação do interior paraibano, desde os contrafortes da Borborema até o sertão de Piranhas, passando pelo Vale do Piancó.
                                                     
A resistência oferecida pelos homens primitivos da região não durou muito tempo. Afinal os desbravadores eram mais adestrados, organizados e possuíam armas de fogo, como bacamartes e espingardas, que causaram pesadas baixas ao inimigo. Partindo de Pombal alguns aventureiros fundaram algumas léguas acima, numa fazenda de gado do capitão-mor Manoel de Araújo Carvalho, um lugarejo que deu origem ao município de Piancó.

Foi de Pombal e com autorização de Gaspar D'Ávila que o sertanista Antônio Vilela de Carvalho ocupou as terras das margens esquerda do Rio Piancó,onde implantou o sitio Misericórdia, e construiu um curral, algumas casas de taipa e uma pousada para os viajantes e tropeiros, situação que perdurou por muitos anos. Este povoado foi por muito tempo chamada de Misericórdia Velha.

Anos depois Joaquim Fonseca, também conhecido por Joaquim Carnaúba, João Madeiro, Alexandre Gomes da Silva e Padre Lourenço, moradores do sitio Misericórdia atravessaram o rio e na outra margem construíram algumas casas. Trataram também de ocupar as terras em torno do pequeno lugarejo. Carnaúba ficou com as terras que compreende a Várzea do Saco e outras porções, Madeiro com o Cantinho, os Gomes com a Misericórdia Velha e padre Lourenço tratou de negociar entre eles a demarcação de uma área para a construção de uma capela dedicada a Virgem do Rosário. O local é o mesmo onde hoje se encontra a Igreja e foi escolhido por Madeiro, que era muito religioso e desejava, segundo se conta, ver a Capela todo dia, logo cedinho, da janela da casa que construiu e onde morava, no alto onde foi construído dezenas de anos depois o Colégio Diocesano "Dom João da Mata".

Escolhido o local para a Capela, de imediato foi erguida uma Cruz de Madeira, sentada em uma base de pedra, simbolizando o poder divino. A pequena igreja logo foi construída, um pouco atrás, e à medida que os meses passavam novas famílias chegavam ao pequeno povoado, agrupando-se nas ruas periféricas a Capela do Rosário, tornando o lugarejo, em poucos anos, em vila bastante desenvolvida.

Já com um bom comércio e muitas moradias, Misericórdia prosperou e a sua excelente localização a transformou num centro comercial que atendia aos habitantes de uma larga faixa de terras, e servia de pouso e passagem obrigatória dos tropeiros que com suas mulas abasteciam os sertões de mercadorias que a terra não produzia, como tecidos, miudezas, calçados, sendo que muitos deles gostaram tanto do lugar que aqui se fixaram, constituíram família e ficaram para sempre.

A vila ganhou a sua emancipação política, desligando-se de Piancó, no dia 11 de dezembro de 1863, através da Lei Provincial 104. Porém a instalação oficial do município só aconteceu no dia 09 de janeiro de 1865, havendo em seguida a designação dos seus primeiros dirigentes. A cidade permaneceu por sessenta e três anos com o seu nome de origem, mas em 1938 passou a chamar-se Itaporanga, que em tupi-guarani significa "Pedra Bonita", graças ao Decreto-Lei Estadual número 1164, de 15 de novembro, por interveniência do Interventor Municipal Praxedes da Silva Pitanga.

Em 1943, contudo, por conta do decreto-lei Estadual número 520, o município voltou a chamar-se Misericórdia, denominação que permaneceu até o dia 07 de janeiro de 1949, quando, pelo Decreto Estadual 318, voltou definitivamente a ser Itaporanga, também por decisão de Prexedes Pitanga

Dez anos depois, por conta de lei votada pela Assembléia Legislativa e sancionada pelo então governador Pedro Moreno Gondim, Itaporanga perdeu grande parte do seu território, que era um dos maiores do Estado, com a criação dos municípios de Pedra Branca (Distrito de Pedra do Fumo), Curral Velho (Distrito de Bruscas), Boa Ventura (Distrito de São Boa Ventura), Diamante (Distrito de São Paulo), Serra Grande (Distrito de Timbaúba) e São José do Caiana.
                                                     
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Este artigo poderá receber modificações de acordo com o material pesquisado ou enviado para o email itaporanga150@gmail.com.

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