terça-feira, 29 de julho de 2014

José Gomes da Silva

José Gomes da Silva – Segundo Prefeito de Misericórdia (Itaporanga)- 1929 a 1933


Filho de Horácio Gomes da Silva e Maria Barreiro Gomes, membros de famílias tradicionais do Vale do Piancó, José Gomes da Silva nasceu no dia 06 de março de 1900, no sítio Minador nos arredores de Misericórdia. Fez o curso primário em sua terra natal, ingressando em seguida no seminário de Fortaleza, permanecendo por alguns anos na capital do Ceará.

De volta a Paraíba, estudou no Liceu Paraibano, onde concluiu o curso secundário. Aprovado no Vestibular de medicina da faculdade da Bahia estudou os primeiros anos do curso universitário em Salvador, transferindo-se logo depois para a Universidade do Rio de Janeiro, onde se diplomou em medicina em 1927, com apresentação de tese. Ainda no Rio de Janeiro, casou-se com a carioca e descendente de italianos, Judite Caruso, e em seguida voltou para a Paraíba, fixando residência em Itaporanga, onde passou a exercer a profissão, salvando vidas e curando os males que tanto afligiam seus conterrâneos e os sertanejos da vizinhança, já que ele foi o primeiro médico a se instalar na região.

A competência profissional e a maneira que tratava as pessoas que o procuravam, logo fizeram de Dr. Zé Gomes um profissional respeitável e uma das mais autenticas lideranças que o Vale do Piancó conheceu. Tanto assim que em 1929 era eleito prefeito de Itaporanga, iniciando ali uma longa trajetória política e administrativa que culminou com sua nomeação, pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, para ser o Interventor Federal da Paraíba, no ano de 1946. José Gomes foi prefeito de Itaporanga logo depois de Brunet Ramalho, seu inimigo político.

Coronel José Pereira
O Movimento da Aliança Liberal, que eclodiu com a morte do presidente João Pessoa, o encontrou a frente dos seus conterrâneos, todos de arma em punho, prontos para defenderem as suas vidas, a sua terra e a sua gente, e foi imbuído desse propósito que inimigos históricos uniram-se em torno de um objetivo comum, evitando que partidários do "Perrepismo", representados no sertão pelo coronel José Pereira de Lima, invadissem Misericórdia. Dispostos a tudo, fizeram recuar cerca de quatrocentos homens que chegaram aos arredores da cidade, mas tiveram que debandar, haja vista os obstáculos que tiveram que enfrentar. A resistência oferecida por José Gomes e seus comandados foi de vital importância para a vitória dos "Liberais" que o fato mereceu uma longa citação no livro "As Memórias" do paraibano José Américo de Almeida, comandante em chefe da Revolução de 30, na Paraíba.

Durante a sua gestão na Prefeitura, José Gomes criou escolas e ofereceu assistência médica e social eficientes a população, no que recebeu a pronta colaboração de Dona Judite, como sua esposa era carinhosamente chamada, pela maneira aberta e sem preconceitos com que tratava a todos. Deixando a chefia do Executivo Municipal foi eleito Deputado Federal, o que o levou, em 1934, a retornar ao Rio de Janeiro para exercer o seu novo mandato que durou até 1937, quando o Congresso Nacional foi fechado em conseqüência do Golpe de Estado do presidente Getúlio Vargas.

Sem mandato, mas profundamente ligado ao seu povo, José Gomes voltou a Itaporanga para novamente exercer a medicina. Em 1940, no entanto, atendendo a convite do Interventor Ruy Carneiro, passa a residir com a família em João Pessoa, sendo designado para o cargo de membro do Conselho Administrativo do Estado, onde permaneceu até 1945 quando, por designação do Interventor Odon Bezerra, assumiu a Secretaria de Agricultura, ocupando a pasta até o dia 21 de agosto de 1946. Nesta data tornou-se Interventor Federal da Paraíba, por decreto do Presidente Gaspar Dutra, permanecendo no cargo até 06 de março de 1947.

Apesar do pouco tempo em que esteve à frente dos destinos da Paraíba, José Gomes ampliou o Abrigo do Menor “Jesus de Nazaré”, reformou a rede de energia elétrica da capital, melhorou as linhas de bonde e instalou o Serviço Patológico de Anatomia e Verificação de Óbitos da Paraíba, entre outras obras”. Afastado do Governo do Estado, José Gomes voltou a morar no Rio de Janeiro, onde ocupou o cargo de presidente da Companhia Nacional de Alcalis. Três anos depois, em 1950, retorna outra vez a Paraíba, desta feita como Delegado Regional do IPASE. Antes de um ano, no entanto, volta em definitivo para o Rio de Janeiro e assume a chefia da Divisão Médica do Hospital dos Servidores, onde permaneceu até o ano de 1969, quando, por questões de saúde, se aposentou depois de prestar 38 anos de serviços a Nação Brasileira. 

Ele faleceu às 6h00 horas do dia 27 de setembro de 1970, no Rio de Janeiro, deixando viúva Dona Judite Gomes Caruso e órfãos os filhos Filotéia Gomes Ataíde, funcionária do Serviço de Censura e Diversões do Rio de Janeiro e CIélio Gomes, funcionário do IPASE em Brasília, ambos casados, e quatro netos.

Sobre o Dr. José Gomes da Silva é preciso que se diga que ele não foi apenas um chefe, um líder político. Era um verdadeiro ídolo para os seus conterrâneos, por uma série de razões, inclusive porque era o primeiro itaporanguense a exercer o oficio da medicina na sua cidade, colocando os seus conhecimentos a serviço dos que dele precisavam. Essa verdadeira veneração pode ser medida pelas festas que o povo de Itaporanga fazia quando ele fazia viagens mais longas e demoradas. Quando ele ia ou voltava, a cidade ficava em ebulição. Os homens e mulheres, a maioria seus compadres, vestiam as suas melhores roupas e ficavam em frente a sua casa, na hoje Praça Balduino Minervino de Carvalho. Na ida despediam-se acenando com lenços brancos, na volta todos ficavam perfilados, inclusive os alunos do grupo escolar e a banda de música, esperando o grande momento de sua chegada, para cantarem e aplaudirem o hino em seu louvor. Na ida como na volta grandes filas se formavam em torno de sua casa, pois todos queriam apertar a mão do ídolo, do chefe, compadre e irmão.

Hospital distrital de Itaporanga, tem o nome de Dr. José Gomes da Silva
José Gomes da Silva foi candidato a "O Itaporanguense do Século", obtendo 3,7% dos votos válidos, ou seja, 56 votos num universo de 1500 votantes. Ela hoje emresta o nome ao hospital distrital, gerido pelo Estado.


 Revista Itaporanga, janeiro de 2000 e Revista O Itaporanguense do Século , junho de 2001
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Se porventura, existir algum fato não condizente com a verdade, desculpem-nos, pois, poucas são as fontes de consulta. Os familiares dos ex-prefeitos que quiserem colaborar conosco, com fotos ou documentos; favor entrar em contato com: itaporanga150@gmail.com

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