quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Posse de Padre José Sinfrônio de Assis Filho (Padre Zé) e a preparação do 1º centenário da Paróquia


1- Transferências de párocos
  
Cônego Luiz Gualberto
No dia 29 de janeiro de1955 o Sr. Bispo Diocesano Dom Zacarrias Rolim de Moura nomeou reitor do seminário o pároco de misericórdia, Padre Luiz Gualberto. Vaga a paróquia, o Sr. Bispo preencheu com o reverendíssimo Padre José Sinfrônio de Assis Filho que exercia as funções de chanceler da cúria diocesana.
  
2- Posse de padre José Sinfrônio
Sua posse foi o dia 04 de março de1955, um dia depois de sua chegada a cidade de Itaporanga. Foi designado pelo bispo Dom Zacarias Rolim de Moura. A solenidade contou com a participação de padre Luiz Laíres da Nóbrega (pároco da cidade de Piancó), o qual foi delegado para dar-lhe a posse.





Padre Luiz Laíres
Era a 1ª sexta-feira do mês de março e a igreja estava cheia de fieis, apesar de não se fazer presente nenhuma autoridade local. O primeiro contato que padre José Sinfrônio teve com os movimentos e pastorais foi com o Apostolado da Oração, que ele disse ser, na época, a principal associação da paróquia. Ao tempo existia somente: Apostolado da Oração, Pia União, Ordem 3ª de São Francisco, Liga de Santa Terezinha, Irmandade de São Vicente de Paulo e Obra das Vocações Sacerdotais.

3- Situação em que encontrou a paróquia
Encontrou aqui muita pobreza, jovens sem nenhuma formação e a igreja muito pobre, sem nenhum paramento.

4- Catequese
Logo que chegou a esta paróquia fez uma reunião com as moças da cidade, entre elas jovens professoras, com a finalidade de organizar a catequese em toda a paróquia e quinzenalmente aconteciam reuniões para a formação dos catequistas.

Foram formados seis centros catequéticos: Santa Maria Gorete, Santo Antônio, São Tarcisio, Santa Inês, São Luiz Gonzaga e Santa Terezinha. O movimento catequético começou entusiasmado e no mês de maio as catequistas promoveram a páscoa das crianças, que contou com a participação de 1.000 crianças na Santa Missa, onde 400 comungaram.

5- Trabalhos de ampliação da nova matriz
Numa segunda-feira, 1º de agosto de 1955, contando como sempre com a boa vontade e entusiasmo do povo de Deus e com vistas ao 1º Centenário da paróquia, padre José iniciou as trabalhos de ampliação da nova matriz para que, neste templo, todo o povo católico pudesse entoar um hino de louvor e agradecimento ao Pai Onipotente por tudo quanto Ele tem atribuído ao nosso favor.

Novo Altar da Igreja Matriz
Entre os inúmeros serviços ali efetuados mencionamos: a) aumento da matriz em 16 metros para trás; b) nova limpeza; c) novo coro e altar mor feito sob a perícia do mestre Antônio Israel; d) os janelões, que eram de madeira, foram aumentados e substituídos por vitrais doados por famílias desta cidade.

Todo o seu forro foi feito de cimento armado e o seu telhado, que era de material comum, foi devidamente substituído por telhas francesas, doadas pelas crianças da cidade, as quais realizaram uma campanha para
este fim. Salientamos, ainda, que o ferro do forro da nave esquerda foi doado pelos professores desta cidade.

Adquiriu-se nova bancada, confeccionado 40 bancos pelo preço de Cr$ 10.000,00 cada um. Os capitéis colocados no alto das colunas foram confeccionadas por mestres trazidos do Recife - PE.

Colorido da Capela-mor
O admirável colorido da capela-mor foi executado pelo casal Makk, artistas estrangeiros, ele húngaro e ela africana, os quais fizeram bastantes pinturas pelo Brasil, onde destacamos o Teatro e a Catedral de Manaus e, ainda, o Palácio do Governo da capital do Pará, Belém.

Casal Makk
O prefeito municipal da época, Dr. Francisco Clementino de Carvalho contribuiu com a importância de Cr$ 50.000,00. “Nenhum outro marco poderia perpetuar este acontecimento do que artisticamente preparar a Templo do Senhor”, disse Padre José acerca da ampliação da matriz para as comemorações do centenário da paróquia. 

O projeto de ampliação foi arquitetado pelo próprio padre José Sinfrônio que expôs a apreciação de outros sacerdotes entendidos em arte sacra. Então, a planta do projeto de ampliação da nossa matriz foi aprovada pela cúria diocesana.

6- Ano de 1956: Fundação da Escola São Domingos Sávio
Devido à quantidade de estabelecimentos de ensino da cidade ser pouco e deficiente e o número de alunos muito grande, padre Zé conseguiu junto ao Governo do Estado a instalação de uma escola (Santo Antônio) na Rua Santo Antônio, centro, desta cidade e criou também no dia 04 de março de 1956 a Escola Paroquial São Domingos Sávio que contava com 08 alunos e tinha como professora Maria Nazaré Lau.

7- Fundação da Cruzada Eucarística Infantil (CEI)
Foi fundada em 29 de junho de 1956 com a participação de 12 crianças (06 meninos e 06 meninas), tendo como coordenadora a professora Maria Ivonete Vieira. Na oportunidade, Padre Zé disse “o futuro de um povo e de uma família está na formação de seus filhos”.

8- A paróquia assume a responsabilidade dos trabalhos do Hospital Regional
O Hospital Regional de Itaporanga foi iniciado pelo prefeito Dr. Praxedes Pitanga por volta do ano de1945. Mais tarde, o Dr. João Franco da Costa entregou-se de corpo e alma aos trabalhos de construção do hospital, que estava parada há anos e, justamente com o Dr. Balduíno de Carvalho, convidou Padre José Sinfrônio para assumir a direção dos trabalhos, tendo por tesoureiro o Sr. Sebastião Rodrigues, escolhido pelo próprio Padre Zé. Nosso pároco permaneceu a frente dos trabalhos até o dia 20 de abril de 1959. 


9- reunião do pároco com as autoridades locais

No dia 05 de setembro foi realizada uma reunião na casa paroquial com as principais autoridades para tentar melhorar a vida moral da cidade. Um dos pontos mais visados foi o afastamento do meretrício do centro da cidade, chegando-se a conclusão que o prefeito Abrão de Sousa Diniz faria casas em outra zona para localizá-lo.

10- Festa da padroeira

No dia 28 de novembro foi realizada a cerimônia de hasteamento da bandeira, antes, porém, foi realizada uma pequena procissão com lâmpadas a álcool, isto por motivo da falta de iluminação, que fez com que a festa deste não perdesse muito seu encanto.

O novenário foi muito desanimado e a Igreja não foi bem frequentada durante estes dias. No dia da festa houve na Avenida Getúlio Vargas o encerramento do pastoril que tinha por organizadora a professora Francinete Soares.

11- Ano de 1958
Neste ano tiveram início os preparativos para as comemorações do centenário da Paróquia. No sermão da missa do ano novo, falou-se claramente a respeito disto.

No mês de junho teve início a visita pastoral com o intuito de despertar as consciências para o sentido de gratidão a Nosso Senhor. “Esta gratidão que não deve ser somente de palavras, nem de simples atos, mas, sobretudo pela renovação de uma verdadeira vida cristã”. Este foi o pensamento predominante durante todo o tempo de preparação para o centenário, segundo as palavras de Padre Zé.

12- Março de 1958
Estamos por este tempo vivenciando uma das etapas mais difíceis do nosso paroquiato. A seca está declarada. O povo invade a cidade. Por esta época estava iniciado os trabalhos do saneamento.

Neste dia, quase a força foram empregados 1.200 homens, sem ter o que fazer. Grande parte já se retira procurando o sul do país e  principalmente Brasília. Toda semana um ou dois caminhões partem.

Juscelino Kubitschek
Apelou-se para o Presidente da República Juscelino Kubitschek, ao qual por iniciativa do Padre Zé, foi remetido um telegrama narrando a situação e pedindo uma solução, que de boa mente atendeu nosso telegrama assinado pelas principais autoridades do lugar. Conforme resposta, dentro de curto prazo a nossa população estaria socorrida.

Memorando ao Presidente da República: “Ao Presidente da República, o Exmº Sr. Juscelino Kubitschek de Oliveira enviado de um memorando, por esta paróquia, por intermédio do Bispo Diocesano D. Zacarias Rolim de Moura”.

Dom Zacarias Rolim
A data deste documento é do dia 1º de julho e o conteúdo do mesmo é um pedido ao Sr. Presidente, a fim de que se faça a extensão da rede elétrica de Coremas e esta cidade o quanto antes.

A razão porque assim se fez este documento foi pela angústia em que se vivia sem energia e ainda mais por se aproximar o centenário. (padre Zé).

13- Histórico do brasão do centenário da paróquia
Nos preparativos para a celebração do 1º centenário da Paróquia a comissão responsável pela festa dos 100 anos de história decidiu criar o seu brasão oficial, a fim de que ficasse na memória do povo a data de criação da paróquia, 11 de julho de1860.

As Irmãs Dorotéias do Colégio Nossa Senhora de Lourdes de Cajazeiras - PB, sob a orientação da superior Madre Guerra, apresentaram o projeto do brasão que foi aprovado e oficializado pela comissão e pelo Vigário.

No escudo existe um campo dominado pela cor azul, símbolo do nosso firmamento e do manto da Santa Mãe de Deus. Em baixo do escudo, vemos a figura de montes, simbolizando as terras de Itaporanga. Em cima destes montes surge um lírio, símbolo de Nossa Senhora da Conceição que gerou o seu Santíssimo Filho como vemos representado no “PX” colocado sobre o lírio, surgindo sobre as terras de Itaporanga com o título de padroeira da nova paróquia da Diocese de Cajazeiras - PB.

14- Festa da Padroeira
A Missa da festa foi celebrada na nova matriz, onde os trabalhos já estavam bem adiantados. Alguns vitrais já estavam colocados para admiração de todos. Foram os vitrais doados por Emídio Alves, outro pelas mães da paróquia e outro pelo Monsenhor Gomes.

15- Dia da entrada do ano jubilar: 11 de julho de 1959
Este dia foi ardentemente esperado pelo povo e por ser um dia de sábado a igreja ficou lotada com a presença do povo. Foi neste dia que pela primeira vez ouviu-se o hino do Centenário cantado por um grupo de jovens. No sermão desta celebração, Padre José falou que um dia nesta terra de Misericórdia foi fincada uma cruz e foi feito um altar para agradecer uma grande graça a Deus, a criação da Paróquia. 

16- Visita de Nossa Senhora aos lares de Itaporanga
No mês de julho teve início à visita de Nossa senhora aos lares, como parte das comemorações do ano jubilar. Partida da imagem da igreja matriz foi em 20 lares e o primeiro lar foi o do Sr. Abrão de Sousa Diniz. Em todas as casas era rezada a oração do centenário e o esposo ou a esposa rezava um mistério do terço pela conversão dos pecadores da paróquia. A finalidade desta visita não teve nenhum fim econômico, tanto é assim que não se recebeu nenhuma oferta. A única finalidade era levar aos lares a imagem de Nossa Senhora.  

17- Ano de 1960

Desde a entrada do ano o único pensamento existente entre todas as classes era o centenário da paróquia. Havia entre o povo grande expectativa a respeito das festas centenárias.

18- reunião para decidir o programa do centenário

No dia 10 de abril de 1960, pelas 20 horas, realizou-se na igreja matriz uma reunião com as presenças de diversos homens do comércio, autoridades, senhoras da sociedade e o povo em geral. Nesta reunião chegou-se a conclusão que seria impossível realizar as festividades no dia 11 de julho, então ficou decidido que as comemorações ficariam adiadas para a festa da padroeira em 08 de dezembro. Pela passagem do dia 11 de julho apenas se faria uma pequena comemoração.

19- Maio de 1960
Por este tempo já estava nas das etapas finais dos serviços da matriz que foram o piso e o altar-mor. Todos os meios de angariar donativos foram lançados no intuito de terminar todos os trabalhos no tempo das comemorações centenárias.

20- Missões de Frei Damião
Do dia 1º a 7 de julho, na sede, tiveram início as missões de frei Damião acompanhado do Frei Fernando. Foram dias de intenso movimento, bastando dizer que em sete dias foram distribuídas 14.000 comunhões. Muitas pessoas que estavam afastadas da Mesa Eucarística aproveitaram a oportunidade para aproximar-se. No fim destes dias de missões foi feita uma preparação para a comemoração do dia 11 de julho.

21- 100 anos de Paróquia: dia 11 de julho de 1960
Foi organizada a seguinte programação para celebrar os 100 anos da Paróquia:
a)      Às 05 horas da manhã, salva de 21 tiros;
b)      Repicar festivo dos sinos;
c)      Uma crônica, intitulada Desperta Paróquia Centenária lida na amplificadora local;
d)      Às 06 horas, Missa pelos fiéis falecidos da Paróquia nos100 anos;
e)      Às 09h30, Missa celebrada pelo Reverendíssimo Pe. Luis Gualberto em ação de graças;
f)        Às 14h30, foi lançada a pedra fundamental do Ginásio Diocesano (atual Colégio Diocesano Dom João da Mata), onde fizeram uso da palavra Padre Zé, o Padre Luis Gualberto, o acadêmico Paulo Soares e o representante do prefeito em exercício Francisco Chagas Soares;



g)      Às 16h, houve um pequeno desfile pelas principais ruas da cidade que terminou em frente à Igreja Matriz às 18h, onde foi rezado o Angelus,com o canto da Ave Maria por Evanina Chaves. Logo depois, pronunciaram-se o Dr. Francisco Neves Brasileiro e a Drª. Pulqueria Pinto. Em seguida, houve a coroação da imagem de Nossa Senhora.

22- Chegada da imagem de Nossa Senhora a Itaporanga
A imagem começou a peregrinação às capelas no dia 11 de outubro. E no dia 21 de novembro, por volta das 17h, foi recebida festivamente por uma multidão incalculável que se concentrou na entrada da cidade. A imagem vinha da capela do Exu. Ao chegar à cidade, os sinos repicaram e o povo, espalhado por toda a Avenida Getúlio Vargas, aclamava a Rainha dos Céus.

23- Mensagem do Núncio Apostólico
Com muita alegria a paróquia recebeu uma homenagem do Núncio Apostólico Dom Armando Lombardi por ocasião do centenário.

Fonte: Livro Tombo da Paróquia.

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