terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Homenagem a Padre Zé


Recebi hoje, o novo cordel do poeta Bernardino, e o "devorei" com muita imensa vontade, uma porquê trata-se de um tema apaixonante e outra porque é mas uma obra desse poeta brilhante.

Na história do cordel 
Muito assunto surgiu 
Já se falaram de tudo 
Que aconteceu no Brasil 
História de ouvir contar 
Que o povo vinha falar 
O que surgiu no passado 
Da lenda de um dragão 
Do famoso Lampião 
Até de contos de fada. 

Falaram de Padre Cícero 
Também de Frei Damião 
Falaram de Zé Pereira 
Que era o terror do sertão 
Eram muitos destemidos 
Onde passaram deixaram rastros 
De muita destruição 
Ainda bem que já se foram 
Escreveram até um livro 
Com Luiz rei do baião 

Falaram de João Sem Medo 
Do reino da pedra fina 
Da briga na procissão 
Até daquela menina 
Que casou dezoito vezes 
E eu digo pra vocês 
Que ela já enviúvo 
Ainda falta falar 
Daquele que hoje está 
Junto de Nosso Senhor 

Eu falo de uma lenda 
Que em Itaporanga passou 
Por mais de cinquenta anos 
Só que Jesus levou 
Hoje vive do seu lado 
Pra nós só resta saudades 
Lembramos com muito amor 
Mais tu já sabes quem é 
Eu chamo de Padre Zé 
Mais ele era monsenhor 

Eu ainda era menino 
Mais ouvia falar 
De um padre recém-formado 
Que tinha vindo pra cá 
Ele era de Cajazeiras 
Deixou a família inteira 
E conosco veio morar 
Assumiu nossa paróquia 
Também o seu sacerdócio 
E aqui resolveu ficar 

Por mais de cinquenta anos 
Ele ficou entre nos 
Era querido por todos 
Ainda lembro da sua voz 
Quando falava sorrindo 
Dizia vem cá menino 
Fica quieto por favor 
Não pode fazer zoada 
Se não você desagrada 
A Jesus Nosso Senhor 

Foi pelos anos cinquenta 
Ou mesmo cinquenta e três 
Isso eu não sei ao certo 
Não sei dizer pra vocês 
Só sei que foi muito tempo 
Mais ele foi um exemplo 
De homem, Padre e Pastor. 
Não tinha medo nem manha 
Conduzia o seu rebanho 
Com garra e com muito amor. 

Padre Zé chegou aqui 
Bem no tempo da discórdia 
Tinha muitos cangaceiros 
Era difícil manter a ordem 
Mais tudo isso ele enfrentou 
Junto com os outros lutou 
Para a paz poder reinar 
Uma arma nunca usou 
É em nome de nosso senhor 
Ele fez tudo acalmar 

Padre Zé tinha vontade 
De ver a cidade mudar 
Mais os tempos eram difíceis 
Não tinha como ajudar 
Aquele povo sofrido 
Que vivia escondido 
Nesse pequeno lugar 
Não tinha campo de bola 
Nem se quer uma escola 
Para os meninos estudar 

Mas ele teve uma ideia 
Uma luz que clareou 
Deus estava do seu lado 
E sempre lhe ajudou 
Ele comprou um terreno 
Não era muito pequeno 
Lá no Alto do Madeiro 
Depois aregassou as mangas 
E saiu pedindo ajuda 
Pra conseguir o dinheiro 

Ele saia pelos sítios 
De casa em casa pedia 
Um pouquinho de arroz 
Ate mesmo uma galinha 
Juntava de pouco a pouco 
Trabalhava feito um louco 
Pra seu sonho realizar 
De pagar esse terreno 
Pra construir uma escola 
Para o pobre poder estudar 

Trabalhava dia e noite 
Todo tempo sem parar 
Só no final de semana 
Que tinha pra celebrar 
Batizados e casamentos 
Crismas e outros eventos 
Que na igreja existia 
Nunca chegou atrasado 
Na missa das seis e meia 
Que celebrava todo dia 

Com tantas dificuldades
Era feliz como um canário 
Todo dia celebrava
Na igreja do Rosário
Depois pra luta saía 
Isso era todo dia 
Trabalhando sem parar 
Ele era incansável
Mais tinha o sonho de ver 
Misericórdia mudar

O tempo foi passando
E a cidade crescendo
E junto com Padre Zé
Tudo foi desenvolvendo
Ele sempre dizia 
Nosso Senhor é meu guia
Comigo ele sempre anda 
Juntos mantemos a ordem
Da velha Misericórdia
Que hoje é Itaporanga. 

Assim o tempo passava 
E ele sempre a trabalhar 
Fazendo festa e quermesse
Para dinheiro arrecadar 
Não pegava em nenhum centavo 
Todo dinheiro aplicava
No terreno que comprou
Entra ano e sai ano
E o colégio Diocesano
Um dia ele terminou.

Esse foi o primeiro sonho 
Que ele realizou
Além de ser um bom padre
Também era professor
Dava aula todo dia
Feliz por que já podia 
Fazer o que sempre gostou 
O Colégio era privado 
Mais as pessoas carentes
Todos de graça estudava. 

Quem quiser ler o restante do cordel, e só procura o poeta Bernardino Pinto, ele realmente está muito bom.

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