quarta-feira, 4 de março de 2015

Marcas de uma Raça - Jonas Leite Chaves


As marcas da personalidade de Jonas Leite Chaves

Por várias razões fiquei muito contente ao ser convidado para escrever aqui algumas palavras sobre as Marcas de uma Raça, da autoria de Jonas Leite Chaves, ilustre paranaense por adoção, todavia paraibano de nascimento e, nas origens, um destacado membro da frondosa Família Jenipapo, cujos representantes mais remotos do Brasil foram pioneiros da colonização do Vale do (Rio) Piancó (sertão paraibano), particularmente da fundação da tradicional Misericórdia (atualmente cidade de Itaporanga).

Diga-se desde já que, desde já, que o seu convite, a mim feito, seja desnecessário, levando-se em conta as exuberantes qualificações desse autor, dispensadores de qualquer preâmbulo deste tipo, devo confessar que a sua escolha me trouxe muita satisfação porque decorre, quero crer, de uma recente e feliz reencontro com o meu amigo Jonas Leite Chaves na capital, depois de várias décadas sem nos vermos. Doravante espero poder desfrutar de forma mais assídua e efetiva da versátil proficiência intelectual de Jonas Leite Chaves. Desfrutar seus inúmeros  e louváveis atributos menciono apenas alguns: ele é um memorialista de escola, um genealogista criterioso e um  historiador dotado de respeitável rigor metódico, o que lhe valeu ser acolhido como Membro Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, além de ser um cineasta de merecimento. 

O fato é que esse, atualmente, curitibano por adoção, participante da pujança desenvolvimentista do Paraná – aliás, a terra de minha esposa e o berço do meu filho - jamais descurou dos seus longínquos sentimentos telúricos, das suas origens nordestinas, do seu Vale do Piancó, da sua antiga Misericórdia no sertão paraibano, enfim da sua prolífica e proeminente linhagem familiar, ou seja, a Família Jenipapo.

Dessa maneira, como quem cuida muito, o autor agora reuniu harmonicamente, na mesma obra, suas características de memorialista de genealogista e de historiador para nos oferecer as valiosíssimas Marcas de uma Raça. Aí ele já alerta o leitor, de forma muito oportuna, para o fato de que essa obra “mais do que um livro de Memória, é um instrumento de resgate [inclusive documental] da verdade de um fato judicial histórico” de natureza criminal em que foram vítimas de uma perversa perseguição política, vários membros da Família Jenipapo nos anos vinte do século passado. Dentre os vários indiciados nesse processo forjado, o então Padre (depois Monsenhor) Manoel Gomes da Silva, submetido que foi a um julgamento recheado de vícios, do qual saiu condenado. 

Tamanha injustiça só foi remediada em segunda instância mediante a atuação dos advogados Guilherme Gomes da Silveira (coincidentemente o avô materno de quem escreve estas linhas) e Irineo Jofilly. 

Adicionalmente, o autor deste livro desenvolveu ainda uma biografia minudente (e ilustrada) do Monsenhor Manoel Gomes da Silva, bem como a do seu irmão mais moço, igualmente famoso ou até mais, o médico e político Dr. José Gomes da Silva que governou a Paraíba nos anos quarenta do século XX. 

Em suma, Marcas de uma Raça é obra que enriquece a historiografia respeitante à Paraíba e creio que também deve encher de orgulho a produção historiográfica do Estado do Paraná, terra onde o seu autor se radicou. 

Finalizo agora dizendo ao meu amigo Jonas Leite Chaves que ele merece os parabéns por esta importante obra, porém, mais do que ele, estão de parabéns os seus leitores. 
Da antiga Cidade de Nossa Senhora das Neves (atual João Pessoa), 28 de julho de 2009 (no 424, ano da sua fundação) 

Guilherme Gomes da Silveira d'Avila Lins 
Professor Emérito da UFPB, Membro da Academia Paraibana de Letras, Membro da Academia Paraibana de Medicina e do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano.

Vontatos com o autor
jonaschaves@terra.com.br
Fones (041) 3223.0567 / 3322.1718
Jonas Leite Chaves

SINOPSE

Marcas de uma Raça resultou de um trabalho em que o autor pretendeu alcançar, de alguma forma, diferentes segmentos interessados em conhecer e pesquisar aspectos locais da História da Paraíba. No capítulo Linhas do Tempo o leitor tem acesso à estruturação genealógica da família Jenipapo a partir da chegada do português Antônio Fonseca Gomes ao vale do rio Piancó, por volta de 1750 - encerrando na quinta geração.  Também, na continuidade encontra um sumário da montagem de todo o “Processo Político da Família Jenipapo”, a partir da origem em Misericórdia, a condenação dos acusados, a transferência para a Casa de Detenção na capital do Estado e a íntegra do Recurso interposto pelos advogados Guilherme Gomes da Silveira e Irineo Jofilly ao Tribunal de Justiça da Paraíba, bem como o acórdão da Corte de Justiça e o arquivamento do processo. Tudo transcorrido nos anos da década de vinte, do século passado. No capítulo seguinte vem um estudo bibliográfico do Monsenhor Manuel Florentino Ferreira Gomes da Silva, sua ida para os estudos, em Fortaleza, capital do Estado do Ceará, bem como as profundas consequências benéficas para toda a família. Logo em sequência o autor traça o perfil biográfico do Dr. José Gomes da Silva, sua atividade como profissional da medicina humana e de sua profícua participação nas atividades políticas na Paraíba e no país, começando com seu retorno ao sertão paraibano. A narrativa de sua vida política começa com sua eleição para prefeito de sua terra natal, Misericórdia, em cujo período de mandato aconteceu a Revolução de 1930, tendo o Dr. José Gomes liderado no Vale do Piancó a campanha que levaria Vargas ao poder. Também, no mesmo capítulo o leitor tem acesso à intensa vida do biografado como deputado federal constituinte e seu período como Interventor Federal do Estado da Paraíba, ocasião em que presidiu a eleição democrática para governador, em que foi eleito o Dr. Osvaldo Trigueiro, cuja posse encerrou os últimos resquícios do Estado Novo implantado por Getúlio Vargas, em 1937.

Jonas Leite Chaves


PREFÁCIO

Coube a mim o privilégio de prefaciar esta importante obra de Jonas Leite Chaves. Muito mais por deferência a minha família, especialmente ao Monsenhor Manuel Florentino Ferreira Gomes da Silva e Dr. José Gomes da Silva, nossos inesquecíveis Padre Gomes e Zé Gomes. 

O conhecimento da saga da família Jenipapo, que didaticamente o autor enfoca, reveste-se de muita importância para o saber e a pesquisa do cerne humano itaporanguense, ou misericordiense, como prefiro, porque conduz os descendentes da numerosa família a cruzar-se com suas próprias origens no entrechoque imaginário do passado com o presente, que só a memória permite. 

Em Marcas de uma Raça, obra escrita em linguajar de características telúricas, o autor faz um sumário da genealogia de grande parte da família Jenipapo. Iniciado a partir de seu protopatriarca, o português Antônio Fonseca Gomes, cujos indícios sobre sua escolha pelo Vale do Rio Piancó levam a acreditar que se deveu à coincidência de sua chegada ao Brasil e às notícias da criação da Vila de Piancó, em 1748. Ali teria ele chegado por volta de 1750, provavelmente aos 20 anos de idade. Essa cronologia estabelecida pelo autor parece de todo acertada quando se conta como válido o espaço-tempo comum de 100 anos para o surgimento completo de três gerações. 

Aliás, tomando-se como parâmetro o nascimento em 1860 de seu tataraneto, pai de Monsenhor Manuel Florentino Ferreira Gomes da Silva e do Dr. José Gomes da Silva, Horácio Gomes da Silva, poder-se-á montar uma escala cronológica decrescente e fixar o nascimento de sua bisneta Alexandrina Gomes, mãe de Horácio, em torno do ano de 1830. Na continuidade e obedecendo à mesma linha de raciocínio, o seu neto Severino Gomes da Silva certamente nascera no ano de 1800, e o filho Alexandre Gomes da Silva, pai de Severino, teria nascido por volta de 1770. Isto deixa crer que Antônio Fonseca Gomes, raiz primeira de toda família Jenipapo, em terras brasileiras, teria nascido em Portugal, em Aveiro, em torno de 1730. Isto dá à família Jenipapo quase três séculos de existência. 

Muito embora, como o autor mostra claramente em sua narrativa, o objetivo de sua monumental obra é dar ciência do que foi o rumoroso processo judiciário movido contra a família Jenipapo e levar ao leitor aspectos biográficos do Monsenhor Manuel Gomes e do Dr. José Gomes. Mesmo assim, Jonas Leite Chaves, num lampejo de versatilidade, esmerou-se também na precisão matemática de números, afim de permitir o levantamento de dados históricos, conforme o faço aqui, ao tempo em que realinha uma série de informações distorcidas sobre a origem de Misericórdia, hoje Itaporanga, e à chegada de Alexandre Gomes da Silva, quando tudo começou. 

O relato dessa saga, narrada por Jonas, somente agora permitiu me entender uma declaração de seu irmão, Dr. Francisco Leite Chaves, eminente advogado internacional. O fato, veiculado nacionalmente pela imprensa da época, em cruzada política que o Dr. Leite Chaves liderou no Paraná, como candidato a senador, é que pretenderam desqualificá-lo sob a alegatória de noviço na política, ao que Leite Chaves retrucou exibindo uma experiência genealógica de quatrocentos anos de lutas políticas, a partir de sua “tribo” original. Eleito senador em 1974 e empossado no início de 1975, em um Estado com profundos preconceitos contra nordestinos, exerceu com brilhantismo o mandato de senador durante doze anos. 

O genealogista e historiador, Jonas Leite Chaves com esta obra deixa claro, no entremeio do texto, sua intenção de, em tempo futuro, editar um novo título sobre a genealogia completa da família Jenipapo. 

Retomando aqui a trilha do autor sobre o objetivo maior de sua obra, diria que na família Gomes da Silva descendente de Alexandrina e Cazuza, quem deu o primeiro passo para despertar sua juventude para a educação formal foi Araponga, conforme narrativa do autor. 

Araponga, filho de João Florentino Ferreira Gomes, levou para o Seminário de Fortaleza o primo Manuel Florentino Ferreira Gomes da Silva, que para muitos de nós do ramo Gomes da Silva é o começo de tudo o que continua acontecendo, desde então, por menor ou maior que seja a importância. Isso se passou em tempos tão difíceis que em suas perorações o genial Alcides Carneiro sempre se referia aos desbravadores daquela época como “os filhos das raças antigas dos valentes”. 

Concluindo seus estudos e desenvolvendo seu sacerdócio e a importante função de educador, conforme narra o autor, o Padre Gomes foi transferido para o Rio de Janeiro, para onde levou seus irmãos José Gomes da Silva e Manuelito Gomes da Silva; os sobrinhos Francisco, Horácio (meus irmãos) e José Gomes Sobrinho; os primos Praxedes Pitanga e Abdias Silva, atitude essa que teve uma grande influência no destino de muitos dos descendentes de Horácio Gomes da Silva e outros do clã Jenipapo.

O autor de Marcas de uma Raça, Jonas Leite Chaves, como eu, é parte integrante da sexta geração oriunda de Antônio Fonseca Gomes e é dotado de um talento que extrapola em muito a muitos de nós. Neste instante fico sem saber, silente, na tela do computador, se converso com o engenheiro agrônomo, com o poeta ainda na adolescência em Itaporanga, o professor em ciências agronômicas e econômicas, autor de Uma Política Agrícola para o Desenvolvimento da Paraíba; com o professor universitário (ESS-UFPB) de Pesquisa Social e Sociologia Rural, com o jornalista profissional, com o membro fundador da Associação Brasileira de Shopping Centers - ABRASCE (Rio de Janeiro), com o novelista de rádio dos anos cinqüenta, com o detonador do processo moderno de industrialização da Paraíba, produzindo máquinas e implementos agrícolas; ou se converso com o político, com uma trajetória de vitórias e destinação nessa atividade por todos Exerceu a política, mesmo com a missão partidária recebida do seu irmão, mais de acordo com seu espírito público e vocação nos anos trinta e quarenta, fazendo do ofício uma atividade direcionada em sentido único, a decência. Nunca foi um político profissional no sentido amplo. Em grande parte de sua formação teve uma influência muito grande e rica de ensinamentos do Monsenhoro Gomes na sedimentação de um caráter que o guiaria em tudo e durante toda vida. 

Meus contatos mais aproximados com o Dr. José Gomes se deram a partir de meus nove anos de idade, quando me levou para junto de si e me constituiu em uma espécie de secretário pré-adolescente, em Itaporanga, influência essa que me manteve relativamente próximo da vida e dos fatos políticos até hoje, pelo menos para estar sempre alerta quanto às suas consequências. 

Zé Gomes era a expressão do político, cuja permanência nessa atividade seria breve, uma vez que a rigidez de seu caráter impunha-lhe ver na política não uma arte, como a transformaram e como Aurélio Buarque de Holanda prefere definir o verbete. Para Zé Gomes a política era um ramo das Ciências Sociais com uma única finalidade, servir (Non ministran sedministrare). Como o Padre Gomes, viveu a vida de todos nós. Regozijou-se com nossas vitórias e sofreu nas derrotas. 

Finalmente, o Processo, cuja trama, marchas e contramarchas o autor expôs documentalmente, sem em nenhum momento pretender emitir juízo de valor, interessado apenas na mostra fiel dos fatos, igualmente como se deram, o que faz de sua obra uma fonte honesta de pesquisa para quem pretenda amanhã aprofundar-se com novas prospecções em busca de mais informações relevantes sobre a história dessa grande família e das origens de Misericórdia. O autor foi sábio ao transferir ao leitor a oportunidade de medir e avaliar o quanto a mesquinhez, incipiente da política de então, foi capaz de induzir ao perjúrio. 

Amilton Gomes da Silva 



INTRODUÇÃO

Marcas de uma Raça, mais do que um livro de Memórias, é um instrumento de resgate da verdade sobre um fato judicial histórico, embasado no chamado Processo Político da Família Jenipapo, ocorrido na década de vinte, na antiga Misericórdia. 

Não há dúvida de que a justiça paraibana teria escrito uma página equivocada em sua história se, em segunda instância, no Tribunal de Justiça da Paraíba, não tivessem prevalecido o bom senso, o espírito de justiça e a competência profissional, acatando o recurso de contestação dos advogados de defesa da família Jenipapo, lrineo Joffily e Guilherme Gomes da Silveira. 

Em trabalho de alto conteúdo jurídico e tecnicamente correto, através de ricos e claros argumentos, fulminou, uma vez por todas, um processo eivado de erros, vícios e vieses judiciais, carregado de parcialidade, apoiado em uma “política menor”, ferindo a tradição dos poderes constituídos estaduais paraibanos. 

As atuais e futuras gerações da Paraíba, notadamente de Itaporanga, terão uma fonte viva e completa para avaliar corretamente o elevado espírito público e o comportamento moral de nossos antepassados, homens probos e trabalhadores, que sempre lutaram pelo desenvolvimento de sua terra. 

Não é à toa que a antiga Misericórdia, sempre marcante na história da Paraíba, por suas lutas em prol do progresso, coragem e dedicação de seus filhos, mostra-se como a atual Itaporanga, figurando entre as primeiras cidades do interior paraibano, com o maior índice de universitários, nos mais diversos setores de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado, ligados a várias atividades humanas. 

Mesmo não sendo uma preocupação do autor, oxalá possa este título compor o acervo de obras editoriais de bibliotecas, contribuindo bibliograficamente, de alguma forma, em futuras pesquisas, no sentido de se aprofundar o conhecimento de fatos históricos ainda hoje presentes no cotidiano do locus, palco dos acontecimentos relatados. 

Na INTRODUÇÃO desta obra, que se inicia registrando: “tudo começou... “, vê-se logo que os fundadores de Misericórdia, sob a liderança do intrépido Alexandre Gomes da Silva, certamente sonhavam com uma cidade, como a atual Itaporanga, hoje considerada a capital econômica, social, cultural e política do vale do Piancó.

Como até ficou demonstrado, já existe farto material para se escrever a genealogia da Família Jenipapo, que é um desejo de todos do clã, e que esta obra seja concluída, completando o trabalho e esforço de Maria da Paz Gomes Silvino e Maria do Socorro Chaves, que fizeram a primeira tentativa. 

O autor planeja executar essa tarefa - com o apoio de muitos interessados - que somente será possível mediante o esforço comum dos vários ramos da Família Jenipapo ao emprestar as suas devidas colaborações, para que sejam evitados furos e falhas, com omissões de nomes de integrantes da família Jenipapo, nas linhas ascendentes e descendentes, alcançando, assim, as bases fundamentais indispensáveis num trabalho desse gênero literário. 

Este trabalho se estende apenas até à quinta geração por ter como objetivo principal apenas situar os nossos biografados (Mons. Gomes e Dr. Zé Gomes) no contexto deste livro. Os registros das gerações seguintes só poderão ocorrer com a realização da geneaologia de toda família Jenipapo, obra que oportunamente pretendesse concluir. 
No capítulo LINHAS DO TEMPO deste trabalho, estão os fundamentos principais de toda a descendência do português Antônio Fonseca Gomes, que chegou ao Brasil, vindo de Portugal, nos idos de 1750. E é daí que teve início a grande e tradicional família Jenipapo. 

Jonas Leite Chaves

0 comentários:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More