A Cantoria resiste às transformações culturais da sociedade sertaneja
Por Sousa Neto/Folha do Vale - Final da noite dessa sexta-feira, 2: no Bar de Tota, no centro de Itaporanga, os poetas repentistas J. Sousa e Nelma da Silva enchem a rua vazia de versos feitos na hora e amarram boas rimas embalados pelos acordes das violas, mas prendem poucos expectadores.
Ignorada pelos livros didáticos, relegada pela mídia comercial e esquecida até pela escola, a Cantoria agoniza, apesar de genuinamente paraibana e uma das mais ricas expressões poéticas do interior nordestino.
Nascida possivelmente na Serra de Teixeira, no final do século 19, a Cantoria foi, durante muitas décadas, o maior evento artístico da sociedade rural sertaneja, e também conquistou a cidade, atraindo gente e revelando valores como Pinto de Monteiro e tantos outros, mas perdeu força com o processo de urbanização, a chegada da TV, do vídeo e do disco.
Hoje há poucos cantadores, e o público da Cantoria é também cada vez menor, mas seus atores e defensores não se rendem: alimentam com suas rimas a tradição cultural que de tanto brilho poético povoou as noites dos nossos antepassados.
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