Acometido por uma pneumonia, idoso morreu sofridamente dentro de uma ambulância
Por Redação da Folha – Ainda comovido com a morte do pai, o agricultor Nelson Paulo, falecido na noite do último dia 9 dentro de uma ambulânicia, na saída de Patos para Campina Grande, o advogado Nosman Barreiro Paulo não tem dúvidas de que o falecimento do idoso foi antecipado pela precariedade da saúde pública regional. “E o que nos maltrata emocionalmente também é o sofrimento que ele passou rondando sem fôlego dentro de uma ambulância até sofrer uma parada cardiorespitarório e morrer”, comentou Nosman.
O agricultor, que residia no sítio Pau Brasil, em Itaporanga, foi acometido por uma pneumonia e internado no hospital local, mas seu quadro clínico piorou, e só ao final de três dias de internamento é que o hospital decidiu remover o paciente, conforme Nosman B. Paulo. Nelson foi retirado para Piancó, mas a situação do hospital piancoense é ainda mais precária, tanto que ele nem foi recebido pelo hospital, que alegou falta de condições estruturais e médicas. Mais uma demonstração de que a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) inaugurada dias antes da eleição do ano passado é uma farsa.
Depois de muito tempo esperando dentro da ambulância a decisão do hospital de Piancó, que resolveu não receber o paciente, ele seguiu para Patos, e lá viveu outro drama: foram os últimos instantes de sua vida. O hospital patoense, embora com mais recursos médicos, recusou-se a atender o doente por falta de vagas, de acordo com o que revelou o filho do paciente, que seguiu para Campina Grande, mas o velho Nelson não suportou tanta demora e negligência. “Sei que aquela não era a hora dele morrer, mas a precariedade da nossa saúde pública antecipou sua morte, que foi muito sofrida”, desabafou.
Nosman reconhece que seu pai foi bem recebido no hospital de Itaporanga e que os profissionais presentes fizeram o que estavam ao seu alcance, mas questiona a falta de estrutura hospitalar e a ausência de especialistas e equipamentos. “Conheço a precariedade da saúde pública de nossa cidade e região e sempre me manifestei contra isso, mas nunca pude imaginar que meu próprio pai seria vítima dessa lamentável realidade, como muitos foram ao longo dos anos”, lamentou Nosman, que atualmente reside em João Pessoa, onde tem negócios e é vice-presidente da Federação Paraibana de Futebol, mas possui empreendimentos também em Itaporanga.
“Não poderia ficar calado diante do momento difícil que viveu meu pai por pura omissão do poder público. É temário e criminoso um hospital não ter, por exemplo, uma sonda enteral para a alimentação de um paciente que não pode comer normalmente”, argumentou ele, ao informar que o pai havia feito uma revisão médica recentemente em Recife e estava bem, mas, ao retornar à cidade, contraiu uma pneumonia e não teve o tratamento adequado.
“Espero que um dia, o povo de Itaporanga e da região saiba reprovar esses políticos mandatários que há décadas se sucedem no poder e nada fazem em setor nenhum e muito menos na saúde, que hoje, como sempre, continua na base da “abulançoterapia”, e poderia está pior ainda se não fosse o Samu, que eu também reconheço a boa atenção que deu ao meu pai, mas saúde emergencial não se resolve somente com ambulância”, disse o advogado.
Publicado pelo Folha do Vale em 16-02-2015
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