segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O DESBRAVADOR

Por jesus soares da fonseca  em 20/09/2006 

Lendo as diversas crônicas, aqui, postas, foram despertadas em mim emoções várias, como tristeza, recordação, saudade, alegria, agradecimento, deslumbramento ou um misto disso tudo e concluo que só um Ser Diferenciado é capaz de mover toda esta gama de sentimento. José Sinfrônio de Assis é este Ser! 

Antônio Fonseca foi longe e fundo, mostrando, neste espaço de tempo de 51 anos entre a chegada de Padre Zé a Itaporanga e sua partida ao encontro de Deus, uma vida de abnegação e sacrifícios de um Sacerdote em prol de uma Comunidade que sequer, era a sua de origem.

Os filhos de Itaporanga ficam meio atabalhoados, não sabem se choram de saudade ou de agradecimento! Não sabem se riem de contentamento por sua chegada à Mansão Divina ou se rejubilando pela herança deixada.

Carlinho Ferreira com muita propriedade, sabedoria e humildade, diz, falando do Grande Artífice, Zé Sifrônio, não conhecer, profundamente, a vida sacerdotal, nem é preciso, Carlinhos! Como você bem disse, em sua crônica, é necessário, apenas, ter-se o dom do reconhecimento, da gratidão para expor com inteligência o que foi o desempenho, nesta vida, do Mestre que ora nos deixa. 

Certa vez, quando trabalhava em Itaporanga, conversando com o grande pensador, Fernão Dias de Sá, numa das vezes em que ensaiávamos o Auto da Compadecida, ele com aquele “ar” contemplativo, como se estivesse olhando um ponto no infinito, dizia-me que toda pessoa tem uma missão a desempenhar, aqui, na terra. Agora, lendo as palavras de Paizinha, vejo-me obrigado a concordar com o fabuloso Fernão. A missão de Padre Zé, aqui, na Grande Obra do Arquiteto do Mundo, foi a de um construtor da cultura, das artes, da educação, em suma, um Edificador, termo, segundo Paizinha, que poderia ser gravado em sua tumba, aos pés do monumento daquele a quem Ele tão bem reverenciou, o Cristo Redentor, e eu concordo, plenamente. 

“Morte por aqui, renascimento por lá”. Que beleza! Que consolo espiritual para todos que ficam tristes com a separação, com a dor da eterna ausência. Este é o pensamento de Reynolds Augusto. Com muita propriedade enaltece a vivência de Padre Zé, entre nós, mostrando-nos a sua recompensa com muito júbilo, em sua chegada à Senda Espiritual, como um bom filho de Deus. 

Tão poucos são merecedores de tanta honra, é o que nos diz João Dehon em seu belo poema. Padre Zé Sinfrônio de Assis, o Cimo, o mais elevado, o Cume, a guarida e a sombra de muitos viventes, é o tronco que tomba mais não morre, perenizado pela benção de seus frutos, pela obra grandiosa que erigiu, é o que nos informa, este belo poema, de Dehon.

Complementando minhas homenagens ao grande timoneiro itaporangado, sinto que por mais que se queira mostrar o papel preponderante desempenhado por Ele, não se pode, jamais, dizer tudo, porque sua biografia foi tão bem escrita pelo tempo que, inesgotável, assemelha-se a uma cacimba, quanto mais se cava, mais o liquido precioso jorra.

Não é, somente, Itaporanga que chora! O vale do Piancó está de luto! A Obra monumental de Padre Zé, o Ginásio Diocesano de Itaporanga, do qual com muito orgulho fiz parte do corpo docente, juntamente, com Cleó, Júlio Nitão, Dora Chaves e tantos outros professores, foi o avanço cultural de que estavam carentes todos os Valenses. Jovens, de toda nossa região do Vale, que ao término do ensino primário, não tinham para onde se deslocar, na maioria das vezes, por situação financeira, encontraram, ali, o porto seguro, de onde poderiam zarpar para degraus mais altos, para ensinos mais avançados. A plêiade, dos muitos, hoje já doutorados, formados, músicos, é grande.

Uma homenagem justa e sincera ao Grande Sacerdote, seria denominar, aquilo, que era a menina de seus olhos, de: Ginásio Diocesano Padre José Sinfrônio. Ele que era um grande admirador de D. João da Mata, bispo diocesano de Cajazeiras, a quem fez as honras de cognominar o Educandário com o nome daquele Prelado da Diocese, certamente, mereceria ter, agora, o preito de gratidão pelo que construiu. Tenho certeza que, D. João da Mata, agradecido, comungará de minhas idéias, de lá, da grande Propriedade Divina. 

Jesus Fonseca

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