Nas eleições presidenciais realizadas em março de 1930, com as candidaturas oposicionista de Getúlio Vargas (presidente) e João Pessoa (vice), poucos dias antes do pleito o coronel José Pereira, contrário às idésias de João Pessoa e Epitácio, sublevou o município de Princesa, sua base política, contra o governo paraibano tentando tomar a cidade e suas adjacências, entre elas Misericórdia, em um território perrepista. Piquetes foram armados em pontos estratégicos da cidade. Como a entrada se daria pelo Rio Piancó, a torre da Igreja do Rosário tomou-se um destes piquetes. A casa de Dr. José Gomes, de fronte para a entrada da cidade, na época, também virou outro ponto de defesa. Um dia, antes do tiroteio, o vigário de Misericórdia, Padre Lopes que era perrepista de coração entrou a cavalo na cidade, esbaforido, cansado e aos gritos, pedindo que os habitantes de Misericórdia deixassem a cidade, pois as tropas de Zé Pereira estavam bem armadas e preparadas para o confronto.
O primeiro tiro foi disparado lá das proximidades do Rio e atingiu a coronha de fuzil de Fausto, homem de confiança de Dr. Zé Gomes, resvalando, vindo a furar sua calça. A resposta foi dada, imediatamente pelos demais piquetes em defesa da cidade. Como havia muitos perrepistas parentes de muitos habitantes de Misericórdia, logo, a discórdia começou a surgir entre as tropas invasoras. Conta-se que Pitó Arruda, pessoa influente entre os invasores, sendo irmão de Pedro Arruda que era casado com Margarida Fonseca, irmã de Salomé Pedrosa, fazia ameaças àqueles que queriam, na possível tomada da cidade, agredir a família de Josué Pedrosa e de Salomé. Também se dizia que outros jagunços, gritavam o tempo todo – “vamos desbancar a raça da Carioca”, em menção a D. Judith, carioca de nascimento e esposa de Dr. José Gomes. O certo é que depois de um dia de resistência, chegou um avião teco-teco soltando bombas nos setores perrepistas, fazendo-os voltar a Princesa. O bando do coronel Zé Pereira, em questão, era composto por cerca de 400 homens.
Revista "Itaporanga, 144 anos de história"
* A fotografia acima nada tem a ver com o texto.
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