Recebi hoje, o novo cordel do poeta Bernardino, e o "devorei" com muita imensa vontade, uma porquê trata-se de um tema apaixonante e outra porque é mas uma obra desse poeta brilhante.
Na história do cordel
Muito assunto surgiu
Já se falaram de tudo
Que aconteceu no Brasil
História de ouvir contar
Que o povo vinha falar
O que surgiu no passado
Da lenda de um dragão
Do famoso Lampião
Até de contos de fada.
Falaram de Padre Cícero
Também de Frei Damião
Falaram de Zé Pereira
Que era o terror do sertão
Eram muitos destemidos
Onde passaram deixaram rastros
De muita destruição
Ainda bem que já se foram
Escreveram até um livro
Com Luiz rei do baião
Falaram de João Sem Medo
Do reino da pedra fina
Da briga na procissão
Até daquela menina
Que casou dezoito vezes
E eu digo pra vocês
Que ela já enviúvo
Ainda falta falar
Daquele que hoje está
Junto de Nosso Senhor
Eu falo de uma lenda
Que em Itaporanga passou
Por mais de cinquenta anos
Só que Jesus levou
Hoje vive do seu lado
Pra nós só resta saudades
Lembramos com muito amor
Mais tu já sabes quem é
Eu chamo de Padre Zé
Mais ele era monsenhor
Eu ainda era menino
Mais ouvia falar
De um padre recém-formado
Que tinha vindo pra cá
Ele era de Cajazeiras
Deixou a família inteira
E conosco veio morar
Assumiu nossa paróquia
Também o seu sacerdócio
E aqui resolveu ficar
Por mais de cinquenta anos
Ele ficou entre nos
Era querido por todos
Ainda lembro da sua voz
Quando falava sorrindo
Dizia vem cá menino
Fica quieto por favor
Não pode fazer zoada
Se não você desagrada
A Jesus Nosso Senhor
Foi pelos anos cinquenta
Ou mesmo cinquenta e três
Isso eu não sei ao certo
Não sei dizer pra vocês
Só sei que foi muito tempo
Mais ele foi um exemplo
De homem, Padre e Pastor.
Não tinha medo nem manha
Conduzia o seu rebanho
Com garra e com muito amor.
Padre Zé chegou aqui
Bem no tempo da discórdia
Tinha muitos cangaceiros
Era difícil manter a ordem
Mais tudo isso ele enfrentou
Junto com os outros lutou
Para a paz poder reinar
Uma arma nunca usou
É em nome de nosso senhor
Ele fez tudo acalmar
Padre Zé tinha vontade
De ver a cidade mudar
Mais os tempos eram difíceis
Não tinha como ajudar
Aquele povo sofrido
Que vivia escondido
Nesse pequeno lugar
Não tinha campo de bola
Nem se quer uma escola
Para os meninos estudar
Mas ele teve uma ideia
Uma luz que clareou
Deus estava do seu lado
E sempre lhe ajudou
Ele comprou um terreno
Não era muito pequeno
Lá no Alto do Madeiro
Depois aregassou as mangas
E saiu pedindo ajuda
Pra conseguir o dinheiro
Ele saia pelos sítios
De casa em casa pedia
Um pouquinho de arroz
Ate mesmo uma galinha
Juntava de pouco a pouco
Trabalhava feito um louco
Pra seu sonho realizar
De pagar esse terreno
Pra construir uma escola
Para o pobre poder estudar
Trabalhava dia e noite
Todo tempo sem parar
Só no final de semana
Que tinha pra celebrar
Batizados e casamentos
Crismas e outros eventos
Que na igreja existia
Nunca chegou atrasado
Na missa das seis e meia
Que celebrava todo dia
Com tantas dificuldades
Era feliz como um canário
Todo dia celebrava
Na igreja do Rosário
Depois pra luta saía
Isso era todo dia
Trabalhando sem parar
Ele era incansável
Mais tinha o sonho de ver
Misericórdia mudar
O tempo foi passando
E a cidade crescendo
E junto com Padre Zé
Tudo foi desenvolvendo
Ele sempre dizia
Nosso Senhor é meu guia
Comigo ele sempre anda
Juntos mantemos a ordem
Da velha Misericórdia
Que hoje é Itaporanga.
Assim o tempo passava
E ele sempre a trabalhar
Fazendo festa e quermesse
Para dinheiro arrecadar
Não pegava em nenhum centavo
Todo dinheiro aplicava
No terreno que comprou
Entra ano e sai ano
E o colégio Diocesano
Um dia ele terminou.
Esse foi o primeiro sonho
Que ele realizou
Além de ser um bom padre
Também era professor
Dava aula todo dia
Feliz por que já podia
Fazer o que sempre gostou
O Colégio era privado
Mais as pessoas carentes
Todos de graça estudava.
Quem quiser ler o restante do cordel, e só procura o poeta Bernardino Pinto, ele realmente está muito bom.
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