Folha faz reflexão sobre a relação prefeito e povo, e chega a algumas conclusões
Quem está no poder e busca uma reeleição tem, sem dúvida, maiores vantagens sobre qualquer que seja o concorrente na sucessão municipal, mas há gestores mais destacados do que outros no quesito político-administrativo, exatamente por sofrerem menos desgastes.
O desgaste é terrível para o gestor e, mesmo que ele realize inúmeras e importantes obras, depois que pega a fama de ruim, dificilmente conseguirá livrar-se dela. E essa má fama é geralmente originada de coisas (obras e serviços) de forte repercussão popular que deixaram de ser resolvidas ou a solução chegou atrasada.
Assessores despreparados para atender o povo e encaminhar soluções de demandas populares terminam também criando problemas, e a culpa é sempre do prefeito, mas o fato do gestor estar inocente na história não o exime de responsabilidade, já que é ele o dono da “casa”, e, sendo assim, tudo termina resvalando em sua reputação administrativa, negativo ou positivamente. Ausência constante do prefeito do seu município é outro fator preponderante no desgaste governamental, mesmo que essa ausência tenha, na prática, pouca importância na condução administrativa.
Pelo outro lado, há prefeitos que não têm, sequer, uma única obra com recursos próprios e acumulam graves falhas administrativas, mas conquistam a fama de bom e quase todo mundo encontra uma desculpa para seus erros e omissões. São gestores com tanto jogo de cintura político que, na maioria das vezes, mesmo dizendo “não” ou atendendo parcialmente um pedido, não desagrada o munícipe, eleitor em potencial. Esses são geralmente prefeitos bons de política e bons de verbo, e nem necessitam serem bons de verba para alcançarem seus objetivos.
Mas, claro, nem todos se encaixam nesse quadro: há gestores municipais que conquistam grande aceitação popular por fazerem um governo equilibrado e justo, contemplando todos os setores da sociedade e realizando obras, do centro à periferia, que vão de encontro às necessidades comunitárias. Esse é o caminho correto que os gestores devem percorrer, mas, para isso, além da responsabilidade e sensibilidade para com os problemas que afetam seu povo, o prefeito precisa também estar cercado por gente competente: ter bons assessores e secretários é algo fundamental, já que eles têm mais contato com as pessoas e suas necessidades do que, muitas vezes, o próprio gestor.
No entanto, há também outra questão a ser avaliada: muitos prefeitos não se preocupam com uma coisa essencial: saber corretamente o que o povo pensa de sua gestão e em que aspectos poderiam melhorar ou se desgastar menos. Eles não têm o costume de contratar pesquisas isentas para mediar a popularidade e possíveis falhas, e preferem acreditar em informação de assessores que nem sempre têm coragem de falar a verdade por medo de desagradar o chefe ou de pessoas que nem sempre são sinceras diante de uma autoridade. O problema é que muitos imaginam que estão agradando o povo com base em informações parciais e terminam, posteriormente, se decepcionando ou passam a vida toda sem saber o que verdadeiramente as pessoas pensam e falam sobre sua gestão.
Um outro aspecto da questão político-administrativa regional é que a maior parte dos gestores perdoa afrontas verbais e traições políticas, e até, posteriormente, reconcilia-se com seus críticos ou inimigos ideológicos, mas as primeiras-damas são sempre mais rancorosas e acumulam mágoa: muitas encaram a questão passivamente para não desagradar o marido, mas dificilmente superam o ressentimento e a desconfiança com os que feriram moralmente ou politicamente o seu digníssimo. O problema é que nem todas compreendem que as brigas políticas nem sempre são sinceras, mas já estão começando a aprender a lição.
Todas essas reflexões são frutos de estudos e avaliações feitas pela Folha (www.folhadovali.com.br) ao longo desses dez anos de acompanhamento da gestão pública municipal, especialmente no Vale.
Ultimamente, a Folha ouviu lideranças comunitárias e políticas dos municípios regionais onde os prefeitos podem disputar a reeleição no próximo ano: também avaliou a conjuntura política atual em cada comuna e perspectivas para 2012; o quantitativo de votantes que cada gestor obteve no último pleito em comparação com o candidato derrotado; bem como o quantitativo e qualitativo das lideranças que apoiam cada prefeito; e também a qualidade da oposição em cada comunidade municipal e quem são esses opositores e quais seus potenciais.
A conclusão é que, se a eleição fosse neste mês de julho, a maioria dos prefeitos que tem direito a disputar um segundo mandato seria, provavelmente, reeleita. Dos 11 gestores regionais com direito à reeleição, os cinco que teriam maiores chances ou encontrariam menos dificuldades para vencer, se o pleito fosse hoje, seriam José Walter (PMDB), de São José de Caiana; Tintin (PP), de Aguiar; Chico Carvalho (PSDB), de Olho D'água; Pedro Feitoza (PT), de Ibiara; e Drª Fernanda (PSDB), de Emas.
Mas essa é uma avaliação momentânea e com base subjetiva: até a eleição, o quadro pode melhorar ainda mais para os prefeitos ou eles podem sofrer algum desgaste que acarrete dificuldade na postulação de um segundo mandato no pleito de daqui a pouco mais de um ano.
Publicado pelo Folha do Vale em 07-07-2011
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