sábado, 11 de outubro de 2014

DAZINHA FONSECA - UM EXEMPLO EDIFICANTE


Quem não conheceu esta figura extraordinária em forma de mulher!? 

Era uma mulher pequenina, franzina de uma fibra impressionante para dar inveja a qualquer pessoa de porte altivo.

Ficou viúva com 43 anos e sete filhos para criar. O esposo, Antônio Soares da Fonseca, mais conhecido como Totinha, morreu de um enfarte fulminante em um sábado do mês de julho de 1953, às 10 horas da noite. 

O mundo de Dona Dazinha desmoronou. 

Era a mais pobre das irmãs, mas, sonhava alto, juntamente com o marido, e sempre diziam para os filhos: 
- não temos posses nem riquezas; a riqueza que vamos lhes dar não pode ser roubada por ladrões nem comida por traças e cupins. Vamos lhes dar o estudo, a cultura que é aquilo que impulsiona as pessoas para frente e para cima. 

O sonho ficou abalado com a ausência do marido, porém, em alguns dias seguintes ao sepultamento de Seu Totinha, ela juntou os filhos e disse-lhes: 
-“de agora em diante eu sou “pãe” ou seja pai e mãe. Só quero ver vocês na rua para ir à escola ou à igreja. Quero todo mundo estudando e as brincadeiras só serão aproveitadas depois que a lição estiver feita. Se for preciso e se houver desobediência, vou castigar, mesmo com dor no meu coração”. 

Foto feita no dia que ela falou que seria “pãe” deste dia em diante – Julho de 1953 Francisco (Noly) – Teresa – Nemy – Dazinha – Edmilson – Jesus –Dehon - Tonho
Ganhava um salário mínimo como contínua (porteira) do Grupo Escolar Simeão Leal; nunca teve falta no trabalho. Trabalhava grávida até o dia da parição e, nos 03 dias subsequentes, mesmo tendo direito trabalhista, não se ausentava e o Seu Totinha ia fazer a sua função.

Passou dificuldades severas para acabar de criar e educar os filhos, contudo, cada um foi entendendo que este era o caminho e procuraram retribuir esta forma de pensar estudando com afinco e, quando arranjavam emprego, ajudavam a mãe a formar os outros irmãos. Nunca um de seus filhos ficou em segunda época ou recuperação. Todos passavam de ano com boas notas, com ótima escolaridade.

Foi estoica até o extremo; aguentou humilhações de pessoas da própria família que diziam ser o estudo um privilégio de ricos e que pobres deveriam pegar na enxada e ir plantar milho e arroz para a sobrevivência. Quanto mais ela ouvia estas frases negativas, mais se sentia impulsionada para subir a montanha da vitória mostrando que não existem montanhas intransponíveis, mas, falta de planejamento para a sua escalada.

Para o cumprimento desta escalada era necessário que sofresse estoicamente, passasse por grandes obstáculos e necessidades, sentisse o sabor salgado da lágrima da penúria e, altivamente, vencesse o dissabor. Não poderia recuar. Era vencer ou vencer.

Como armas, foram-lhe dadas a esperança e a fé.

Da primeira arma, ela usou todo o seu potencial demonstrando que um SONHO não é um mero sonho ou apenas utopia, mas, é realizável quando se tem a força inquebrantável dos heróis.

Da segunda arma, ela fez duplicação, multiplicação. Transformou cada pedacinho de fé em mil pedaços, jamais demonstrando desânimo durante a subida tão íngreme da montanha da glória.

Acreditou em si e apostou alto na vitória.

Nas madrugadas silenciosas e solitárias, chorou o desespero e o medo de não alcançar o objetivo, mas, quando a alvorada chegou, ela espantou o fantasma da insegurança e se encheu de novo ânimo e de uma força descomunal que não se sabe como pode caber em um corpo tão pequeno e frágil.

Encheu os olhos do brilho da esperança e usou uma fé enorme na realização da meta. 

Venceu. Venceu uma, duas e várias vezes até transbordar a taça do dever cumprido.

Todos os sete filhos se formaram, alguns até com uma ou mais formaturas: são dois médicos, um dos quais também é psicanalista; outro foi padre e, posteriormente, mestrado em educação; um outro é engenheiro civil e também engenheiro sanitarista; tem um que, além de engenheiro agrônomo, é bacharel em  direito e formado em geografia. Tem também um bacharel em Ciência da Computação e uma mestra em pedagogia.

Em pé – da esquerda para a direita: Edmilson (engenheiro civil e sanitarista, Secretário de Estado várias vezes) – Nemy (padre, teólogo, filófo e mestrado em pedagogia), Dona Dazinha, grande mãe, grande mulher – Francisco (Noly), médico e professor. Sentados – João Dehon. Engenheiro agrônomo, geógrafo e bacharelando em direito – Antonio (Tonho Fonseca), médico, psicanalista, jornalista e diplomata – Teresa Neumann mestra em pedagogia – Jesus (bacharel em Ciência da Computação).

Este exemplo de uma extrema força de vontade serviu de exemplo a toda a cidade de Itaporanga fazendo com que muitos chefes de família copiassem o modelo, impulsionando os filhos para o estudo. Havia uma frase corrente na época, décadas de 1950 e 1960, que se dizia: 
- filho, faça como os filhos de Dazinha, vá estudar!  

Este é, pois, um exemplo edificante a ser copiado e aplaudido. 

O exemplo de Maria de Sousa Fonseca - Dona Dazinha – que morreu aos 95 anos com a consciência tranquila de que cumpriu muito bem o seu papel na Terra.

Era filha de Major Abdon Leite da Costa Guimarães.

Antonio Fonseca Jr.


1 comentários:

O autor ainda falou pouco desta mulher extraordinário que modificou o pensamento cultural de Itaporanga incentivando, com o seu exemplo, a todos estudarem. Toda a cidade hoje deve a esta grande mulher o exemplo de força de vontade e de vitória em cima das dificuldades da vida.

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