quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O CORDEL DO CORDEL


O CORDEL DO CORDEL
Sua História e seus Heróis
Autor: Merlânio Maia

Permita me apresentar
Com meu verso tão fiel
Aos nobres pesquisadores
Com meu diploma e anel
Meu nome é Merlânio Maia
E este é o Cordel do Cordel

O que chamam de Cordel
Na Vera realidade
É a grande Literatura
Popular de qualidade
Folhetos vindos de longe
Das européias cidades

Já no século quatorze
Na Holanda, Portugal,
Espanha, França e Alemanha,
Toda Europa ocidental
Já havia estes folhetos
Em circulação normal

Músicos cavalheirescos,
Sedutores Menestréis,
Bardos que de vila em vila
Dessa arte tão fiéis
Cantavam esta bela arte
Dos folhetos de Cordéis

E então quando as Caravelas
Cruzaram o mar de anil
Em busca do Novo Mundo
Ali se introduziu
Literatura em folheto
A caminho do Brasil

Foi assim que a Pindorama
Nossa Nação adorada
Conheceu estes folhetos
Quando foi colonizada
Por levas de Trovadores
Cantando pelas estradas


Dos trovadores nasceram
Cantadores e Violeiros
Que andavam pelas vilas
E em casas de fazendeiros
Levando as informações
Por todo Brasil inteiro

Desde lá de Portugal
Todo folheto era exposto
Em barbante ou cordel
Bem dobrado e assim disposto
E assim ganhou este nome
Que o povo fala com gosto

Eram escritos em prosa
Até história menor
Em quadras metrificadas
Em redondilha maior
Sete silabas contadas
Dando um ritmo melhor

Na Espanha Pliegos Sueltos
De poesia popular
Portugal eram Cordéis
Que tinha em todo lugar
Aqui Folhetos de feira
Que até hoje pode achar

O tesouro do Cordel
Adentrou nas Caravelas
Atravessou sete mares
Tornando as vidas mais belas
Enfim chegou ao Brasil
Nação verde e amarela

Logo ao nascer da nação
O Cordel cantou seu hino
Acalentando no berço
O enorme país menino
Que nasceu bem no Nordeste
Pois Brasil é Nordestino

E assim neste berço esplêndido
O Cordel tem novo porte
Foi decantado em sextilhas
E na setilha tão forte
Por dois poetas gigantes
Paraibanos de sorte


Os dois que fizeram história:
Leandro Gomes de Barros
Criou mais de mil folhetos
Sem estanques, nem esparros
E viveu de fazer versos
Tantos que enchiam carros


Silvino de Pirauá
Foi outro paraibano
Também cultuou poesia
Fez do Cordel o seu plano
Junto à viola e violeiros
O Cordel foi soberano

Este pequeno folheto
Que precedeu ao jornal
Divertindo a populaça
Com força descomunal
Também afrontou o rádio
Sem apagar seu fanal

Mais tarde veio a TV
Pensaram: - é a sua morte!
Mas o Cordel não morreu
Enfrentando toda sorte
E agora usa a Internet
Para ficar bem mais forte

Grandes autores vieram
Fazendo esta sua arte
João Martins de Atayde
Que não deixou um descarte
José Pacheco e Dila
Também fazem a sua parte

E também Cordeiro Manso
Joaquim Sem Fim, Antonio Cruz,
Manoel V. Paraíso
Joaquim Silveira conduz
Patativa do Assaré
Que ainda hoje reluz

José Camelo de Melo,
Romano Elias da Paz,
Moisés Matias de Moura,
José Adão, Manoel Tomás,
Laurindo Gomes Maciel
E centenas de outros mais

E os Cordéis de sucesso:
“Juvenal e o Dragão”,
“O Pavão Misterioso”,
“A Sina de Lampião”,
“A Princesa Teodora”,
“E a Seca no Sertão”

“A Mulher Que Virou Onça”,
“Oliveiro e Ferrabrás”,
Tem “Maria Madalena”,
E “É Bom Tudo o Que Deus Faz”,
“Pelé na Copa do Mundo”,
Tantos que não findam mais

“As Proezas de João Grilo”,
“O Meu Sertão no Inverno”,
“A Vida de Padre Cícero”,
E “O Paraíso Moderno”
Cito também: “A Chegada
De Lampião no Inferno”,

O Cordel de “Lampião
E a Velha Feiticeira”,
“A Discussão de Um Fiscal
Com o Matuto na Feira”,
“Lampião Fazendo o Diabo
Chocar um Ovo”. Primeira!

Tem “O Pássaro Encantado
Da Gruta de Ubajara”,
“A Ameaça de Corisco
De Atacar Ibiara”,
E “A Desgraça de Um Corno
Depois Que Quebrou a Cara”

“O Vale das Borboletas”,
“Conversa de um Xeleléu”
Com o Seu Anjo da Guarda”,
E “A Saga de Rapunzel”,
“Zé do Brejo, o Caipora”,
Pois tudo isso é Cordel

E até hoje é o folheto
Nossa cultura mais forte
Influenciando músicos,
Poetas de Sul a Norte
Levando a todo o Brasil
O seu ritmo e o seu porte

Muitos artistas famosos
Se inspiram neste celeiro
Do universo do Cordel
Como Jackson do Pandeiro,
Elba, Geraldo Azevedo,
Tom Zé e Zeca Baleiro,

Até o Chico Buarque
Já buscou seu agasalho,
Gilberto Gil, Gonzagão,
Gonzaguinha e Zé Ramalho,
Caetano e Antonio Nóbrega,
Sivuca sem embaralho...

Além de outros literatos:
José Lins, Graciliano,
José Américo de Almeida,
O Suassuna, Ariano,
Só para homenagear
Os maiores deste plano

Aqui trago a homenagem
Ao grupo contemporâneo
Astier, Bráulio Tavares,
Daudeth e o meu conterrâneo
Que é Bebé de Natércio
Grande abraço de Merlânio

Minha história não termina
E mantenho-me cantando
Rindo-me em muitos momentos
Lá na frente até chorando
A levar nossa cultura
Nas ondas da criação
Irreverente mistura
Onde derramo a emoção


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