sábado, 18 de outubro de 2014

Polo têxtil de Itaporanga, na Paraíba, cresce e fica mais competitivo

Indústrias se organizam, diversificam produção e criam empregos em uma das regiões mais afetadas pela estiagem


Da Agência Sebrae de Notícias

Polo têxtil de Itaporanga cresce e fica mais competitivo

Entre tramas e fios, a 450 quilômetros de João Pessoa, as possibilidades de desenvolvimento e geração de emprego e renda não param de crescer para pelo menos 35 empresas localizadas no Vale do Piancó, uma das regiões mais afetadas pela seca prolongada. Boa parte delas concentra-se no município de Itaporanga, onde um terço da população está envolvida direta ou indiretamente com o setor têxtil e o cenário é de novas oportunidades de crescimento. 

Panos de chão e de pratos, flanelas, aventais e coadores são os principais produtos que exigem mão de obra relativamente qualificada, equipamentos apropriados, principalmente teares e máquinas de costura, além de muito trabalho. Uma das indústrias mais antigas, a Itatex, emprega 350 funcionários, investe em panos de prato e de chão e toalhas. “Boa parte das empresas que se instalaram aqui na região começaram como terceirizados da nossa empresa, mas foram crescendo e ganhando seu próprio espaço no mercado”, afirma Danielle Fernandes, gerente da empresa fundada há 17 anos e atual presidente da Associação das Empresas Têxteis do Vale do Piancó, que reúne dez indústrias associadas. 

Entre os que foram terceirizados, estava o empresário Marconi Costa, proprietário da MC Flanelas. Começou na década de 90 como representante, depois montou uma pequena estrutura de produção em um espaço de 15 metros quadrados na própria casa e conseguia produzir cinco mil flanelas mês. “Comprava o rolo de tecido, costurava e embalava em máquinas caseiras, mas percebi que tinha espaço para crescer e precisava de gente qualificada para trabalhar”, lembra Marconi. 

Com recursos próprios, o empresário foi ampliando a sua produção de flanelas, associada ao trabalho de representação que ainda mantinha com outras empresas. “Decidi investir no ramo de tecelagem e, em 2008, construí uma estrutura com de 1,7 mil metros quadrados de área. Foi quando vi que precisava de pessoal com mais conhecimento técnico de produção e não só de acabamento de produtos”, explica. 

A MC Flanelas contratou mecânicos, técnicos em acabamento, em tingimento, importou máquinas e hoje o proprietário conhece todos os detalhes do processo produtivo. A área total da empresa ocupa um espaço de 3,7 mi metros quadrados, com 104 funcionários, sendo dez deles só no apoio administrativo da pequena indústria. 

As indústrias, em geral, são empreendimentos com particularidades em seu funcionamento, que se não tiverem os processos produtivos bem organizados, sofrem com desperdício, demissões frequentes e perda de lucratividade. Diante do crescimento rápido, o proprietário da MC Flanelas não hesitou em procurar ajuda. “Tinha problemas com rotatividade de funcionários e organização da produção. Após um ano de consultoria com o apoio do Sebrae, mudei o conceito de que comprar mais equipamentos e contratar pessoal era o único sinal de crescimento”, avalia Marconi. 

Competitividade 
Segundo explica o engenheiro e consultor de empresas Germano Márcio Gomes, muitas medidas de baixa complexidade provocam melhorias significativas e 30% a mais em produtividade. “Muitas vezes, o empresário acha que inovar é adquirir maquinário novo, mas quando se trabalha com um monitoramento mais preciso da produção, organização do processo produtivo, das etapas mais simples às mais complexas e se engaja os funcionários nesse compromisso com o resultado da empresa, eleva-se o grau de competitividade do negócio e todos ganham”, esclarece o consultor. 

No caso da MC Flanelas, com a otimização da produção foi possível extinguir o turno de trabalho aos sábados, algo impensável para as demais empresas do setor, além de estabelecer políticas de bonificação. “Esse é um exemplo muito positivo de que, pelo comprometimento do líder da empresa e de seus colaboradores e acompanhamento contínuo, é possível a pequena empresa competir mais”, avalia Ana Stefânia, analista da agência regional do Sebrae em Patos.

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