sábado, 1 de novembro de 2014

Aos 76 anos, itaporanguense reencontra a infância: ela coleciona bonecas, muitas encontradas no lixo


A aposentada Josefa Sabino, de 76 anos, é conhecida pelo apelido de Dodô e também por uma paixão que guarda em seu quarto e vem desde a infância: as bonecas. São centenas de tamanhos e modelos variados, bem vestidas e penduradas na parede. A roupa delas também é a itaporanguense que produz.

Dona  Dodô começou a coleção aos 60 anos, quando comprou um exemplar e passou a receber doações, mas grande parte do que tem hoje veio do lixo: um dos seus filhos trabalhou na limpeza urbana de Itaporanga e todo o pedaço de boneca que encontrava ia para as mãos da mãe e era reaproveitado. Juntando peça por peça, consertando aqui e ali, ela conseguiu criar muitas e belas bonecas. Reaproveitando materiais descartados reconstruiu, principalmente, sua própria infância, perdida pela pobreza e pelo trabalho muito cedo, o que era comum naquele tempo.

Transformou sua casa em uma oficina de bonecas, a qual dedicou boa parte do seu tempo: o que era lixo ganhou vida nova pelas suas mãos. Também é costumeiro receber bonecas quebradas de vizinhos ou de gente de longe e deixá-las novinhas e bem trajadas. A aposentada mora com uma filha no conjunto Chagas Soares, em Itaporanga, e chama atenção pelo grande carisma: é tão risonha quanto suas próprias bonecas. Nunca se amargurou por ter sido deixada pelo marido: depois dele, teve outros relacionamentos e mais um filho.

O apego às bonecas está relacionado à sua infância pobre e rural. Viveu durante muito tempo no sítio Capim Grosso. “Desde menina que eu gosto de boneca, mas meu pai não tinha condições de comprar nenhuma pra mim, e eu não tinha com o que brincar, então fazia minhas bonecas de pano, quando encontrava algum retalho, mas sempre quis uma boneca de plástico”, relembra. Um desejo que só pode realizar depois de idosa.

Hoje ela perdeu a conta de quantas bonecas tem, mas diz que sua coleção já foi bem maior. Também atualmente já não se dedica tanto ao conserto de suas queridinhas, embora, de vem em quanto, alguém bata à sua porta com uma bonequinha quebrada ou precisando de roupa. “É uma coisa que dá muito trabalho”, comentou a idosa, que muito se orgulha de suas calungas e dorme rodeada por elas.

Ultimamente, começou a doar bonecas a crianças que, como ela, não tem com o que brincar e pretende, até o final da vida, presentear muitas crianças.

Redação da Folha do Vale

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