domingo, 30 de novembro de 2014

Misericórdia / Itaporanga - O QUARTO LIVRO - Bosco Gaspar

O QUARTO LIVRO

Nossos líderes maiores 
De como uns poucos assumiram o comando da política de Misericórdia e outros que foram mais além conquistando posições políticas e administrativas aqui e alhures, no Norte e no Sul, levando o nome de Itaporanga para as fronteiras de Roraima e do Paraná, passando por Brasília.

Armando Abílio

Armando Abílio é um daqueles muitos jovens do Vale do Piancó que poderia ter se tornado padre, pois na década de 50 por falta de escolas para homens, eram obrigados a se deslocarem para Patos, Campina Grande, João Pessoa ou ingresso no Seminário de Cajazeiras, com os pais sonhando em ter um sacerdote na família. Ele, porém, um dia deixou a batina de seminarista e vestiu o jaleco de estudantes e depois de doutor em medicina. Armando é o único varão de Argemiro Abílio e Luíza Martins Vieira. Quando ele nasceu na cidade de Diamante, encheu de alegria a família, que correu para o cartório, dizendo “Viemos registrar o padre”. 

“Eu deixei o Seminário em 1960 - conta Minha mãe sonhava em ter um filho padre. Quando cheguei em casa e ela que não concordou com a minha saída do seminário, pois queria que eu fosse um padre. O diretor do seminário era o Dom Zacarias Rolim de Moura, que também não concordou com a minha desistência, já que desejava me mandar estudar em Roma, mas eu sabia que a minha vontade não era exatamente aquela” . 

Retomando a Diamante “com mala e cuia”, o adolescente Abílio teve que enfrentar discussões calorosas e, para ser um padre, segundo ele, sem seguir o ritual e todas normas da igreja católica não compensava. Mas, eis que surgiu um acordo na família: ou o Armando iria estudar Medicina ou Engenharia. “Como eu já tinha o pensamento e a vontade de ser médico, fui fazer vestibular em Recife, passei em segundo lugar e fiz o curso dos meus sonhos”, adianta. 

“Todo sertanejo é político por natureza”. E foi assim que o deputado federal Armando Abílio iniciou a conversa sobre o político que ele é hoje, há 11 anos atuando em tribunas parlamentares, nas comissões legislativas, fazendo um trabalho que começou na Assembléia Legislativa da Paraíba. E que hoje é feito na Câmara de Deputados, em Brasília. Mas sua estréia na política veio bem antes. Aconteceu com a sua eleição para vice-prefeito em Esperança 

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Com o anel de doutor e a sede de trabalhar pelos mais necessitados, o ginecologista e obstetra Armando Abílio foi atuar em Esperança. Os primeiros passos foram dados dentro da “Maternidade São Francisco de Assis” e ali atuou durante dez anos, “Eu era o único médico do hospital, operava e tinha ajuda de uma das freiras da cidade e outra que acompanhava na anestesia. “Eu tenho dito e vou continuar repetindo: eu era feliz e não sabia e gosto muito de repetir, que estou deputado, mas sou médico, em função exatamente da minha identificação com a minha profissão”. 

Ao longo de sua trajetória, Armando Abílio vem retribuindo, não apenas a Esperança, mas a toda Paraíba os votos que lhes são confiados. Existem parlamentares com vários perfis e existem os das Comissões. Ele é membro da Comissão de Orçamento. “O meu perfil é exatamente o da comissão e das ações. A Paraíba sabe disso”. 

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A melhor conquista de um homem é encontrar o grande amor de sua vida, um amor que germina e que dá frutos. Armando é casado com Rosa Bronzeado e da união nasceram Ana Luiza, Renata, Juliane, Cíntia e José Bronzeado Sobrinho Neto. Como ele conheceu Rosa? “O pai dela, Paisinho Bronzeado, era prefeito de Remígio, e, na época, eu era médico da cidade, daí surgiu o conhecimento, e dele o casamento com Rosa”. 
Um momento sublime na vida do médico Armando Abílio, segundo ele diz, foi o de poder fazer o parto de algumas filhas. “Não fiz o da primeira, mas fiz o da segunda e da terceira filha”, frisa emocionado. E mais: Armando confessa que é um homem realizado, não gosta de badalação, vive entre Brasília, Esperança e João Pessoa totalmente dedicado ao seu mandato e à sua família. 

Balduíno Minervino de Carvalho

Com afastamento do médico José Gomes da Silva do exercício permanente da medicina na região de Itaporanga, por conta de sua eleição para a Câmara Federal, um nome começou a surgir no cenário médico e político do Vale do Piancó: Balduíno Minervino de Carvalho. Formado pela Faculdade de medicina do Recife, em 22 de dezembro de 1934, com especialidade em clínica médica e obstrétricia, Balduíno, que era natural do então distrito de Olho D’água, município de Piancó, decidiu praticar a profissão no interior do seu Estado e meses depois já estava instalado em Itaporanga. 

Já casado com Maria Laurentino de Medeiros Carvalho, desde 1930, Balduíno era filho de Júlio Minervino da Silva e RacheI Rodrigues de Carvalho, e nasceu no dia 30 de dezembro de 1905, mas só iniciou seus estudos 10 anos depois, no Colégio Pio XI, em Campina Grande. Fez o secundário no Liceu Paraibano, em João Pessoa, e o universitário no Recife, a partir de 1929. Em 1932, ainda estudando medicina, alistou-se como voluntário na Revolução Constitucionalista de São Paulo, sob o comando de Bertoldo Klinger e Agildo Barata. 

Radicado em Misericórdia, Balduíno via a cada dia crescer o seu prestigio, notadamente entre as pessoas mais carentes do município, graças a medicina gratuita que praticava, o que se estendeu por quase 50 anos. Com a queda da ditadura Vargas e, consequentemente, a redemocratizção do país, decidiu ingressar na política e foi eleito Deputado Constituinte à Assembleia Legislativa da Paraíba, cargo que assumiu em 1947, e como parlamentar permaneceu até 1970, sempre integrando os quadros do PSD e, depois, o MDB, sob a orientação política dos irmãos Janduy e Ruy Carneiro. 

Entre os inúmeros benefícios por ele levados para Itaporanga vale destacar a criação da Sociedade Mantenedora do Hospital Regional e da Associação de Proteção à Maternidade e Infância “Nossa Senhora de Fátima”, no dia 24 de junho de 1957; participação na fundação do Colégio Padre Diniz, administrados pelas Irmãs Carme1itas, cujos Estatutos foram publicados no dia 07 de março de 1946; participação no lançamento da pedra fundamental do Colégio Diocesano de Itaporanga, no dia 26 de maio e 1957; fundação da Associação Rural de Itaporanga e a criação de uma agência do Banco do Nordeste, com o apoio do ex-governador João Fernandes de Lima. 

O deputado Balduino Minervino de Carvalho faleceu no dia 30 de dezembro de 1980, em Itaporanga, no mesmo dia em que completava 75 anos de idade. O seu corpo está sepultado no Cemitério Mãe de Misericórdia, e na casa em que morou, na praça que leva o seu nome, existe um pequeno museu com objetos relacionados com a medicina e a sua atuação política. 

José Soares Madruga

Com o retraimento político de Balduíno Carvalho e a sua consequente retirada da vida pública, surge em Itaporanga uma renovada e corajosa liderança, na pessoa do jornalista José Soares Madruga, um arrojado analista político que já havia participado de inúmeros embates eleitorais, tanto em sua terra natal como a nível estadual, sem, no entanto, ter disputado qualquer cargo eletivo. Ele chegou revolucionando a vida do município e ao longo dos 15 anos em que esteve na Assembleia Legislativa levou para Itaporanga e para o Vale do Piancó tantos e inúmeros benefícios, representados pela construção de obras e instalação de órgãos regionais que mudaram completamente as relações de forças entre Itaporanga e outras cidades da região. 

Soares Madruga nasceu na fazenda Cardoso, no dia 25 de dezembro de 1930, filho de Francisco das Chagas Soares e Ana Loureiro Soares, ele um agricultor e comerciante que gostava de fazer política, tanto que foi presidente do diretório municipal do PTB de Itaporanga por vários anos, e por cuja legenda foi eleito vice-­prefeito da cidade na chapa de Francisco Clementino de Carvalho. Madruga herdou do pai o gosto pela vida pública, tanto que participou ativamente da política estudantil na capital paraibana e, ainda muito moço, foi secretário geral da Prefeitura de Itaporanga, na gestão de Sebastião Rodrigues de Oliveira. 

Em João Pessoa, no final da década de 60, embrenhou-se pelo jornalismo político, primeiro como redator do jornal “Tribuna do Povo”, e depois em “A Noticia”, publicação ligada ao PSD e que era dirigido por Juarez da Gama Batista. Pela excelência dos seus textos e a clareza dos seus comentários foi convidado e aceitou assinar a coluna “Diário da Política” do “Correio da Paraíba”, o jornal de Teotonio Neto que começava a dominar os meios de comunicação do Estado, pelo que, anos mais tarde, Madruga tornou-se um dos principais responsáveis. 

De analista, Madruga passou a secretário e pouco tempo depois já era diretor do jornal, substituindo no cargo o deputado José Teotonio. No Correio, reuniu o que havia de melhor no jornalismo paraibano e fez do jornal um matutino vibrante e respeitado em toda a comunidade paraibana. Em 1968, implantou a Rádio “Correio da Paraíba”, que funcionou sob o seu comando, no Ponto de Cem Réis, de onde saiu para a Rua Barão do Triunfo, onde o jornal funcionava. 

Com o apoio de Teotonio Neto, que era Deputado Federal, Madruga deixa o jornal e ingressa da política propriamente dita, conquistando o seu primeiro mandato de Deputado Estadual em 1974, pela Aliança Renovadora Nacional - Arena, de que foi secretário­geral pelo período de seis anos, cargo que assumiu também no Partido Democrático Social, desde sua fundação. No seu primeiro mandato foi ainda vice-líder do Governo, e presidente das Comissões de Finanças e Tomadas de Contas, e da Seca, Defesa Civil e Meio Ambiente. Reeleito em 1978, nos quatro anos seguintes assume a liderança da Arena e do PDS nas administrações de Tarcísio Burity e Clóvis Bezerra. 

Em 1983, Soares Madruga é novamente reconduzido à Assembléia Legislativa, desta feita para ser eleito seu Presidente no biênio 83/84, o que lhe permitiu, na administração Wilson Braga, assumir o Governo do Estado, embora pelo curto período de oito dias, entre 24 e 31 de outubro de 1983. Quando deixou a presidência da Casa de Epitácio Pessoa, Madruga foi convocado por Wilson Braga, que vivia um período administrativo muito delicado, para assumir a Secretaria de Comunicação Social do Governo do Estado, cargo que desempenhou com muita eficiência, até porque estava atuando numa área que dominava perfeitamente. 

Falando sobre a sua chegado ao Governo do Estado, Madruga disse que “senti-me compensado por assumir, mesmo que eventualmente, a Chefia do Executivo do meu Estado, devidamente consciente de minha responsabilidade. Para mim a vida pública compensa, sobretudo se o homem tem espírito público, se ele tem realmente vocação e encara a vida pública como uma maneira de participar, de se integrar à vida das comunidades que representa. Então ai está a grande compensação pela vivência de todos os problemas do drama social de que ele participa e também da parte das soluções das questões que constituem os graves problemas da sociedade. Todo homem público que realmente faz carreira e exerce a vida pública por vocação, ele não elimina de suas cogitações o Governo do Estado, embora saiba que é quase um acidente na vida de um homem o exercício da Governança, porque é a disputa de um cargo que só pode ser exercido por uma pessoa, durante um período de quatro anos. Mas, todo homem público que é realmente homem público, e que exerce a uma carreira política, tem que aspirar a isso, do contrário é apenas o ocupante eventual de um mandato eletivo”. 

Soares Madruga foi eleito para um quarto mandato, mas a morte o ceifou no melhor período de sua vida pública, quando ele já era apontado e reconhecido como uma das principais lideranças do Estado, com influência em todos os municípios do Vale do Piancó e em outras regiões da Paraíba, apresentando-se com as melhores chances de conquistar novos e maiores horizontes na vida pública paraibana. Casado com Teogeni Soares Madruga, ele deixou os seguintes filhos: Ana Claudia, Madruga Filho, José Mário e Paulo Márcio. Ele faleceu no dia 14 de dezembro de 1989, no Hospital João XXIII, em Recife, e o seu corpo está sepultado no Cemitério “Mãe de Misericórdia”, em Itaporanga. 

Djaci Farias Brasileiro

A política de Itaporanga sempre foi marcada pela presença de grandes lideranças. Algumas delas, ao longo .dos últimos setenta anos, tiveram posições destacadas porque ultrapassaram as fronteiras municipais e alcançaram posições de destaque na vida pública estadual e nacional. Djaci Farias Brasileiro, ao lado de José Gomes, Praxedes Pitanga, Jonas Leite Chaves, Armando Abílio, Djaci Arruda, François Leite Chaves, Balduino de Carvalho e Soares Madruga, tem conquistado uma grande fatia do eleitorado paraibano, obtendo a cada eleição um número de votos cada vez maior, em todos os municípios do Vale do Piancó, sua principal base eleitoral e na zona do curimatau, onde tem exercido uma liderança firme e eficiente. 

Filho de Raimundo Nonato Brasileiro e Odete Farias Brasileiro, Djaci nasceu no sitio Saco, município de Igaracy, no dia 09 de julho de 1947. Estudou o primário em Aguiar, o secundário em Campina Grande. Concluiu o curso de medicina na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Paraíba, em 1975. Exerceu a profissão inicialmente em Piancó, depois em Igaracy e Itaporanga. Em 1977, já morando em Itaporanga, casou-se com a jovem Katia Lúcia Fonseca Pinto, a primeira mulher a tornar-se prefeita de Itaporanga, de cujo matrimônio nasceram os filhos Júnior, Vanessa e Karina. Djaci ingressou na política em 1982 quando se elegeu Prefeito de Igaracy. Ficou no cargo até 1988. Em 1990 elegeu-se pela primeira vez para a Assembléia Legislativa da Paraíba, reelegendo-se em 1994 e 1998, com votações sempre crescentes. 

A eficiência e a dedicação de Djaci em beneficio dos municípios que representa na Assembléia Legislativa, são destacados por dezenas de administradores públicos, já que ele tem se revelado um incansável batalhador e um intransigente defensor dos projetos de interesse de Itaporanga, do Vale do Piancó, do homem do sertão e do curimatau. Ao longo de sua atuação parlamentar tem demonstrado que é um líder, realmente, preocupado com a sua gente. 

E essa preocupação não tem se manifestado apenas nos bastidores e microfones da Assembleia Legislativa, mas também nas ante-salas e gabinetes oficiais de João Pessoa e Brasília. Antes de ser um político, Djaci Brasileiro é um médico competente, que fez de sua profissão um sacerdócio, atendendo a todos, a qualquer hora, tanto é assim que se tornou um profissional respeitado, amado e reconhecido por toda sociedade itaporanguense, sua principal base de atuação, merecendo igual carinho de muitas outras pessoas dos municípios do Vale do Piancó. 

Falando-se sobre o deputado Djaci Brasileiro é bom enumerar a série de benefícios que ele tem atraído para o Vale do Piancó, vindos dos governos federal e estadual, destacando-se a aprovação e execução de vários projetos de eletrificação rural, ginásio de esportes, casas populares, barragens, poços, passando também pelas áreas de saúde e educação. 
No campo da saúde, destaca-se todo o esforço desenvolvido pelo parlamentar junto a Secretaria de Saúde do Estado, visando a instalação de modernos equipamentos médicos no Hospital Distrital “José Gomes da Silva”, um dos maiores e mais importantes da região e que, já há algum tempo, vem passando por uma série de reformas, culminando com a implantação de um hemocentro, serviço da maior importância para a melhoria das condições de saúde dos pacientes da região. 

Djacyr Cavalcanti de Arruda

Djacyr, é sem dúvidas, o natural de Misericórdia que mais cedo assumiu posições de destaque na vida administrativa do país, chegando a compor o primeiro escalão da equipe de transição do presidente José Sarney, na qualidade de Consultor da Republica, quando este, com a morte de Tancredo Neves, foi empossado na Presidência da Republica, no inicio de 1990, tendo Djacyr desenvolvido um papel preponderante nos primeiros momentos do governo civil que substituiu a regime gerado pela Revolução de Março de 1964. 

Ele ainda não tinha 22 anos de idade e, em 1951, foi eleito deputado à Assembléia Legislativa da Paraíba, onde pontificou até janeiro de 1955. Também, ainda era um jovem de apenas 31 anos de idade quando o presidente Jânio da Silva Quadros o destinguiu com o cargo de Governador do Território Federal do Rio Branco, hoje Roraima, ficando no cargo, de 20 de março a 02 de setembro de 1961, data em que renunciou ao cargo porque o Chefe da Nação abandonou o poder. 

Na fronteira norte do país, Djacyr notabilizou-se pelo número de obras que realizou, pela política moralizadora que implantou no Território, seguindo os princípios básicos que eram irradiados de Brasília, oferecendo à Nação momentos de esperança diante dos atos oficiais que procuravam dar um ar de respeitabilidade e ética aos feitos oficiais que eram aplaudidos por todos porque colocava o Brasil nos caminhos de progresso que mereciam o reconhecimento das principais nações do Ocidente. 

Circunstancialmente, Djacyr não nasceu no Vale. O pai, o major Pedro Cavalcanti de Arruda, um próspero comerciante e proprietário rural preferiu que o filho nascesse num centro maior e que oferecesse mais conforto e segurança à sua mulher, Dona Maria Emilia de Arruda (Dona Sinhazinha). Assim, ele nasceu em Campina Grande, no dia 27 de junho de 1929, mas foi abrir os olhos em Boa Ventura, onde viveu os primeiros anos de sua vida e estudou o curso primário e que diz ser a sua verdadeira terra natal. Djacyr estudou o Clássico no Liceu Paraibano e terminou o segundo grau no Colégio Joaquim Nabuco, em Recife. Foi também na capital pernambucana que fez o seu curso superior, formando-se em Direito pela Universidade do Recife, em 1953. 

Depois dos cargos de deputado estadual e governador de Roraima, Djacyr foi ainda deputado federal pela Paraíba, entre 1962 e 1966. Com a nova ordem estabelecida no país e a extinção dos partidos, deixou a política de lado e só em 1982 voltou à militância disputando um mandato de senador pelo MDB da Paraíba, partido que ajudou a fundar a nível nacional. Anos depois, passou a integrar os quadros do PSDB, mas a sua descaracterização o levou a deixar a legenda e hoje pertence no PSB, o partido de João Mangabeira, como ele costuma dizer. 

Na qualidade de procurador autárquico do ex-IAPC, onde exerceu diversos cargos de chefia, Djacyr especializou-se em Direito Previdenciário, tornando-se um dos mais destacados profissionais com atuação na Paraíba, em Pernambuco e em Brasília, onde, após a sua aposentadoria, instalou um movimentado escritório de advocacia, auxiliados pelos filhos, que o coloca entre os mais procurados advogados na capital federal. 

Casado com Maria de Lourdes Cavalcanti de Arruda, Djacyr tem três filhos e reside em Brasília, mas sempre que pode está em João Pessoa e no Vale do Piancó. Vive sempre antenado com as coisas de seu Estado, principalmente a política. Bem relacionado, é amigo das principais figuras da Nação, o que o torna um interlocutor privilegiado e bem informado sobre o que é de interesse da Nação. 

Jonas Leite Chaves

Foi pelas mãos do médico José Gomes da Silva e do ministro José Pereira Lira que o agrônomo e hoje empresário Jonas Leite Chaves ensaiou os seus primeiros passos na vida política paraibana. Os dois, reunidos no Rio de Janeiro, onde moravam, decidiram que a Família Jenipapo deveria eleger um deputado à Assembleia Legislativa da Paraíba, apoiado por parte do clã que Zé Gomes liderava. O candidato escolhido foi Jonas Leite Chaves que logo surpreendeu os seus patrocinadores, demonstrando capacidade e autonomia para uma carreira solo, fazendo-se a partir dali um político que traçava o seu próprio destino. 

Jonas nasceu na fazenda Castelo, no então distrito de São Boa Ventura, no município de Misericórdia, no dia 29 de março de 1931, filho do proprietário rural João Fiúza Chaves e Maria Ernestina. Fez o primário na escola do professor Lindolfo Ramalho e o secundário em Barbacena, Minas Gerais. Diplomou-se em agronomia pela Escola de Agronomia do Nordeste, em Areia. E fez vários cursos, entre estes um na Fundação Getúlio Vargas. Hoje, radicado em Curitiba, no Paraná, dedica-se a atividades empresariais. 

“Minha vida política - diz Jonas - começou efetivamente em Barbacena, Minas Gerais, onde estudava. Antes da campanha de 1950 participamos ali de movimentos estudantis. Fundamos o PTB e o Centro Cívico Getúlio Vargas e passamos a articular a campanha na região em favor de Getúlio Vargas e Café Filho, candidatos a presidente e vice-presidente da República. A direção estadual do partido nos trasnsferiu a responsabilidade de coordenação do PTB em toda aquela região de Barbacena, Carandaí, Lafayete, até São João del Rey. 

- Depois, participamos da campanha estadual, ao lado da candidatura de Juscelino Kubitschek a governador. Nossa participação nessa campanha decorreu de um fato pitoresco. O governador Milton Campos queria deslocar o colégio estadual de Barbacena para o antigo prédio dos Correios e Telégrafos, para nele instalar a Escola Preparatória de Cadetes. Houve um movimento estudantil contra o deslocamento do colégio e, por conta disso, ingressamos na oposição, com a candidatura de Juscelino Kubitschek”. 

E continuou: 
-Testemunhamos, nessa época, o maior gesto de grandeza política e de democracia que vimos em nossa vida. O governador Milton Campos programou um comício da UDN e nós mobilizamos os estudantes para uma grande concentração com o objetivo de perturbar o comício udeno-governista. A nossa estratégia era pressionar para forçar o governador a recuar no deslocamento do colégio. Fizemos a concentração diante do Clube Barbacenense e marchamos para lá. O governador seria o último orador. Eles falavam da sacada do Solar dos Andradas, na Rua 15 de Novembro. Em nossas provocações, escalamos três oradores, Carlos Simoneti, Afrânio Carvalho e Eu. 

Ao final de nossos discursos de desaforo e provocação, a reação do governador Milton Campos foi dizer-nos que havia determinado ao comandante do 9° Batalhão de Caçadores, da Polícia Militar, que desse toda a proteção e segurança aos estudantes e, além do mais, entrara em entendimentos com a Aeronáutica para que mandasse recolher uma tropa que mandara dirigir-se para o local da concentração estudantil. 

Em seguida, no seu discurso, o governador Milton Campos declarou que, naquele momento, se sentia orgulhoso de ser mineiro, diante do idealismo, do entusiasmo e da coragem daquela mocidade que vinha à praça pública, destemerosa, brava, de peito aberto, lançar o seu protesto contra um ato do governo, e se orgulhava também por ser governador de Minas Gerais e estar assegurando àqueles estudantes todas as garantias necessárias para o exercício da sua cidadania! 

Continuando a sua narrativa, conta Jonas que “eu tinha terminado o curso de engenheiro agrônomo e fui convidado pelo governador Jorge Lacerda para ocupar uma diretoria na Secretaria de Agricultura de Santa Catarina. Trabalhei naquela Secretaria por dez meses e então recebi um telegrama de meu parente José Gomes da Silva, que exerceu o cargo de interventor federal na Paraíba, chamando-me urgente ao Rio de Janeiro. Era um chamado dele e do professor José Pereira Lira, que era o Chefe da Casa Civil do presidente Eurico Gaspar Dutra. Fui ao Rio de Janeiro e procurei-o em sua residência, na Rua Alice, nas Laranjeiras. Ele foi direto ao assunto: estava me chamando para uma missão política. Eu tinha de regressar para a Paraíba e assumir a chefia política da família em Itaporanga e me candidatar a deputado. Isso era uma decisão dele e do professor José Pereira Lira. 

Ponderei que não tinha a política como objetivo. Era um técnico, estava fazendo um trabalho que estava tendo boa repercussão, tanto era assim que já havia sido designado pelo Governo de Santa Catarina para fazer um curso de três anos de Economia e Comunicação nos Estados Unidos, e não podia mais, naquela altura, fugir a esse compromisso. Ele insistiu e então pedi um prazo, ia pensar e no dia seguinte voltaria a falar com ele. 

Fiz então uma relação de todos os parentes dele que poderiam cumprir a missão. Comecei pelo filho dele, Clélio Fiuza Chaves, Ulisses Pinto, François Leite Chaves, meu irmão, que depois foi eleito senador, e levei para ele no dia seguinte. Ele teve a seguinte reação: - Olhe, não quero ver lista. Eu tenho uma razão muito séria para lhe dar essa missão, não vou dizer hoje, mas, um dia, lhe direi. 
Conclusão: eu tive de vir. 

Voltei para Santa Catarina e, lá, já tinha sido designado para representar o Governo num Seminário Interamericano de Eletrificação Rural. Fui para esse seminário e fiz um projeto de eletrificação rural para o Vale de Itajaí. Quando voltei minha esposa veio ter o meu primeiro filho aqui na Paraíba. 

O governador Jorge Lacerda me fez muitas ponderações, garantindo que eu teria em Santa Catarina grandes oportunidades. Tentei ponderar novamente ao Dr. José Gomes da Silva. Ele me disse: - Olhe, isso aí aconteceu também comigo, eu terminei o curso de medicina aqui no Rio de Janeiro e monsenhor Gomes me disse que passasse na casa dele na manhã do dia seguinte, pois queria falar comigo. E a missão que recebi foi a de regressar para a Paraiba e assumir a chefia política da família, a família Jenipapo. Eu era médico, recém-formado, já tinha um emprego, era casado com uma carioca e tive de voltar porque Monsenhor Gomes não abriu mão. 

Voltei, levando a esposa, dona Judite. Chegamos a Itaporanga, Misericórdia naquele tempo, a cavalo, em época de chuva, enfrentando enchentes de rios, o Riacho dos Infernos quase intransponível. E foi assim que entrei na política e cheguei até a governar a Paraíba. 
“Foi assim - afirma Jonas - que entrei na política da Paraíba, no PR do professor José Pereira Lira, cujo presidente era o Dr. Ávila Lins. Candidatei-me a deputado estadual e fiquei na primeira suplência por 23 votos. Tive uma votação expressiva, mas o coeficiente do partido era alto e os seus candidatos tiveram pouca votação, os mais votados fora o Dr. Ávila Lins e eu. 

Depois, o Dr. Praxedes Pitanga, meu parente, convidou­-me para ser candidato pela UDN, com todo o apoio dele. Ele justificou o convite dizendo que José Gomes vivia ausente e não tinha mais eleitores naquela região de Itaporanga. Eu disse a ele: Dr. Pitanga, eu não pedi para ser candidato, relutei muito em aceitar. Agora, não é justo que seja candidato por outro partido, deixando para trás os compromissos que assumi com as forças que votaram em mim. Não sei, se eu aceitasse o seu convite, se eu poderia lhe inspirar confiança. Eu sei que o senhor tem muito mais condições políticas do que eu. Ele me disse: se você não aceitar, vai ser derrotado. Respondi que esse seria o preço de quem queria cumprir com o seu dever de lealdade e de coerência com o partido que me acolhera... Se bem que, nessa época, eu podia mesmo ser da UDN, porque a minha família, ali, comandada pelo Dr. Praxedes Pitanga, na sua maioria era desse partido. 

“Logo depois fui convidado pelo governador Pedro Gondim para dirigir o Departamento da Produção, da Secretaria da Agricultura, cargo a que renunciei quando Pedro Gondim renunciou para ser candidato na campanha de 1960. Eu fiquei com ele, quando do rompimento com o senador Rui Carneiro, que apoiou a candidatura do deputado Janduhy Carneiro. Eleito, Pedro Gondim, voltei para o Departamento da Produção. Carlos Pessoa Filho era o secretário. 

Aí na campanha de 1962 fui novamente candidato a deputado, agora pela UDN de João Agripino, que apoiara Pedro Gondim. Fui dos deputados mais votados em todo o Estado, inclusive um dos mais votados na capital. Com a Revolução de 1964 houve a extinção do pluripartidarismo e foi institui do o sistema do bipartidarismo. Ingressamos na ARENA e fomos eleitos para a legislatura de 1967 a 1971, período em que tivemos a primeira eleição indireta para governador e vice-governador e elegemos, pela ARENA, Ernani Sátyro e Clóvis Bezerra Cavalcante. 

Eu não tive participação direta aqui na Paraíba quando rebentou a Revolução. Encontrava-me no Rio de Janeiro. Ao saber dos acontecimentos, estava em Copacabana e fui para o palácio procurar o governador Carlos Lacerda, com quem fizera amizade. Corriam rumores de que o palácio seria invadido pelo comandante Cândido Aragão. Resultado, entrei e não pude mais sair do palácio. Ofereceram-me até um fuzil, mas agradeci porque já estava armado, com um revólver 38. 

Ainda pela ARENA fui reeleito para a legislatura de 1971 a 1975, quando assumimos a presidência da Assembléia (1971-1972). Fui indicado para presidente por João Agripino e Ernani Sátyro. Havia quatro colegas que queriam o cargo, eram eles os deputados Egídio Madruga, José Lacerda, Assis Camelo e Waldir dos Santos Lima. Eu não estava, pensando em ser presidente, foi uma escolha pessoal deles. 

Sob a minha presidência, a Assembléia Legislativa da Paraiba voltou-se com muita atenção para os problemas econômicos do Estado e realizamos o I Simpósio do Algodão e o I Seminário de Avaliação do Desenvolvimento Agropecuário do Nordeste. Foi também nesse período que o governador Ernani Sátyro aprovou a idéia da construção da nova sede da Assembléia Legislativa, na Praça João Pessoa, no local do antigo prédio do jornal “A União”. A obra foi iniciada na nossa gestão. Deixei o prédio pronto, embora tenha sido inaugurado depois, na gestão do deputado Egídio Madruga. 

Logo que concluiu o mandato, Jonas deixou a política na Paraíba e foi para o Paraná. “Eu fui para o Paraná assumir algumas empresas em que era sócio de meu irmão, François Leite Chaves, que fora eleito senador por aquele Estado. Ele estava muito atarefado no Senado da República e minha colaboração pessoal se fazia necessária. Tínhamos lá o Contour Londrina Shopping Center, que foi o terceiro inaugurado no Brasil e o primeiro shopping center regional. Havia também uma empresa de consultoria e uma incorporadora. 

Também no Paraná fui ainda secretário das Finanças de Londrina durante seis anos. E no Governo Ney Braga fui convidado para dirigir um setor para implantar projetos financiados pelo Banco Mundial. Hoje, dedico-me inteiramente aos negócios, centralizando as minhas atividades na cidade de Curitiba. 

Hoje, como vê, a “Família de Jenipapo” tem também profundas raízes fincadas no Paraná, onde elegeu até senador, coisa que o ministro José Pereira Lira e o governador José Gomes da Silva não haviam previsto. 

Francisco Leite Chaves

Para os seus conterrâneos do Vale do Piancó ele é François, no Paraná e em Brasília, é conhecido por Leite Chaves. Na verdade ele nasceu Francisco, no dia 7 de maio de 1929, no distrito de São Boaventura, então município de Misericórdia. As primeiras noções de leitura e escrita aprendeu na sua terra natal, preparando-se para fazer o exame de admissão em Patos, onde estudou o ginasial. Fez o colegial em João Pessoa e formou-se no Rio de Janeiro pela Faculdade Nacional de Direito, e ali concluiu também o seu Doutorado. 

Profissionalmente e politicamente, Francisco Leite Chaves sempre esteve ligado ao Estado do Paraná, mais precisamente a cidade de Londrina, onde passou a residir em 1958, por força de sua designação para servir ali como advogado do Banco do Brasil. Pela singularidade da região, composta de muitos imigrantes, chegou a patrocinar causas nos Estados Unidos, México, Alemanha e Israel. 

Foi ainda na cidade de Londrina, no ano de 1973, que Leite Chaves ingressou no mundo empresarial, com a inauguração do Com Tour Shopping Center, o primeiro do sul do país e o segundo do Brasil. No ano seguinte, elegeu-se senador pelo Paraná, passando duas legislaturas no Congresso Nacional, o que lhe permitiu ajudar na elaboração da Constituição de 1988. Ainda no Senado teve intensa participação nas Comissões da Casa, sendo o autor do Projeto que deu causa à Lei 8009/90, que tornou impenhorável a casa própria. 

Em Brasília, onde passou a residir, assumiu a Procuradoria Central da Justiça Militar, cargo que há mais de 70 anos foi ocupado por outro paraibano, no caso do presidente João Pessoa. Na capital federal foi ainda professor de Direito Civil e Direito Processual, e atualmente atua como advogado junto aos tribunais superiores, sobretudo no Supremo. Leite Chaves, no entanto, não perdeu suas ligações como o Paraná, pois continua sendo diretor-presidente do Com Tuor Shopping Center. É também no Paraná que reside um dos seus irmãos, o ex-deputado Jonas Leite Chaves. 

Bosco Gaspar

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