quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Misericórdia / Itaporanga - O TERCEIRO LIVRO - Bosco Gaspar

O TERCEIRO LIVRO




Prefeitos e interventores

De como homens e mulheres, ao longo dos últimos 100 anos, assumiram o comando político e administrativo da cidade, e o que cada um fez pelo desenvolvimento social, cultural, econômico, pela saúde e educação do município, contribuindo para que Itaporanga se tornasse uma das mais prósperas comunas do interior paraibano.  

A Política e os Políticos

A vida política em Itaporanga, desde os seus primórdios, sempre foi agitada, com facções bem definidas, lideradas por políticos carismáticos e de grande apelo popular. Foi o médico José Gomes da Silva a primeira grande personalidade da política da cidade, confrontando-se na época com o advogado Praxedes da Silva Pitanga, um jurista irreverente, de muitos fatos, de muitos casos e de muitas estórias. José Gomes foi também o primeira itaporanguense, quando a cidade ainda era Misericórdia, a ocupar o Governo da Paraíba, na qualidade de interventor federal. Afastado da política, o seu espaço foi ocupado por outro médico, o Dr. Balduíno Minervino de Carvalho, também opositor de Pitanga. 

A presença de médicos na política de Itaporanga sempre foi uma constante. A prefeitura, por exemplo, num passado não muito distante, foi ocupada pelos doutores Francisco Clementino de Carvalho e Adailton Téodulo, que realizaram boas administrações, sendo que o primeiro é o responsável pela melhoria da qualidade de vida dos habitantes da cidade, no inicio da década de 60, com a implantação dos serviços de abastecimento d’água e saneamento básico, e a eletrificação urbana da sede do município, com energia fornecida pela hidro-eletrifica de Coremas. O segundo conseguiu com o governador João Agripino Filho a abertura e funcionamento do Hospital Distrital “José Gomes da Silva”, beneficio que a população de Itaporanga esperava há mais de vinte anos 

Depois de José Gomes, Praxedes Pitanga e Balduíno de Carvalho, que foi deputado estadual por seis legislaturas, o político itaporanguense de maior expressão e prestigio estadual foi o jornalista José Soares Madruga, deputado, secretário de Estado, presi
dente da Assembleia Legislativa, cargo que o levou a assumir o cargo de governador. Foi ele o principal responsável pelo grau de desenvolvimento que Itaporanga ostenta na atualidade, abrigando os principais órgãos regionais do Governo do Estado. Hoje, a política de 
Itaporanga tem no deputado Djaci Brasileiro a sua estrela maior, levando-se em consideração a sua densidade eleitoral no município e a liderança que exerce em todo o Vale, estendendo-se de Piancó a Conceição. 

Apesar de ter conquistado a sua emancipação política em 1863, Misericórdia continuou dependendo administrativamente dos poderosos de Piancó, que manobravam com toda a vida do novo município. É que na Paraíba, no século 19, segundo Edmilson Fonseca, não existia a figura do prefeito municipal. As cidades eram administradas por um intendente, que equivalia ao vereador de agora. Em cada cidade era constituído o Conselho Municipal, que era uma instância equivalente às câmaras de hoje. O presidente do Conselho era também o administrador da cidade, sendo que, no final do século 19, Misericórdia foi governada por Hipólito Salviano, natural do sitio Várzea do Padre que foi indicado pela família Leite. 

A figura do prefeito nomeado só começou a existir, segundo ainda Edmilson Fonseca, a partir de 1895, quando o então interventor da Paraíba, o Dr. Álvaro Carvalho, através da Lei 27 de março daquele ano, mas que foi revogada cinco anos depois com a chegada do Dr. José Peregrino de Araújo ao poder. A restauração do cargo de prefeito voltou a acontecer através da lei 221, de 14 de novembro de 1904, com o retorno do Dr. Álvaro de Carvalho ao poder. Mas, foi com a eleição de Álvaro Alvim da Silva para o comando administrativo da cidade que os naturais de Itaporanga assumiam, efetivamente, o comando político e administrativo do município, o que foi reforçado pela chegada de José Brunet Ramalha a chefia do Executivo, em 1921. A partir daí e até o final da ditadura de Vargas, o município foi governado por José Gomes da Silva, Sebastião Gomes da Silva, Praxedes da Silva Pitanga, lrineu Rodrigues da Silva, Antonio Vital Gomes e Marcolino (Sinhozinho) Farias e Hormisda Teodulo da Silva. 

Após a redemocratização do Brasil, na década de 40, passaram pela Prefeitura de ltaporanga vários políticos de larga visão administrativa, como José Barros Sobrinho, Praxedes Pitanga, Sebastião Rodrigues, Abraão Diniz, Francisco Clementino de Carvalho (Paizinho), Sinval Mendonça, Adailton Téodulo, Sinval Pinto, Marleno Barros, Moacir Pinto, João Franco da Costa, Murilo Bernardo, Will Rodrigues, José Silvino Sobrinho, Katia Lúcia Fonseca Pinto Brasileiro, a primeira mulher a administrar a cidade, e, novamente, Will Rodrigues. Cada um dos nossos interventores, prefeitos eleitos e líderes maiores, ao longo dos anos, realizaram obras fundamentais para o progresso do município. Ao todo, de Hipólito até os dias atuais foram 16 interventores e 14 prefeitos eleitos que chegaram à chefia do Executivo itaporanguense. 

Dos líderes maiores, que ocuparam cargos de relevo além das fronteiras do município, merecem destaque as figuras de José Gomes da Silva que, além de prefeito foi deputado federal e interventor da Paraíba, Balduíno Minervino de Carvalho, deputado estadual por várias legislaturas, José Soares Madruga, jornalista, deputado estadual e governador em exercício do Estado, Jonas Leite Chaves, secretário de Agricultura, empresário, deputado estadual e presidente da Assembléia Legislativa, François Leite Chaves, senador pelo estado do Paraná, Djacir Cavalcante de Arruda, deputado estadual, deputado federal e governador nomeado do então território de Rio Branco, hoje, Roraima, Armando Abílio, deputado estadual e federal, e Djaci Brasileiro, deputado estadual. 

José Ramalho Brunet


Brunet não foi apenas um dos mais jovens prefeitos de Itaporanga. Foi também um homem de visão e muito operoso para os padrões da sua época, quando os administradores dispunham de poucos recursos financeiros para a manutenção da máquina oficial. Nascido no Sítio Catolé, município de Misericórdia, no dia 21 de outubro de 1883, ele faleceu aos 48 anos de idade, no dia 10 de maio de 1932, na cidade de São Paulo, onde refugiu-se após a vitória da Aliança Liberal, em 1930, ao tomar conhecimento da derrota do movimento constitucionalista, a cujas tropas pertencia. Filho de Napoleão Carlos Brunet e Maria Ramalho Leite Brunet, casou-se com Julia Leite Brunet e deste matrimonio nasceram os seguintes filhos: Napoleão, Francisco, Carlos, Joazito, Ivo, Eunice, Lucrécia, Carmelita e Cremilda. 

Como administrador de Itaporanga, de 1921 a 1929, José Ramalho Brunet importou da Alemanha um potente motor para o fornecimento de energia elétrica para a iluminação publica e residencial da cidade, sendo que todo o equipamento foi instalado por um mecânico conhecido por Ítalo, especialmente contratado pelo Prefeito. Esse motor funcionou, com algumas interrupções, até o inicio da década de 60, quando a cidade passou a ser servida por energia fornecida pela hidroelétrica de Coremas. Ainda hoje, uma das engrenagens do motor pode ser vista na Praça Frei Martinho, por trás da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Itaporanga. 

Amante das artes, José Ramalho Brunet criou a primeira banda de música da cidade, cuja regência foi entregue ao maestro Batista Siqueira, natural do município de Conceição. Foi também o responsável pela vinda de duas professoras para a cidade, dona Elvira e dona Zulima, que alfabetizaram centenas de crianças e jovens itaporanguenses. Criou o Conselho Municipal que se reunia periodicamente para discutir os problemas da cidade, e construiu o Mercado Público, cujo local deu origem, anos depois, à sede da Prefeitura Municipal de Itaporanga, onde funciona até hoje. 

Preocupado com o urbanismo da cidade, estimulou os donos de imóveis a modernizarem suas residências, melhorando os aspectos das fachadas e construindo calçadas para maior conforto dos transeuntes. José Ramalho Brunet foi eleito pelo sistema de “viva voz”, ou seja, o eleitor dizia aos mesários o nome do seu candidato. 

José Gomes da Silva


Filho de Horácio Gomes da Silva e Maria Barreiro Gomes, membros de tradicionais famílias do Vale do Piancó, José Gomes nasceu no dia 06 de março de 1900, no sitio Minador, nos arredores da cidade de Misericórdia. Fez o curso primário em sua terra natal, ingressando em seguida no Seminário de Fortaleza, permanecendo por alguns anos na capital do Ceará. Voltando a Paraíba, passou a estudar no Liceu Paraibano, onde concluiu o curso secundário. Aprovado no vestibular de medicina da Faculdade da Bahia estudou os primeiros anos do curso universitário em Salvador, mas transferiu­se logo depois para a Universidade do Rio de Janeiro, diplomando-se em medicina em 1927, com apresentação de tese. 

Ainda no Rio de Janeiro casou-se com a carioca Judite Caruso, de descendência italiana, e logo em seguida viajou para a Paraíba, fixando residência em Itaporanga, onde passou a exercer a profissão, salvando vidas e curando os males que tanto afligiam o seus conterrâneos e os sertanejos de um modo geral, já que ele foi um dos primeiros médicos a se instalar na região. A sua competência como profissional da medicina e a maneira fidalga como tratava as pessoas que o procuravam fizeram de José Gomes um profissional respeitável e uma das mais autênticas lideranças que o Vale do Piancó conheceu. Tanto assim que em 1929 era eleito Prefeito de Itaporanga, iniciado ali a sua longa trajetória política e administrativa que atingiu o seu ponto máximo quando foi nomeado Interventor Federal da Paraíba pelo presidente Eurico Gaspar Dutra. 

O Movimento da Aliança Liberal, que eclodiu com a morte do presidente João Pessoa, o encontrou à frente dos seus conterrâneos, todos de armas em punho, prontos para defenderem as suas vidas e a sua terra, e foi imbuído desse propósito que inimigos históricos uniram-se em torno de um objetivo comum, evitando que partidários do perrepismo, representados no sertão pelo coronel José Pereira de Lima, invadissem a cidade de Misericórdia. Dispostos a tudo fizeram recuar cerca de quatrocentos homens que chegaram até os arredores da cidade, mas que tiveram que debandar, haja vista os obstáculos que tiveram que enfrentar. A resistência oferecida por José Gomes e seus comandados foi de tal maneira importante para a vitória dos liberais que o fato mereceu uma longa citação no livro “As Memórias”, de José Américo de Almeida, comandante-em­chefe da Revolução de 30 na Paraíba. 

Durante a sua gestão na Prefeitura Municipal, José Gomes criou escolas e ofereceu assistência médica e social eficientes a população local, no que recebeu a pronta colaboração de Dona Judite, como sua esposa era carinhosamente chamada, pela maneira aberta e sem preconceitos com que tratava a todos. Deixando a chefia do Executivo municipal foi eleito Deputado Federal, o que o levou, em 1934, a retomar ao Rio de Janeiro para exercer o seu mandato que durou até 1937, quando o Congresso Nacional foi fechado em conseqüência do Golpe de Estado do presidente Getúlio Vargas. 

Sem mandato, mas profundamente ligado ao seu povo, José Gomes voltou a Itaporanga para novamente exercer a medicina. Em 1940, no entanto, atendendo a convite do interventor Ruy Carneiro, passa a residir com a família em João Pessoa, sendo distinguido com o cargo de membro do Conselho Administrativo do Estado, onde permaneceu até 1945 quando, por designação do interventor Odon Bezerra, assumiu a Secretaria de Agricultura, Pasta que ocupou até o dia 21 de agosto de 1946. Naquela data tornou-se Interventor Federal na Paraíba, por decreto do presidente Gaspar Dutra, permanecendo ali até o dia 06 de março de 1947. Apesar do pouco tempo em que esteve à frente dos destinos da Paraíba, José Gomes ampliou o Abrigo do Menor “Jesus de Nazaré”, reformou a rede do serviço de energia elétrica da capital, melhorou as linhas de bonde e instalou o Serviço Patológico de Anatomia e Verificação de Óbitos da Paraíba, entre outros. 

Afastado do Governo do Estado, José Gomes voltou a morar no Rio de Janeiro, onde ocupou o cargo de presidente da Companhia Nacional de AIcalis. Três anos depois, em 1950, retoma outra vez a Paraíba, desta feita como Delegado Regional do IPASE. Antes de um ano, no entanto, volta em definitivo para o Rio de Janeiro e assume a chefia da Divisão Médica do Hospital dos Servidores, onde permaneceu até o ano de 1969, quando, por questões de saúde, se aposentou depois de prestar 38 anos de serviços a Nação brasileira. Ele faleceu às 6,00 horas do dia 27 de setembro de 1970, no Rio de Janeiro, deixando viúva Dona Judite Gomes Caruso e órfãos os filhos Filotéia Gomes Ataíde, funcionária do Serviço de Censura e Diversões do Rio de Janeiro e Clélio Gomes, funcionário do IPASE em Brasília, ambos casados, e quatro netos. 

Sobre o Dr. José Gomes da Silva é preciso que se diga que ele não foi apenas um chefe, um líder político. Era um verdadeiro ídolo para os seus conterrâneos, por uma série de razões, inclusive porque era o primeiro itaporanguense a exercer o oficio da medicina na sua cidade, colocando os seus conhecimentos a serviço dos que dele precisavam. Essa verdadeira veneração pode ser medida pelas festas que o povo de Itaporanga promovia quando ele fazia viagens mais longas e demoradas. Quando ele ia ou voltava, a cidade ficava em ebulição. Os homens e mulheres, a maioria seus compadres, vestiam as suas melhores roupas e ficavam em frente a sua casa, hoje Praça Balduino Minervino de Carvalho. Na ida despediam-se acenando com lenços brancos, na volta todos ficavam perfilados, inclusive os alunos do grupo escolar e a banda de música, esperando o grande momento de sua chegada, para cantarem e aplaudirem o hino em seu louvor. Na ida como na volta grandes filas se formavam em torno de sua casa, pois todos queriam apertar a mão do ídolo, do chefe, compadre e irmão. 

Sebastião Gomes da Silva


Sebastião Gomes da Silva substituiu o irmão, José Gomes, no comando administrativo de Itaporanga, quando este foi eleito deputado federal e transferiu suas atividades para o Rio de Janeiro. Filho de Horácio Gomes da Silva e Ana Barreiro Gomes, Sebastião nasceu no dia 20 de janeiro de 1895, dedicando-se logo cedo às atividades agrícolas e pecuárias. Casado com Capitulina Gomes Pimpina, teve os seguintes filhos: Horácio, José, Manuel Gomes Nelito, Hamilton, Maria Eliza Gomes Lopes, Maria de Lourdes Gomes e Maria Zuleide (Leda) Gomes Pinto. 

Na sua administração, que se prolongou até o ano de 1937, foi construído o Grupo Escolar Simeão Leal, hoje escola de primeiro grau, e o Cemitério Mãe de Misericórdia, que ainda se encontra em plena atividade, depois de passar por várias ampliações. O antigo cemitério da cidade funcionava entre as ruas Deputado Soares Madruga, 13 de Maio (antiga Rua da Gaveta), Praxedes Pitanga e a alguns imóveis da Praça do Centenário. No local começaram a ser construídas residências a partir da década de 40 e hoje encontra-se inteiramente ocupado pelos vivos. 

Sebastião Gomes faleceu no dia 14 de julho de 1979, e como prefeito notabilizou-se ainda pelos atos fortes que baixou procurando normalizar a vida da cidade, promovendo, inclusive, a retirada dos animais que perambulavam pelas ruas, causando sérios prejuízos a população. 

Praxedes da Silva Pitanga



Praxedes da Silva Pitanga chegou tarde a escola. Somente aos oito anos tomou contato com um estabelecimento de ensino, mas aos nove já sabia ler, escrever e contar, uma prova cabal de sua enorme capacidade de aprender. Em 1910, frequentando o Colégio Pedro Américo, dirigido pelo professor Manoel Diniz, adquiriu noções de francês, português, história e aritmética, o que lhe serviu, seis anos depois, para fazer os exames preparatórios no Liceu Paraibano, em João Pessoa. Chegou tarde à escola, mas ainda criança demonstrou um extraordinário tino comercial, tanto que antes dos dez anos de idade já negociava com miudezas nas feira de Itaporanga, Boa Ventura e São Paulo, hoje Diamante. 

Entre 1913 e 1914 manteve em funcionamento uma grande casa comercial, no centro da cidade, especializada em miudezas, chapéus, ferragens e estivas. Em 1915, no entanto, teve que liquidar o seu comércio. A seca daquele ano o levou a falência. Até algumas cabeças de gado que possuía teve que vender para pagar aos seus credores de Recife, onde adquiria as mercadorias que vendia. Nos anos de 1917 e 1918 fez os exames preparatórios no Liceu Paraibano e foi aprovado no vestibular da Faculdade de Direito do Recife, onde se matriculou, mas não pode frequentá-la por questões de ordem pessoal e política. É que as autoridades estaduais moviam uma severa campanha contra membros da família Jenipapo e muitos deles tiveram que ir embora, passando a residir no Ceará e no Rio Grande do Norte. Pitanga, no entanto, ficou na Paraíba denunciando seus adversários por todos os meios possíveis. 

Com a chegada de João Pessoa ao Palácio da Redenção pode, finalmente, na companhia de José Gomes da Silva, assumir o comando político do velho município. A esta altura já era bacharel em Direito e uma pessoa bastante conhecida nos meios jurídicos e intelectuais da capital paraibana. O levante de Princesa Isabel o encontrou em Itaporanga, de arma em punho, lutando contra os perrepistas. A sua ação valeu-lhe o cargo de representante do Ministério Público na comissão que apurava o levante dos comandados de José Pereira. De Princesa foi para Alagoa Grande como Promotor de Justiça e dali para ltabaiana. 

Em 1934 rompeu com José Gomes e registrou uma legenda eleitoral, denominada “Reação Cívica”, que elegeu três vereadores. No mesmo ano foi nomeado por Argemiro de Figueiredo para o cargo de Delegado de Ordem Política e Social, recentemente criado. Em 1937 foi nomeado prefeito de Antenor Navarro, hoje São João do Rio do Peixe, onde foi surpreendido com o aparecimento do Estado Novo. Argemiro de Figueiredo passou de Governador a Interventor e, no dia 8 de dezembro daquele ano, o nomeou Prefeito de Itaporanga, onde permaneceu até agosto de 1940, quando Argemiro foi substituído por Ruy Carneiro na Interventoria do Estado. 

Com a redemocratização do país fundou o diretório da UDN em Itaporanga e percorreu as cidades, vilas e povoados do Vale do Piancó defendendo a candidatura de Eduardo Gomes. Em 1946 foi acometido de uma paralisia facial, mas deixou o Hospital São Marcos, em Recife, mesmo sem autorização médica, para participar da campanha em Itaporanga. Ao final conseguiu se eleger Deputado Estadual com uma votação consagradora. Em 1950 foi candidato a Deputado Federal, mas ficou numa suplência. Desligou-se da UDN e passou-se para o PTB de Epitacinho Pessoa. Foi nomeado advogado do Banco do Brasil, mas preferiu ser candidato a Prefeito de Itaporanga, tendo o comerciante Sebastião Rodrigues de Oliveira como candidato a vice. Venceu a eleição derrotando Osmar Mangueira e Chagas Soares. 

Ao assumir a Prefeitura Municipal comprou um trator para conservação das estradas municipais, botou luz nas vilas do município, melhorou o sistema de distribuição de energia da cidade, construiu um grande mercado publico, com 120 por 88 metros, no local do atual, levou um cinema para Itaporanga, construiu mercados em São José do Caiana e Serra Grande, instalou um serviço de alto falante e implantou vários campos de agricultura mecanizada e postos para a distribuição gratuita de medicamentos. Pitanga iniciou as obras de um sodalício onde, anos depois, foi erguido o Itaporanga Clube. 

No seu primeiro mandato construiu um açougue na rua Argemiro de Figueiredo e estabeleceu a remoção do lixo urbano em carroças de tração animal. Foi ainda o responsável pelo novo projeto urbanístico da cidade. As ruas da velha Misericórdia eram todas elas construídas no sentido norte-sul. As novas ruas por ele projetadas são todas no rumo do oeste. Vejam a Getúlio Vargas, a Soares Madruga, a Horácio Gomes, 13 de Maio, São José, Marques do Herval, e outras. Para estimular a construção de prédios nas artérias projetadas ele próprio mandou edificar uma enorme casa, onde hoje funciona a Sétima Região de Ensino, e um dos maiores hotéis do sertão, na Getúlio Vargas. O hotel desapareceu e no terreno foi construído o complexo comercial de Francisco Pinto Brandão e filhos, e a agência do Banco do Nordeste. 

Renunciou ao cargo de Prefeito para ser candidato a Deputado Federal pelo PTB, mas novamente não obteve êxito. Argemiro eleito Senador e Deputado Federal decidiu-se pelo Senado e Pitanga, finalmente, pode ir para o Congresso Nacional. De 1955 a 1958 destacou-se pelas matérias que apresentou, os discursos que pronunciou e as atitudes que adotou nos momentos mais difíceis da vida nacional, como a votação pelo impedimento de Café Filho e Carlos Luz, quando votou contra. Em 1962 tentou voltar à Câmara Federal, ficando numa suplência ao lado de Raimundo Asfora e Arnaldo Lafaiete. Depois deste insucesso revolveu abandonar a política o que fez em 1967, quando voltou à sua condição de Promotor de Justiça, primeiro em Itaporanga, depois de Campina Grande e, finalmente, em João Pessoa. 

Aposentou-se com as honras de Desembargador e com as vantagens financeiras compatíveis ao cargo. A partir daí foi para a sua banca de advocacia, voltando a ser aquele advogado irreverente, corajoso e inteligente que a Paraíba aprendeu a admirar e a respeitar. 

Pitanga era filho de Maximiano de Sousa Conserva e Porfiria Ilovina Conserva da Silva e nasceu no dia 02 de março de 1896, em Itaporanga. Casou-se com Maria Regina Guedes Pereira Pitanga e desta união nasceram Marcelo Maximiano, Frederico Augusto e Maria Alzira. Faleceu no dia 27 de março de 1991, em João Pessoa, e foi sepultado no Cemitério Senhor da Boa Sentença. 

0 comentários:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More