Texto de João Dehon Fonseca
Itaporanga hoje amanheceu mais triste, a Rua da Gaveta (hoje 13 de Maio) amanheceu fechada; no Beco do FOSCO não se acendeu se quer uma luz; Pedro Américo não quis pintar nenhum um quadro, Santos Dumont não fez ensaios aéreos para não atrapalhar a revoada dos Anjos e Arcanjos em direção a terra; Soares Madruga assinou um requerimento à Deus e foi autorizado a organizar uma comitiva com todos os santos do céu para fazer a recepção; Santo Antônio pediu a São José que avisasse a Monsenhor Sinfrônio que ele hoje ia celebrar uma missa.
José Barros Sobrinho encontrou-se com o casal Balduino Minervino de Carvalho e Dona Liquinha que batia um papo com Salomé Pedrosa e Pedro Pereira e juntou ao grupo para buscar Flores (hoje José Augusto de Carvalho), pois apesar de Itaporanga está triste, o céu está alegre e o evento merece Flores. Praxedes Pitanga com sua rara inteligência fez questão de escrever algo e sem cobrar nenhum Tostão (Dandão Severino), pediu a Miguel Morato que chamasse Chagas Soares, Crisanto Pereira, João Pessoa, Deodoro da Fonseca, Professor Alencar e Horácio Gomes para ler sua crônica a respeito do triste evento do dia hoje.
O Major Abdon foi até ao Marquês do Erval para comunicar a notícia e este comunicou a Pinto Madeiro que sendo um dos fundadores da cidade pediu ao Padre Lourenço que fosse ajudar o Monsenhor Sinfrônio na concelebração da Santa missa. O interventor José Gomes da Silva comunicou que a Paraíba sentia muito e que já determinara o Major Serafim a prestar as homenagens que fossem necessárias. Mãe Borrego ao saber da notícia lembrou que havia assistido o nascimento daquele menino e pediu a João Firmino que espalhasse a notícia para que o Major Silvino dos Santos ficasse sabendo e comunicasse a Elvídio Figueredo, a Manoel Moreira Dantas e a Severino Neves.
Na Rua da Pedreira a notícia espalhou depressa e Marcelino Diniz juntou a Manoel Inácio indo os dois fazer uma prece a São João e a São Francisco, e lá na capela encontraram Dr. Manoel Medeiros Maia um dos maiores médicos que Itaporanga já viu e ele constatou que um Acidente Vascular Cerebral matara nosso amigo.
Hoje não é 13 de Maio, hoje é 3 de Fevereiro, Getúlio Vargas nunca vai esquecer esse dia, a família Alves de Carvalho está de luto, nós amigos do velho e querido “Bagaceira” nunca vamos esquecer da irreverência, das formulações de ideias nos bate papos com Cabral na calçada da barbearia de MANECO, ora emitindo opinião precisa, ora ironizando com o debatedor.
Uma voz se cala em Itaporanga, a voz do meu amigo AUDINETE ALVES CARVALHO com quem convivi durante a infância e a adolescência nos ASSUSTADOS da velha Associação Cultural e Recreativa dos Estudantes de Itaporanga – ACREI.
Até breve meu amigo, quero lhe encontrar nos braços de Deus.
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