A Farra do Boi é uma brincadeira de mau gosto que existe em Santa Catarina, onde um bando de imbecis solta touros bravos para correr atrás da multidão. Ainda bem que foi proibida pela justiça e é considerado um crime com pena de até três anos de detenção para quem promove ou participa.
Aqui em Itaporanga existe a Farra dos Nomes de Ruas praticada por muitos dos nossos nobres vereadores. Alguns de nossos edis, não sabem que o papel de um legislador mirim é criar leis que beneficiem os seus munícipes e fiscalizar o poder executivo. Mas, na falta do que fazer, o divertimento mor de muitos deles era trocar nomes de ruas ou prédios públicos, para acalentar o ego de alguns parentes ou amigos.
Ainda bem, que o ilustre vereador José Valeriano da Fonseca, depois de querer trocar o nome do mercado público, que já tinha um nome de um itaporanguense; para se redimir do erro, lançou uma propositura, que hoje é lei, proibindo que fosse mudado nome de qualquer rua, prédio ou logradouro público, quando este já tivesse o nome de um conterrâneo nosso ou uma data histórica.
No entanto, o árduo trabalho dos nossos vereadores não parou por aí. Continuando preocupados em homenagear parentes mortos, na seção realizada no dia 20 de março, Antonio Caetano e Dé Rodão trocaram violentos insultos porque ambos queriam colocar o nome de parentes e uma única artéria de nossa cidade. Parece brincadeira mais é a pura verdade e como diria Boris Casoy: “isto é uma v e r g o n h a“.
Vejam senhores, quanto dinheiro jogamos fora. É repassado mensalmente para a Câmara Municipal de Itaporanga, R$ 32.842,52 e deste montante, R$ 13.325,00 é para o pagamento de vereadores, que recebem cada, um salário líquido de R$ 1.025,00, para trabalharem quatro dias durante o mês e da seguinte forma: Dia 20 de março de 2004 - Depois de acaloradas discursões e xingamentos, foi aprovado o projeto de lei que dá o nome de Sebastião Pedro (Cangula) a uma rua de nossa cidade. A seção foi hilária, chegando ao ponto do vereador autor da propositura, dizer que em oito anos de mandato era a primeira vez que ocupava a tribuna e era por uma causa nobre.
Dia 27 de março de 2004 - Depois de alguns insultos (ainda pela questão da Rua Cangula), foi aprovado o projeto que dá nome ao Posto de Saúde do Conjunto Miguel Morato e um outro que torna de utilidade pública a ASCOBEVI (Associação Comunitária da Bela Vista).
Dia 03 de abril de 2004 - Foi lida por uma funcionária da câmara (E porque não pela ilustre secretária Graça Barreiro?) a ata da seção anterior. Logo depois, por não haver nenhum projeto para discursão, foi aberto o tema livre, quando nenhum dos poucos vereadores presentes quis fazer uso da palavra. O presidente então encerrou a seção que durou exatos 17 minutos.
Dia 10 de abril de 2004 - Sábado de Aleluia, feriado religioso. Ora, pois, se nos dias de expediente normal já não ou pouco trabalham; queriam vocês que eles trabalhassem em um dia Santo? Isto é contra a “religião” de todos eles.
Pelo descrito acima e sendo benevolentes de acharmos que a média de tempo por reunião é de uma hora, os parlamentares mirins de nossa terra trabalhariam quatro horas por mês, saindo o preço da hora “trabalhada” a R$ 256,25 (mais de que um salário mínimo por hora) e isto para aqueles que comparecem a todas as reuniões durante o mês. Pois sabemos que tem vereador que a média de comparecimento é de apenas uma reunião por mês.
Alguns vereadores reclamam da pouca presença de público nas reuniões daquela casa, mas, ir pra câmara fazer o quê? Perder meia hora do horário nobre de um dia de sábado para quê? Presenciar brigas por nomes de ruas. O município e a comunidade têm, e como tem, problemas que mereceriam ao menos, um mínimo de atenção dos nossos representantes; não acham?
Bem disse quem falou: “Cada povo tem o governo que merece”. A culpa de termos um poder legislativo inoperante e onde boa parte não sabe sequer ler uma lei, que dirá fazer. O povo brasileiro escolhe seus representantes por favores pessoais e não pela capacidade que eles têm no trato da coisa pública. É nossa obrigação, ao menos tentar, mudar este quadro.
Itaporanga tem várias dezenas de “ruas projetadas” então porque os ilustres vereadores, para o bem dos moradores destas artérias, não batizam todas elas de uma única vez, em um só projeto? Bastaria, procurar o número real de “projetadas” e dividir pelo número de vereadores que quiserem homenagear parentes mortos. Bem simples e acabaria de vez com a Farra dos Nomes de Ruas!
Do livro: Agnaro Pati
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