sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Um guerreiro da vida; um baluarte da música


Um dos mais legítimos representantes da música genuinamente nordestina, o itaporanguense Alonso Feitosa Vital enche-se de prazer ao falar do ritmo que embalou incontáveis gerações por este Nordeste afora e consagrou nomes como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Marinez, Flávio José e muitos outros artistas populares: o forro pé-deserra é a arte que Alonso compõe,produz e canta.

“Esses ritmos que essas bandas tocam por aí não são forró, apenas foram apelidados de forró, mas eu respeito todos os artistas e cada um faz o que gosta e o que quer. Eu, por exemplo, defendo o forró de raiz, por entender que essa é nossa mais legítima manifestação musical”, diz ele, ao questionar o chamado forró eletrônico, que há quase duas décadas surgiu na região.

Alonso é um guerreiro da vida e da arte musical que conheceu quando ainda era criança. Foi nas ruas de Brasília, para onde foi levado muito cedo pelos pais, que viu e se encantou com o menino Vicente, um garoto de sua idade e que, apesar da deficiência visual, tocava maestralmente a sanfona, e as apresentações na rua lhe rendiam o sustento da família.

Foi nessa época que Alonso começou: tocando triângulo na companhia do garoto Vicente. O engraxate e entregador de jornal apaixonou-se pela música e viu sua vocação desabrochar, talvez uma herança dos seus antepassados familiares. “Meu avô paterno era cantador de coco da cidade pernambucana de Águas Belas”, revela Alonso Feitosa, que é parente próximo do doutor em música Radegundis Feitosa.

Da infância em Brasília aos  dias atuais em Itaporanga, passaramse algumas décadas, mas a música nunca deixou de estar presente na vida de Alonso, apesar da falta de apoio e de oportunidade. Como artista, Alonso Feitosa não se sente valorizado em sua terra. “Só quem pode valorizar a cultura é quem tem cultura, mas, aqui, são poucas pessoas que têm essa capacidade”, desabafa o forrozeiro, ao comentar que “eu não tenho pretensão de ser importante, mas é importante ser valorizado: todo ser humano tem uma
missão, e o que eu quero é continuar levando minha mensagem às pessoas através das músicas que canto”.

Além de cantar, é compositor e poeta. Compôs mais de uma centena de músicas, parte das quais já gravadas por ele e por outros artistas. Alonso está com mais um CD na praça: o quinto de sua trajetória. Neste novo trabalho, músicas próprias e de outros artistas.

“Eu sinto que, aos poucos, as pessoas estão vendo nosso trabalho com bons olhos, nosso CD está tocando nas rádios de toda a região e também está bem aceito em outras regiões do Estado, como Princesa Isabel e Catolé do Rocha”, comenta, e, apesar do esforço e muitos anos de luta no campo musical, nunca conseguiu viver de sua arte: o sustento da família tira da atividade de negociante.

A falta de incentivo e de oportunidade não desestimulam o filho da terra. Alonso tem lutado por espaços e soma algumas conquistas: já se apresentou na TV, fez show no Espaço Cultural em João Pessoa e, o ano passado, foi personagem de um documentário da UEPB (Universidade Estadual da Paraíba) sobre o forró pé-de-serra.

Alonso Feitosa tem belas e criativas composições: Retirante, Amor de Criança, O Grande São Pedro e 500 Anos de Poder são algumas obras de sua lavra. O telefone de contato de Alonso é o 99776509.

Publicado pelo Folha do Vale

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