(Reynollds Augusto)
O percurso foi e sempre será o mesmo ao voltar para casa, depois de visitar a minha mãe estimada. Subo a Rua Soares Madruga, a eterna Pedro Américo da minha Infância querida. O tempo implacável já mudou a paisagem humana e urbana. Não diviso mais sentado sem sua cadeira de balanço o meu querido primo Chico Guimarães e a sua esposa, Dona Toinha, que sempre me dava “umas dicas” interessantes de como se deve viver.
Eita matuto inteligente e experiente!
Não vejo mais sentada em sua cadeira de balanços grande, que tanto serviu de “parque” para a molecada, a inesquecível “Dona Bila”, com seus cabelos brancos, a gritar desaforadamente com a molecada de traquinos da rua abençoada.
- “Mamãe se a senhora for gritar com esses moleques, sempre que eles forem brincar em sua cadeira, vai passar mal e talvez morra. Melhor colocar a cadeira para dentro, quando formos jantar.”
Essa era a voz de ‘Fezinha” sua filha, que partiu antes dela e que nos deixou saudades. Maria da Fé foi de contínuo uma filha prestimosa e sempre tratou com muito amor aquela mãe lutadora, que criara os filhos, sozinha.
Como temos nossos destinos naturais e que fazem parte de nossas construções espirituais e como Deus não joga dados, segundo Einstein, “Fezinha” teve que partir mais cedo e deixou sua mãe “antes do tempo,” vindo a desencarnar, por conta de um Aneurisma cerebral. O fato causou surpresa em toda a vizinhança. Mas a batalhadora mãe, depois do trespasse de Maria da Fé, ainda cuidou por muito tempo de outro filho, deficiente, até o dia de sua partida. Ao partir, o filho não suportou e pouco tempo partiu também.
É sempre assim, estamos sempre partindo e é preciso preparar bem a bagagem que levamos que deve estar na alma, para não despertarmos no mundo espiritual, desamparados. A dica é SER mais e TER MENOS. Viajar sem “bagagem é triste e causa desapontamentos.
Não vejo mais, também, na rua do encanto, os famosos “pés de castanholas”que já se foram. Eles eram os nossos abrigos, esconderijos, pomares, parques de diversão e tantas coisas mais. Serviam de dormida para a passarada, que também se foi. Os azulões e diversas espécies de pássaros, que, na madrugada, cantavam a beleza do dia , cumprimentando o sol que “nascia” majestoso. Castanholeiras, passáros, os seus cantos harmônicos, “era uma ode à vida”. A orquestra da Natureza. Não apreciamos mais por aqui esse espetáculo da existência.
Na mesma rua, hoje Soares Madruga - e diga-se de passagem uma justa homenagem - e no mesmo percurso, encontro o meu amigo PAULO CONSERVA. O Pai de “Navegando no Exílio”. Paulo me fez uma surpresa grande, porque em uma de suas ídas a Brasília ,para reencontrar os amigos e colegas de lutas sociais, bem como estar presente na posse da Presidente Dilma, comprou um livro que eu estava paquerando a muito tempo e que retrata a vida de um outro “guerreiro”, que foi o inesquecível Chico Xavier. O Guerreio do amor, que nos ensinou que a “paciência e a humildade nos fazem mais fortes na vida.” Estou feliz pela lembrança, pelo livro e pelas autas reflexões que ele me possibilitará.
Ao me presentear o livro me fez um dedicatória própria: “ Ao bom irmão Reynollds , o meu agnóstico abraço nesta obra sobre o mestre CHICO XAVIER” .E ainda como um bom historiador que é ,completou “ Misericórdia, março de 2011.
Não preciso dizer que esse livro irei guardar com muito zelo, depois de lê-lo e relê-lo sempre que precisar. Primeiro por ser a obra que retrata a vida de um homem chamado amor e segundo por ter recebido o presente do meu amigo Paulo Coserva, um dos orgulhos de nossa Itaporanga,da Paraíba e do Brasil ,por sua luta incansável pelo bem do nosso país. O seu esforço, a sua garra, a sua firmeza, nos permitiram entrar em mundo novo e de possibilidades, nos legando a nossa democracia que a cada dia se aperfeiçoa, com o aperfeiçoamento da nossa gente.
E é preciso dizer, também, que se não tivesse encontrado a Doutrina Espírita no meu caminho , eu seria também um AGNÓSTICO, pois infelizmente, as muitas religiões que conheci e conheço, não retratam com racionalidade a causa primária de todas as coisas, o grande arquiteto do universo, Alá, Jeová , Deus e todo e qualquer nome que queiram apelidá-lo.
Valeu Paulo, que Deus, o nosso Pai, possa lhe conduzir aos caminhos acertados até a data do retorno. E que continue lhe mostrando o norte, pois a vida não cessa, mesmo depois da morte do corpo físico.
Que tal finalizar esse artigo com uma pérola do Chico: “"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode recomeçar e fazer um novo fim".
PENSE NISSO! MAS PENSE AGORA
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