Inteligente, bem humorado e sempre com uma resposta ou uma alternativa pronta para qualquer ocasião, João Silvino da Fonseca nasceu no dia 22 de novembro de 1899, no sítio Várzea de Saco, filho de Silvino Soares dos Santos e Ana Silvino da Fonseca, descendentes diretos dos fundadores de Misericórdia. Ainda criança veio morar na cidade a fim de frequentar a escola do professor Manoel Diniz. Jovem passou a dedicar-se ao comércio e foi um dos maiores comerciantes de combustíveis e do ramo de estivas do Vale do Piancó.
João Silvino foi também ao longo de sua vida um homem que esteve sempre presente aos grandes acontecimentos em defesa de Miosericórdia, pelo engrandecimento da cidade e melhores oportunidades para sua gente. Foi assim em 1930, quando de armas na mão, defendendo os ideais da Aliança Liberal do Presidente João Pessoa, repeliu o ataque perrepista dos homens do coronel José Pereira, comandados por Pitó Arruda e Manuel Paulino, que queriam incorporar Misericórdia aos domínios da política de Princesa, ocupando o poder político-administrativo do município, já naquela oportunidade de grande importância em todo o sertão paraibano, pela economia e a sua privilegiada posição geográfica. Houve uma luta aguerrida, mas a Coluna Perrepista foi contida e teve que recuar para além das fronteiras da cidade.
Depois da II Guerra Mundial, quando a cidade decidiu construir uma escola para a formação de professores, movimento originalmente integrado pôr Balduíno Minervino de Carvalho, Manoel Inácio, Luiz Guimarães e José Sitônio de Lima. João Silvino estava presente lutando pelo sucesso do empreendimento, que resultou vitorioso, com a conclusão da obra e a formatura de sua primeira turma de professores em 1949. Naquela ocasião o colégio, que recebeu a denominação de “Escola Normal Padre Diniz”, tomou-se o primeiro educandário secundarista do Vale do Piancó, cuja administração foi entregue a madre Bernadete de Jesus, que educou várias gerações de Itaporanga e do Vale do Piancó.
João Silvino casou-se com Adalgisa Téodulo da Fonseca, descendentes da família Fonseca, Soares e Rodrigues, de origens espanhola e portuguesa, de cuja união nasceram: Teogeni, Francinete, Ivete, José e Raimundo. Teogeni, professora, foi casada com o jornalista José Soares Madruga, já falecido, que foi Deputado Estadual, Secretário de Estado e Governador da Paraíba; Francinete, professora servidora da justiça, foi casada cor Francisco de Assis Pinto, também falecido, que foi pecuarista e industrial no Maranhão; Ivete, tabeliã pública da comarca de Itaporanga, foi casada com José Moacir Pinto (ex-prefeito de Itaporanga), proprietário de terras e pecuarista. José Silvino, engenheiro, professor universitário, secretário da Prefeituras de Campina Grande, secretário de Planejamento, Transporte e Recurso Hídricos do Estado, já foi prefeito de Itaporanga, é casado com Maria Sônia Lima Silvino, socióloga e professora secundarista; Raimundo, engenheiro do DER-PB, é casado com Francinete Pinto, servidora pública.
Autodidata, João Silvino da Fonseca esteve sempre as voltas com os livros, gostava de conversar sobre literatura com os mais jovens, principalmente, com os estudantes quando estes chegavam no período de férias. Dispunha de uma boa Biblioteca e os seus autores preferidos eram: José de Alencar, Euclides da Cunha, Castro Alves, Augusto dos Anjos, Padre A. Pereira, Pompilo Diniz, Celso Mariz, José Lins do Rêgo e José Américo de Almeida. Homem simples, mas determinado, João Silvino foi um lutador , um homem que mesmo fora do poder, sempre procurou ouvir e compreender as pessoas que precisavam do seu apoio.
Nos últimos anos de sua vida, dedicou-se a criação de gado, plantação de algodão e uma pequena indústria de beneficiamento de arroz e café. Faleceu no dia 29 de novembro de 1991, em Itaporanga, onde está sepultado.
Revista "Itaporanga, 144 anos de história"
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