segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Personalidades que construíram Itaporanga – José Basílio


José Basílio Alves nasceu no dia 16 de dezembro de 1916, na cidade de Conceição, filho do casal Manoel Basílio Alves e Aurora Alves Neves. Ainda jovem, fixou residência em Itaporanga, casando-se com Maria Francisca Alves, cujo matrimônio teve como fruto seis filhos, criando apenas Herminegilda Alves Costa e Eriogenil Alves. Pouco letrado, José Basílio cursou apenas a primeira série do ensino primário, na Escola do professor Deoceciano Neves, mas seu contato com a “escola da vida” e a busca do saber pelo próprio esforço e dedicação fez com que José Basílio se tomasse um homem de cultura invejável e um grande conhecedor do Direito Civil e dos ensinamentos de Alan Kardec. 

Foi o primeiro no comércio ambulante, em Misericórdia, comprando pão e revendendo ou trocando por ovos e garrafas. Praticava o verdadeiro escambo. A mercadoria, adquirida, no comércio, era transportada em lombos de burros para Campina Grande, onde era feita a venda e a compra de outros produtos. Entre os produtos adquiridos, predominavam os cereais que eram “retalhados” em sua própria residência. Além da atividade comercial, exercia outras atividades paralelas, destacando-se como barbeiro e cambista. Tempos depois, abriu uma padaria, onde atualmente funciona a agência do Multibank. Em seguida, instalou uma “bodega” na sua residência, na Rua Argemiro de Figueiredo e, juntamente com Chico Pinto e Arizinho, tornou-se o comerciante de Itaporanga, no ramo de “bodegas”. 

Nomeado funcionário público estadual, exerceu a função de Carcereiro na Cadeia Pública Municipal, onde dispunha de grande prestigio dos apenados. Para os condenados, José Basílio era o “Pai da Caridade”, pelo tratamento que dava aos presos de outras cidades, que, distante da família, não tinham comida, roupas e, muitas vezes, redes e lençóis, e José Basílio, com o próprio esforço e sustentado na mensagem “é dando que se recebe”, conseguia aos poucos amenizar o castigo dos que pagavam pelas suas injustiças. 

O Centro Espírita funcionou primeiramente na residência do Casal Mauto e Mirian Diniz, 
fundadores na década de 60, onde hoje é a casa 
do comerciante Manoel Juvito, na
Av. Horácio Gomes.
Pela sua dedicação ao trabalho e pela maneira corajosa e independente de lutar em defesa dos manos favorecidos, foi nomeado Defensor Público, cognominado de “Advogado dos Pobres”. Muita audácia e coragem para um homem pouco letrado, José Basílio defendia a tese de que “o homem conhecendo a si, conhecia o mundo” e assumiu a função com grande convicção e predestinado a defender àqueles que a sociedade colocavam à margem da humanidade. Viajou a Campina Grande e, com recursos próprios, adquiriu o Código Civil Brasileiro, o Código Penal Brasileiro e outros livros jurídicos.

As pessoas não acreditavam que o
sucesso pudesse acontecer e, no primeiro júri, em que José Basílio foi atuar, juntou uma turma de estudantes com a intenção de vaiá-lo, mas, no momento em que o Juiz concedeu a palavra à Defensoria, silenciaram e reconhecendo a capacidade do “Advogado dos Pobres”, o aplaudiram de pé. Aprofundou-se tanto, nos seus estudos jurídicos, que era procurado pelos universitários de Direito, para fomecer-lhes informações e tirar dúvidas no âmbito das leis. Exerceu, ainda, a função de Juiz de Menor (Fiscal da Infância e Juventude), sendo bastante respeitado pela população, graças ao trabalho competente e à dignidade no reconhecimento da atividade. 

José Basílio, ao lado de Femão Dias, Titico Pedro e outros, fundaram o Centro Espírita Jesus de Nazarth, que funcionou na Rua Argemiro de Figueiredo e, atualmente, tem sua sede na Rua Francisco Bidô da Silva. No Centro Espírita foi Presidente por vários anos e se destacou, nas suas atividades pelo Natal das Crianças Carentes e por outras atividades de caridade desenvolvidas, na comunidade itaporanguense. José Basílio apresentava na Emissora Cruzeiro do Sul, de  propriedade de Crispim Pessoa, o programa “Momento Espírita”. No dia 19 de janeiro de 1995, a cidade comoveu-se com o falecimento do homem que muito contribuiu para o engrandecimento de Itaporanga. Deixou para a cidade um grande legado: “Fora da caridade não há salvação”. 

Revista "Itaporanga, 144 anos de historia"

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