terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Moradores de avenida histórica de Itaporanga não têm sossego com esgoto estourado

Um prejuízo para a saúde e para o bolso


Por Isaías Teixeira/Folha do Vale - Um problema no registro de uma caixa de regulação voltou a provocar o transbordamento dos dejetos de Itaporanga que são absorvidos por outra caixa, a de passagem, que ficam na Avenida Padre Lourenço, uma das mais antigas da cidade, causando fedentina e revolta de moradores e transeuntes. Um desses moradores é Miguel Izidro (foto), que, além de sofrer com o mau cheiro do esgoto na porta de casa, também está tendo prejuízo financeiro com um imóvel posto para locação.

É que, por conta do esgoto e do fedor constantemente exalado, ele está tendo dificuldade em alugar um apartamento localizado no prédio em que reside. “O último morador saiu porque não aguentava mais conviver com tanta fedentina”, afirmou o dono do imóvel, que também já adoeceu várias vezes em razão da falta de saneamento básico. Mal-estar também para as centenas de estudantes que frequentam diariamente o polo da UFPB Virtual, uma escola infantil e o Diocesano, que funcionam na avenida.

A questão já dura mais de duas semanas, mas a Cagepa local, que é responsável pelo esgoto, ainda não buscou solucioná-la, apesar de já ter tomado conhecimento da situação, segundo informações dos próprios moradores, que temem passar o Natal e réveillon cheirando fezes.

É constante a quebradeira de equipamento nas duas caixas que são responsáveis pela regulação e bombeamento dos esgotos da cidade para a unidade coletora, aqui chamada de Lagoa, que recebe os dejetos de toda a zona urbana local. Quando não é a caixa de regulação, é a caixa de passagem que para de funcionar, esta última por falhas frequentes em uma bomba. E, quando ocorre, a artéria urbana inteira e ruas adjacentes são tomadas por dejetos, como está acontecendo agora.

Há cerca de três semanas, a Cagepa, por meio de uma empresa terceirizada, esteve trabalhando em um projeto que destina mudar o itinerário dos esgotos que seguem até a lagoa. A ideia principal é fazer com que os dejetos não passem por debaixo das residências e, assim, evitar transtornos futuros ainda maiores. Para tanto, parte da Padre Lourenço teve que ser quebrada e canos colocados, mas as obras, sem nenhuma explicação, foram abandonadas. O resultado é que, além dos esgotos, a avenida está interditada em um sentido, com pedra e terra por todo canto, e ninguém sabe quando os serviços serão retomados.

As caixas de regulação e de passagem ficam em frente ao polo universitário da UAB e a poucos metros de uma escola infantil; do 13º Batalhão de Polícia Militar; do prédio onde funciona o jornal Folha do Vale e a Fundação José Francisco de Sousa; e de uma distribuidora de bebidas.

Não apenas por ser caminho obrigatório para essas instituições e empresas, a Padre Lourenço também é uma das avenidas mais movimentadas da cidade porque é nela que está localizada a Igreja do Rosário, um marco histórico da povoação local, e passagem dos cortejos fúnebres para o cemitério.

Apesar de toda essa importância para a cidade, a avenida não tem o respeito que merece, e, mesmo sem ver o retorno do poder público, seus moradores continuam pagando taxa de esgoto cara. Mas a falta de saneamento básico na Padre Lourenço não é um caso isolado dos itaporanguenses. A periferia e outros trechos centrais da cidade, como a Avenida Getúlio Vargas, o coração econômico do Vale, estão infectadas por esgotos, um agravante a mais para a proliferação de insetos, doenças e mal-estar.

Publicado pelo Folha d Vale em 16-12-2014

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