sábado, 20 de dezembro de 2014

Personalidades que construíram Itaporanga – José Gomes


Filho de Horácio Gomes da Silva e Maria Barreiro Gomes, membros de tradicionais famílias do Vale do Piancó, José Gomes nasceu no dia 06 de março de 1900, no sítio Minador, nos arredores de Misericórdia. Fez o curso primário em sua terra natal, ingressando em seguida no Seminário de Fortaleza, permanecendo pôr alguns anos na capital do Ceará. Voltando a Paraíba, passou a estudar no Liceu Paraibano, onde concluiu o curso secundário. Aprovado no vestibular de medicina da Faculdade da Bahia estudou os primeiros anos do curso universitário em Salvador, mas transferiu-se logo depois para a Universidade do Rio de Janeiro, diplomando-se em medicina em 1927. 

Ainda no Rio de Janeiro casou-se com a carioca Judite Caruso, de descendência italiana, e logo em seguida viajou para a Paraíba. Fixando em Itaporanga, onde passou a exercer a profissão, salvando vidas e curando os males que tanto afligiam os seus conterrâneos e os sertanejos de um modo geral, j á que ele foi um dos primeiros médicos a se instalar na região. A sua competência como profissional da medicina e a maneira fidalga como tratava as pessoas que o procuravam logo fizeram de José Gomes um profissional respeitável e uma das mais autênticas lideranças que o Vale do Piancó conheceu. Tanto assim que em 1929 era eleito Prefeito de Itaporanga, iniciando ali a sua longa trajetória política e administrativa que atingiu o seu ponto máximo quando foi nomeado Interventor Federal da Paraíba pelo presidente Eurico Gaspar Dutra. 

O movimento da Aliança Liberal, que eclodiu com a morte do presidente João Pessoa, o encontrou à frente dos seus conterrâneos, todos de armas em punho, prontos para defenderem as suas vidas e as sua terra. E foi imbuído desse propósito que inimigos históricos uniram-se em tomo de um objetivo comum, evitando que partidários do perrenpismo, representados no sertão pelo coronel José Pereira de Lima, invadissem a cidade de Misericórdia. Dispostos a tudo, fizeram recuar cerca de quatrocentos homens que chegaram até os arredores da cidade, mas da cidade, mas que tiveram que debandar, haja vista, os obstáculos que tiveram que enfrentar. A resistência oferecida por José Gomes e seus comandados foi de tal maneira importante para a vitória dos liberais que o fato mereceu uma longe citação no livro “As Memórias”, de José Américo, comandante em chefe da Revolução de 30 na Paraíba. 


Durante a sua gestão na Prefeitura Municipal, José Gomes da Silva criou escolas e ofereceu assistência médica e social eficientes a população local, no que recebeu a pronta colaboração de Dona Judite, como a sua esposa era carinhosamente chamada, pela maneira aberta e sem preconceitos com que tratava a todos. Deixando a chefia do Executivo municipal foi eleito deputado federal, o que o levou, em 1934, a retomar ao Rio de Janeiro para exercer o seu novo mandato que durou até 1937, quando o Congresso Nacional foi fechado em conseqüência do Golpe de Estado do presidente Getúlio Vargas.

Sem mandato, mas profundamente ligado ao seu povo, José Gomes voltou a Itaporanga para novamente exercer a medicina. Em 1940, no entanto, atendendo a convite do interventor Ruy Carneiro, passa a residir com a família em João Pessoa, sendo distinguido com o cargo de membro do Conselho Administrativo do Estado, onde permaneceu até 1945 quando, por designação do interventor Odon Bezerra, assumiu a Secretaria de Agricultura, pasta que ocupou até o dia 21 de agosto de 1946. Naquela data tomou-se Interventor Federal da Paraíba, pôr Decreto do presidente Gaspar Dutra, permanecendo ali até o dia 06 de março de 1947. Apesar do pouco tempo em que esteve à frente dos destinos da Paraíba, José Gomes da Silva ampliou o Abrigo do Menor "Jesus de Nazaré", reformou e rede de energia elétrica da capital, melhorou as linhas de bonde e instalou o Serviço Patológico de Anatomia e Verificação de Óbitos da Paraíba, entre outras obras. 

Afastado do Governo do Estado, José Gomes da Silva voltou a morar no Rio de Janeiro', onde ocupou o cargo de presidente da Companhia Nacional de Álcalis. Três anos depois, em 1950, retoma outra vez a Paraíba, desta feita como Delegado Regional do Ipase. Antes de um ano, no entanto, volta em definitivo para o Rio de Janeiro e assume a chefia da Divisão Médica do Hospital dos Servidores, onde permaneceu até o ano de 1969, quando, pôr questões de saúde, se aposentou depois de prestar 38 anos de serviços a Nação Brasileira. Ele faleceu às 6h do dia 27 de setembro de 1970, no Rio de Janeiro, deixando viúva Dona Judite Gomes Caruso e órfãos os filhos Filotéia Gomes Ataíde, funcionária do serviço de Censura e Diversões do Rio de Janeiro, e Clélio Gomes, funcionário do Ipase em Brasília, ambos casados e com quatros netos. 

Sobre o Dr. José Gomes da Silva é importante que se diga que ele não foi apenas um chefe, um líder político. Era um verdadeiro ídolo para os seus conterrâneos, inclusive porque era o primeiro itaporanguense a exercer o oficio da medicina na sua cidade, colocando os seus conhecimentos a serviço dos que dele precisavam. Essa verdadeira veneração pode ser medida pelas festas que o povo de Itaporanga fazia quando ele fazia viagens mais longas e demoradas. Quando ele ia ou voltava, a cidade ficava em ebulição. Os homens e mulheres, a maioria seus compadres, vestiam as suas melhores roupas e ficavam em frente a sua casa, na hoje Praça “Balduíno de Carvalho”. Na ida despediam se acenando com lenços brancos, na volta todos ficavam perfilados, inclusive os alunos do grupo escolar e a banda de música, esperando o grande momento de sua chegada, para aplaudirem e cantar o hino em seu louvor. Na ida como na volta grandes filas se formavam em tomo de sua casa, pois todos queriam apertar a mão do ídolo, do chefe, compadre e irmão. 

Revista "Itaporanga, 144 anos de história"

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