quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Personalidades que construíram Itaporanga


Abdon Guimarães nasceu na Vila de Misericórdia Velha no dia 24 de novembro de 1870, era filho de Pedro da Costa Guimarães e de lnácia Leite, sendo o quarto de uma família de nove irmãos. Ainda jovem, com apenas oito anos de idade, transferiu-se na companhia dos pais de sua terra para a cidade de Triunfo (PE) matriculando-se no Colégio Selasiano ali existente, onde adquiriu, inclusive, noções de latim e Francês, conhecimentos que lhe foram de grande valia na sua formação profissional.

Os de sua geração e aqueles das gerações que se seguiam o conheciam apenas pôr Major Abadon, patente que era atribuída àquelas pessoas de mais destaque na vida de cada comunidade, tanto no século 19 como no século passado. Mas a patente tinha, na verdade, por ser Major da Guarda Nacional, homem culto e estudioso, conhecedor do Latim e do Francês, o que de certa forma lhe dava um determinado destaque naqueles rincões sertanejos. E Abdon Leite da Costa Guimarães foi uma personalidade marcante na vida de Misericórdia, primeiro pela sua reconhecida capacidade intelectual e o seu vasto conhecimento hurnanístico e, ainda, pelas posições que ocupou naquela que é hoje a mais importante cidade do Vale do Piancó. 


O seu avô materno era português da cidade de Guimarães e membro de uma família tradicional, possuidora de armas e brasão. Veio para o Brasil acompanhado de dois irmãos, fixando residência em Recife (PE), onde iniciou-se no comércio de gado. Como aquela atividade mercantil não estava lhe destinando os lucros esperados, resolveram os três, aconselhados por um amigo, viajar pelo sertão nordestino a procura de um pouso mais tranqüilo e lucrativo. A escolha terminou recaindo sobre a Vila de Misericórdia, que se fazia próspera e importante em toda a região. 

Já com residência fixa no Vale do Piancó, o avô do major Abdon casou-se com uma integrante da família Leite, uma das mais prestigiosas do sertão paraibano. Um de seus filhos, de nome Pedro, tomou-se professor e, por concurso, conquistou o direito de fundar uma escola em Misericórdia, que se tomou o primeiro estabelecimento de ensino da cidade, sendo responsável pela formação cultural da maioria dos jovens de sua época. 

Mirando-se pelo exemplo do pai, Abdon Guimarães notabilizou-se pela sua reconhecida bagagem cultural e integridade moral, qualidades que levaram-no a se tomar o primeiro Tabelião Público de Itaporanga, o que o transformou num consultor de advogados, juízes e promotores, que por dezenas de anos habitaram a Comarca de Misericórdia e distribuíram justiça pôr todo o Vale do Piancó. 

Abdon Leite da Costa Guimarães era possuidor do único cartório da cidade, este que, em razão de sua aposentadoria, anos mais tarde, fora desmembrado em três, passados: um para Hormisda Téodulo da Silva que por sua vez, também ao se aposentar, transferira para a sobrinha Maria Ivete da Fonseca Pinto; um segundo para Irineu Rodrigues da Silva, atualmente sob propriedade do filho Irineu Rodrigues Júnior; e um terceiro, para José Barros Sobrinho, cuja propriedade, hoje em dia, está sob o comando de Alberto Barros (Beto). 

Abdon Leite da Costa Guimarães casou-se aos 24 anos de idade, com Maria Amélia de Souza, com quem teve nove filhos. Ficou viúvo ainda jovem e terminou cansando-se em segunda núpcias com Capítulina Celina de Souza. O casal teve três filhos. Quando faleceu no dia 06 de abril de 1956, o major Abdon havia se tomado uma das figuras mais queridas e admiradas de Itaporanga, não só pôr sua elegância e o seu cabedal de conhecimentos, mas pelo legado às gerações de itaporanguenses que se seguiram.

Revista "Itaporanga, 144 anos de história"

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