Praxedes da Silva Pnanga chegou tarde à e cola. Somente aos oito anos tomou contato com um estabelecimento de ensino, mas aos nove já sabia ler, escrever e contar, uma prova cabal de sua enorme capacidade de aprender. Em 1910, frequentando o Colégio Pedro Américo, dirigido pelo professor Manoel Diniz, adquiriu noções de francês, português, história e aritmética, o que lhe serviu, seis anos depois, para fazer os exames preparatórios no Liceu Paraibano, em João Pessoa. Chegou tarde a escola, mas ainda criança demonstrou um extraordinário tino comercial, tanto que antes dos dez anos de idade já negociava com miudezas nas feiras de Itaporanga, Boa Ventura, e São Paulo, hoje Diamante.
Entre 1913 e 14 manteve funcionando uma grande casa comercial no centro da cidade, especializada em miudezas, chapéus, ferragens e estivas. Em 1915, no entanto, teve que liquidar o seu comércio. A seca daquele ano o levou a falência. Até algumas cabeças de gado que possuía teve que vender para pagar aos seus credores de Recife, onde adquiria as mercadorias que vendia. Nos anos de 1917 e 1918 fez os exames preparatórios no Liceu Paraibano e foi aprovado no vestibular da Faculdade de Direito do Recife, onde matriculou-se, mas não pôde frequentá-la por questões de ordem pessoal e política. É que as autoridades estaduais moviam uma severa campanha contra membros da família Jenipapo e muitos deles tiveram que ir embora, passando a residir no Ceará e no Rio Grande do Norte. Pitanga, no entanto, ficou na Paraíba denunciando seus adversários por todos os meios possíveis.
Com a chegada de João Pessoa ao Palácio da Redenção pode, finalmente, na companhia de José Gomes da Silva, assumir o comando político do velho município. A esta altura já era bacharel em Direito e uma pessoa bastante conhecida nos meios jurídicos e intelectuais da capital paraibana. O levante de Pirncesa Isabel o encontrou em Itaporanga, de arma em punho, lutando contra os perrepistas. A sua ação valeu-lhe o cargo de representante do Ministério Público na comarca que apurava o levante dos comandados de José Pereira. De Princesa foi para Alagoa Grande como Promotor de Justiça e dali para Itabaina.
Em 1934 rompeu com José Gomes e registrou uma legenda eleitoral, denominada “Reação Cívica”, que elegeu três vereadores. No mesmo ano foi nomeado por Argemiro de Figueiredo para o cargo de Delegado de Ordem Política e Social, recentemente criado. Em 1937 foi nomeado prefeito de Antenor Navarro, hoje São João do Rio do Peixe, onde foi surpreendido pelo surgimento do Estado Novo. Argemiro de Figueiredo passou de Governador a Interventor e, no dia 8 de dezembro daquele ano, o nomeou prefeito de Itaporanga, onde permaneceu até agosto de 1940, quando Argemiro foi substituído por Ruy Carneiro na Interventoria do Estado.
Com a redemocratização do pais, fundou o diretório da UDN em Itaporanga e percorreu as cidades, vilas e povoados do Vale do Piancó defendendo a candidatura de Eduardo Gomes. Em 1946 foi acometido de uma paralisia facial, mas deixou o Hospital São Marcos, em Recife, mesmo sem autorização médica para participar da campanha em Itaporanga. Ao final conseguiu se eleger deputado estadual com uma votação consagradora. Em 1950 foi candidato a Deputado Federal, mas ficou numa suplência. Desligou-se da UDN e passou-se para o PTB de Epitacinho Pessoa. Foi nomeado advogado do Bando do Brasil, mas preferiu ser candidato a Prefeito de Itaporanga, tendo o comerciante Sebastião Rodrigues de Oliveira como candidato a vice. Venceu a eleição derrotando Ornar Mangueira e Chagas Soares.
Ao assumir a Prefeitura Municipal comprou um trator para conservação das estradas municipais, botou luz nas Seis vilas do município, melhorou o sistema de distribuição de energia da cidade, construiu um grande mercado público, com 120 por 88 metros, no local do atual, levou um cinema para Itaporanga, construiu mercados em São José de Caiana e Serra Grande, instalou um serviço de alto falante e implantou vários campos de agricultura mecanizada e posta para a distribuição gratuita de medicamentos. Pitanga iniciou as obras de um sodalício onde, anos mais tarde, foi erguido o Itaporanga Esporte Clube.
No seu primeiro ano de mandato construiu um açougue público na Rua Argemiro de Figueiredo e estabeleceu a remoção do lixo urbano em carroças de tração animal. Foi ainda o responsável pelo novo trajeto urbano da cidade (foto abaixo). As ruas da velha Misericórdia eram todas elas construí das no sentido norte-sul. As novas ruas por ele projetadas são todas no rumo do oeste. Vejam a Getúlio Vargas, a Soares Madruga, a Horácio Gomes, 13 de Maio, São José, Dr. Manoel Medeiros Maia e outras. Para estimular de prédios nas artérias projetadas ele próprio mandou edificar uma enorme casa, onde hoje funciona a sede do Caps, e um dos maiores hotéis do sertão, na Getúlio Vargas. O hotel desapareceu e no terreno foi construído o complexo comercial de Francisco Pinto Brandão e filhos, onde atualmente está localizado o Lojão Rio do Peixe, e a agência do Banco do Nordeste.
Pitanga renunciou ao cargo de prefeito para ser candidato a Deputado federa pelo PTB, mas novamente não obteve êxito. No entanto, Argemiro de Figueiredo eleito Senador e Deputado Federal decidiu-se pelo Senado e Pitanga, finalmente, pode ir para o Congresso Nacional. De 1955 a 1958 destacou-se pelas matérias que apresentou, os discursos que pronunciou e as atitudes que adotou nos momentos mas difíceis da vida nacional, com a votação pelo impedimento de Café Filho e Carlos Luz, quando cotou vontra. Em 1962 tentou voltar à Câmara Federal, ficando numa suplência ao lado de Raimundo Asfora e Arnaldo Lafaiete. Depois deste insucesso resolveu abandonar a política o que fez em 1967, quando voltou á sua condição de Promotor de Justiça, primeiro em Itaporanga depois em Campina Grande e, finalmente, em João Pessoa.
“A escada de subir [ao poder] aqui em Itaporanga, eu guardo dentro do meu muro. Só sobe por ela quem eu determinar”.
Aposentou-se com as honras de Desembargador e com as vantagens financeiras compatíveis ao cargo. A partir daí foi para sua banca de advocacia, voltando a ser aquele advogado irreverente, corajoso e inteligente que a Paraíba aprendeu a admirar e a respeitar. Pitanga era filho de Maximiano de Sousa Conserva, ex-seminarista pernambucano que se instalara em Misericórdia, em matrimônio com a filha do Capitão da Guarda Nacional, João Severino da Silva, a senhora Porfiria Ilovina Conserva da Silva e nasceu no dia 02 de março de 1896, em Itaporanga. Casou-se com Maria Regina Guedes Pereira Pitanga e desta união nasceram Marcelo Maximiano, Frederico Audgusto e Maria Alzira. Praxedes Pitanga, que era advogado de profissão, faleceu no dia 27 de março de 1991, com mais de 95 anos de idade, em João Pessoa, e foi sepultado no Cemitério Senhor da Boa Sentença.
Revista "Itaporanga, 144 anos de história"
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